Terça-feira, 19 de abril de 2022 - 11h04
A entrevista da semana é com o acadêmico Walter
de Oliveira Bariani, membro da Academia Rondoniense de Letras, Ciências e Artes
− ARL, onde ocupa a cadeira nº 10, cujo patrono é o historiador Esron Penha de
Menezes. Bariani é também Grão Mestre ad Vitam da Grande Loja Maçônica do
Estado de Rondônia (GLOMARON).
1. ARL - Pelo seu nome a
gente desconfia que você descende de família italiana, afinal quem é e de onde
veio Walter Bariani?
Minha família chegou ao Brasil em 1875. Meu bisavô Pietro di Gaetano
Bariani era especializado em fabricar engenhos movidos a água e, acompanhado de
minha bisavó Fiorela Castellan di Angelo e aquele que seria meu avô Fioravanti
Giuseppe Bariani, foram contratados pela família Junqueira, famosos fazendeiros
paulistas na região de Franca e Ribeirão Preto, para fabricar engenhos
destinados ao beneficiamento de arroz e café.
Meu avô, ainda no século XIX, casou-se com a italiana Maria
D’Áloca e tiveram dez filhos, sendo o quinto meu pai, Rafael Bariani, nascido
em 24 de outubro de 1910, que, por sua vez,, casou-se com a paulista Emília de
Oliveira Campos, nascida em 13 de dezembro de 1911.
Deste
casamento nasceram seis filhos: Fioravanti, Luiz, Maria Oneide, já falecidos.
Minha irmã Rosa Neusa reside em Goiânia, enquanto eu e o caçula Rafael Filho,
médico, residimos em Porto Velho. Meus pais mudaram do interior de São Paulo
para Goiânia, recém fundada, no ano de 1940.
Nasci no dia 24 de setembro de 1942, em Goiânia, Goiás, em meu
amado bairro de Campininha das Flores, hoje abreviado para Campinas. Casei-me
com Dirzia Pereira Machado, filha de imigrantes portugueses também radicados na
capital goiana desde os primeiros anos de fundada, em 19 de fevereiro de 1966 e
tivemos três filhos: Fabricius, Marcelo e Vanessa.
Residi em Goiânia até o ano de 1983, quando fui transferido para
Imperatriz, MA, posteriormente, fui com a família para Tucumã, PA, e
finalmente, fixei residência em Porto Velho desde o início do ano de 1988.
2. ARL – A gente sabe que o senhor é um dos baluartes da Maçonaria
em Rondônia. Como surgiu a Maçonaria na sua vida? E a ARL?
Fui Iniciado nos quadros da Maçonaria Universal em 17 de outubro
de 1976, convidado que fui por um amigo, infelizmente já falecido. Minha
Loja-Mãe é a União Fraternal nº 5, da cidade de Jandaia, Goiás, jurisdicionada
à Grande Loja daquele Estado. Sou fundador da Loja Maçônica Cavaleiros da Ordem
do Templo nº 85, em Goiânia, onde permaneci até o ano de 1983 quando me filiei
à Loja Maçônica Fraternidade e União de Imperatriz nº 10, jurisdicionada à
Grande Loja Maçônica do Estado do Maranhão, e posteriormente, em Tucumã, à Loja
Estrela de Tucucmã nº 55, pertencente aos quadros da Grande Loja Maçônica do
Estado do Pará, onde permaneci até o início de 1988.
Chegando a Porto Velho me filiei à Loja Maçônica Delta nº 9, onde
permaneço até os dias atuais, jurisdicionada à GLOMARON.
Como obreiro da GLOMARON participei da fundação de várias Lojas
tanto na capital quanto no interior do Estado. Fui eleito Venerável Mestre da
Loja Delta nº 9 em agosto de 1989 e reeleito em 1990. Posteriormente, assumi a
Venerança das Lojas Paz Universal nº 18 e Geraldo Lima nº 24, ambas com minha
participação em suas fundações.
Assumi vários cargos tanto nas Lojas quanto na Grande Loja e, por
excesso de bondade dos Irmãos da Ordem, fui eleito Grão Mestre da GLOMARON em
1999, por isso a denominação de Grão Mestre ad Vitam.
Sou Grande Inspetor Geral da Ordem, Grau 33º do Rito Escocês
Antigo e Aceito.
Quanto a Academia de Letras de Rondônia, fui gentilmente convidado
pelo atual Presidente Willian Haverly Martins para participar como fundador,
com muita honra para mim.
3. ARL -
Entre livros para maçons e literários, quantos livros o caro acadêmico já
escreveu e publicou?
Até o momento
tenho 15 obras publicadas, mas escritas são 18, duas das quais provavelmente
serão lançadas ainda neste ano de 2022.
4. ARL – O Consertador de rádio é um dos seus livros
de contos mais aplaudidos e divulgados, gostaríamos que o nobre escritor o resumisse
em poucas linhas.
Trata-se de uma coletânea de fatos vivenciados por mim e/ou por
familiares e amigos, os quais transformei em contos ou, como falamos em
goianês, “causos”.
