Sábado, 11 de outubro de 2014 - 10h59
FOTO MURILO VALENTE / IVO FEITOSA
1. O resultado do primeiro turno das eleições para governador fechou pau a pau. O governador Confúcio Moura, em busca da reeleição, obteve uma votação muito baixa. Do mesmo modo, seu principal oponente, o ex-senador Expedito Junior. Ambos foram nivelados por baixo pelo eleitorado.
Diante dessa inundação vazia emergem alguns questionamentos que, certamente, o governador, e/ou, sua assessoria mais próxima jamais se darão ao trabalho de responder. Mas essas questões insistem em aparecer.
A primeira delas tem a ver com a entrevista confuciana que o governador Confúcio deu na TV na manhã de terça-feira, 8. Ao ser perguntado sobre sua estratégia para esse segundo turno, ele respondeu sem titubear: “minha estratégia é não ter estratégia”. Prego batido, ponta virada. O candidato Confúcio Moura vai para o segundo turno sem nenhum planejamento de campanha. Sem estratégia de reeleição. É do jeito que der e vier. Como pode um governador, candidato a uma disputa de segundo turno, não ter estratégia nenhuma? Isso não vira. Não dá liga.
2. Segundo questionamento: como pode um governador, com quase quatro anos de gestão, quase perder para um oponente que acabou de sair de uma condenação e teve o mandato cassado por compra de voto? Sem tirar os méritos do candidato Expedito Junior, fica-se com a impressão que o governador Confúcio Moura esteve ausente do seu próprio governo.
Terceiro: como pode um governador, candidato à reeleição em um estado com 52 municípios, perder em trinta e dois desses municípios?
Quarto questionamento: o que espera um governador, candidato à reeleição, que perde, aproximadamente, em 98% dos municípios de sua principal base eleitoral? Confúcio Moura, como se sabe, tem seu reduto eleitoral em Ariquemes, com expansão à chamada Grande Ariquemes, que compreende Alto Paraíso, Rio Crespo, Monte Negro, Buritis, Campo Novo, Cacaulândia, Machadinho do Oeste e Vale do Anarí. Pois bem. Ele perdeu em todos esses municípios. Qual era sua estratégia de campanha no primeiro turno? Vai saber. Se ele diz que não terá para o segundo, certamente não teve no primeiro. Isso não vira. Não dá liga.
3. Se o governador - que não diz não ter estratégia de campanha - tivesse uma, apenas uma, ele estaria em maus lençois a começar pelos deputados estaduais eleitos. Senão, vejamos: dos vinte e quatro, nove são de sua coligação, nove da do candidato Expedito Junior, quatro do grupo cassolista e dois petistas. Para formar uma estratégia com essa base, ele terá muitas, mas muitas dificuldades. Dos oito deputados federais eleitos, cinco são da base governista, dois ligados ao candidato Expedito Junior e um ao grupo cassolista. Se Confúcio Moura não tem estratégia para a campanha do segundo turno, como afirmou, sua lógica está errada, ou tem tudo para dar errado, ou, como ele deve supor, vai dar liga, vai virar. Mas não foi o que se viu no primeiro turno. No último debate, o filósofo Confúcio Moura deu lugar ao cowboy Confúcio Moura, Estava agressivo, pronto para um duelo. Parecia estar fora do seu ambiente. Pareceu perdido no próprio espelho.
4.O governador não avaliou – até porque não planeja, não tem estratégia – que seus adversários, Expedito Junior, Jaqueline Cassol, Padre Ton e Pimenta de Rondônia, estavam sendo analisados como candidatos. Ele não. Ele estava sendo julgado por suas ações e omissões enquanto ocupante do maior cargo político do estado de Rondônia. Observe-se o resultado: Confúcio obteve 35,88% dos votos e Expedito Junior 35,42%. Nivelou, por baixo. Isso, traduzido em votos na urna dá uma pequena e perigosa diferença de 3.657 votos em seu favor. Por sua vez, os demais candidatos obtiveram 230.805 votos, sem contar brancos, nulos e abstenções. Quer dizer: se o governador não tem estratégia nenhuma, como poderá conhecer o rumo tomarão esses potenciais eleitores no segundo turno? Sem estratégia, como poderá saber o que farão esses eleitores que disseram não a ele e ao seu oponente?
5. Tem uma história para contar aqui. “Nas eleições de 1994, os dois finalistas foram Valdir Raupp e Chiquilito Erse, o “simples e o “chic”. O “chic” negou-se a fazer campanha em municípios pequenos, na época o estado tinha 40 municípios e 23 desses eram – e ainda são - pequenos. O “chic” só se deu ao luxo de fazer comícios em municípios grandes. De repente, a bomba. Os pequenos lhe voltaram as costas e o “simples” ganhou as eleições”. Fim da história. Agora a história é outra, mas pode ser repetida. Este pode não ser o caso do governador-candidato. Mas ele tem que ter uma estratégia para saber por que isso aconteceu. O que fazer? O que dizer a esse eleitorado de sua microrregião e das demais onde ele foi derrotado? Seja como for, tem muito município pequeno, principalmente em sua micro e macrorregiões, cujo eleitorado está querendo tirá-lo da cadeira.
6. Este artigo é um alerta ao governador: seu adversário, ao que parece tem uma estratégia. E está muito bem articulado. Pode virar. Pode dar liga.
Historiador e analista político*
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