São relatos da vida do homem do interior, caipira, capiau,
sertanejo, ribeirinho, mostrando as dificuldades desses heróis anônimos com
suas falas arrevesadas e singelas, estampando a pureza de alma e os sentimentos
dessas pessoas esquecidas pelo progresso.
5.
ARL - Embora muita gente pense que a maçonaria é uma instituição
exclusivamente masculina, maçonarias femininas existem há mais de cem anos − e
conduzem iniciações, cerimônias e rituais, assim como as masculinas. Seria
possível fazer um breve comentário sobre a mulher na maçonaria?
A Maçonaria
Feminina, em minha visão, é desnecessária por vários motivos:
a - A Maçonaria, tradicionalmente, é masculina porque uma de suas
prováveis origens está baseada nos Corporações Ofícios, onde o trabalho de construções
de castelos, fortificações, igrejas, mausoléus, etc., era exclusivamente
exercido por homens;
b - Os Ritos em que opera a Maçonaria Universal são “solares”,
isto é, são calcados nos cultos solares existentes desde a mais antiga idade
por povos os mais diversos. Tais Ritos, por serem solares, são eminentemente
masculinos, enquanto ao sexo feminino são destinados os Ritos “lunares”, não
reconhecidos pela Maçonaria tradicional;
c - A Maçonaria Regular se preocupa com a família como um todo e
jamais deixaria a esposa e os filhos e filhas do Maçom à margem de sua
organização, por isso instituiu há mais de um século a Ordem da Estrela do
Oriente, destinada não só à esposa, mas também a todas as mulheres da família
do Maçom. Instituiu também a Ordem das Filhas de Jó Internacional, assim como
as Meninas do Arco Íris, destinadas às filhas, parentes ou amigas da família,
que são iniciadas quando completam 10 anos e se tornam Membros de Maioridade
quando completam 21 anos de idade, oportunidade em que podem ser iniciadas em a
Ordem da Estrela do Oriente.
Os filhos são acolhidos pela Ordem DeMolay aos 12 anos e seguem os
diversos graus da Ordem e, em tempo regular, podem pleitear a Iniciação em
Maçonaria Universal.
6. ARL - Como é passar
dos oitenta anos, com um casamento sólido e uma família exemplar?
Com gratidão à
Consciência Cósmica Universal, também conhecida como Deus, Alá, Jeová, não
importa.
Somente agradecer pela família por nós formada com muita luta,
derrotas e vitórias, mas sempre unidos e amparados pela Espiritualidade Maior.
7. ARL - Existe uma fórmula para a
felicidade?
A felicidade é um estado de espírito de quem está em paz com sua
consciência. O Mestre nos ensinou que o Amor Incondicional é a chave para a
Liberdade, portanto amar a si mesmo, se perdoar e se conhecer são condições
essenciais para amar, perdoar e conhecer o próximo como a si mesmo.
8. ARL –
Por ser considerada por muitos uma Sociedade Secreta Mística, a Maçonaria
instiga muitas indagações, é possível definir uma Sociedade Secreta Mística?
A Maçonaria não é
mística, nem secreta e menos ainda religiosa. É uma instituição alicerçada em
sua história milenar, de onde extrai seus postulados filosóficos e os comprova
através da ciência, cadinho onde se depuram as ensinanças voltadas a tornar
feliz a humanidade, pela paz, pela solidariedade e pelo amor fraternal.
O misticismo é como fábulas imaginadas por quem não conhece a
Sublime Ordem Maçônica e instiga o povo, inculto, contra a Ordem e os Maçons.
Quanto ao “secreto” não procede porque as Lojas estão em prédios
edificados nas cidades à vista de todos e registradas em cartórios públicos. A
Maçonaria é uma sociedade discreta, jamais secreta, pois seu “segredo” é não
ter segredo algum.
Provavelmente
o conceito “secreto” era possível de haver ocorrido nos idos da Idade Média até
o inicio do século XX, mas perdeu esse caráter em benefício de sua própria
organização institucional.
9. ARL –
Dizem que no terceiro grau maçônico você simbolicamente experimenta a morte
para renascer, afinal o que é a morte para um maçom?
Não há uma regra geral uma vez constatada a diversidade humana que
compõe os quadros da Maçonaria, onde se congregam cristãos de todas as
alternâncias, assim como judeus, budistas e até mesmo maometanos, ou seja,
apesar das divergências em crenças a fraternidade impera.
Pode-se dizer que o terceiro grau, para nós, o Grau de Mestre
Maçom, simboliza a “morte” do Homem Profano Horizontal, ou o “velho” Homem
tirado do mundo “profano”, para surgir o Homem Vertical Universal, ou o “novo”
Homem, iluminado pelas luzes prodigalizadas pela Ordem através dos Graus
existentes em todos os Ritos em que operam as Lojas Maçônicas.
10. ARL - Existe mais de uma vida?
Sou espírita, filho de pais também espíritas, minha esposa da
mesma forma educada em os postulados espíritas. Nossos filhos, sem exceção,
também o foram, portanto a reencarnação para nós, é uma ciência comprovada pela
lógica de simplesmente viver e deixar viver.
A existência humana sem o concurso da reencarnação é inexplicável
e ilógica.
Porto Velho, 19 de abril de 2022.
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