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Walter de Oliveira Bariani - Gente de Opinião
Walter de Oliveira Bariani

A entrevista da semana é com o acadêmico Walter de Oliveira Bariani, membro da Academia Rondoniense de Letras, Ciências e Artes − ARL, onde ocupa a cadeira nº 10, cujo patrono é o historiador Esron Penha de Menezes. Bariani é também Grão Mestre ad Vitam da Grande Loja Maçônica do Estado de Rondônia (GLOMARON).

1.       ARL - Pelo seu nome a gente desconfia que você descende de família italiana, afinal quem é e de onde veio Walter Bariani?

 

Minha família chegou ao Brasil em 1875. Meu bisavô Pietro di Gaetano Bariani era especializado em fabricar engenhos movidos a água e, acompanhado de minha bisavó Fiorela Castellan di Angelo e aquele que seria meu avô Fioravanti Giuseppe Bariani, foram contratados pela família Junqueira, famosos fazendeiros paulistas na região de Franca e Ribeirão Preto, para fabricar engenhos destinados ao beneficiamento de arroz e café.

Meu avô, ainda no século XIX, casou-se com a italiana Maria D’Áloca e tiveram dez filhos, sendo o quinto meu pai, Rafael Bariani, nascido em 24 de outubro de 1910, que, por sua vez,, casou-se com a paulista Emília de Oliveira Campos, nascida em 13 de dezembro de 1911.

Deste casamento nasceram seis filhos: Fioravanti, Luiz, Maria Oneide, já falecidos. Minha irmã Rosa Neusa reside em Goiânia, enquanto eu e o caçula Rafael Filho, médico, residimos em Porto Velho. Meus pais mudaram do interior de São Paulo para Goiânia, recém fundada, no ano de 1940.

Nasci no dia 24 de setembro de 1942, em Goiânia, Goiás, em meu amado bairro de Campininha das Flores, hoje abreviado para Campinas. Casei-me com Dirzia Pereira Machado, filha de imigrantes portugueses também radicados na capital goiana desde os primeiros anos de fundada, em 19 de fevereiro de 1966 e tivemos três filhos: Fabricius, Marcelo e Vanessa.

Residi em Goiânia até o ano de 1983, quando fui transferido para Imperatriz, MA, posteriormente, fui com a família para Tucumã, PA, e finalmente, fixei residência em Porto Velho desde o início do ano de 1988.

2. ARL – A gente sabe que o senhor é um dos baluartes da Maçonaria em Rondônia. Como surgiu a Maçonaria na sua vida? E a ARL?

Fui Iniciado nos quadros da Maçonaria Universal em 17 de outubro de 1976, convidado que fui por um amigo, infelizmente já falecido. Minha Loja-Mãe é a União Fraternal nº 5, da cidade de Jandaia, Goiás, jurisdicionada à Grande Loja daquele Estado. Sou fundador da Loja Maçônica Cavaleiros da Ordem do Templo nº 85, em Goiânia, onde permaneci até o ano de 1983 quando me filiei à Loja Maçônica Fraternidade e União de Imperatriz nº 10, jurisdicionada à Grande Loja Maçônica do Estado do Maranhão, e posteriormente, em Tucumã, à Loja Estrela de Tucucmã nº 55, pertencente aos quadros da Grande Loja Maçônica do Estado do Pará, onde permaneci até o início de 1988.

Chegando a Porto Velho me filiei à Loja Maçônica Delta nº 9, onde permaneço até os dias atuais, jurisdicionada à GLOMARON.

Como obreiro da GLOMARON participei da fundação de várias Lojas tanto na capital quanto no interior do Estado. Fui eleito Venerável Mestre da Loja Delta nº 9 em agosto de 1989 e reeleito em 1990. Posteriormente, assumi a Venerança das Lojas Paz Universal nº 18 e Geraldo Lima nº 24, ambas com minha participação em suas fundações.

Assumi vários cargos tanto nas Lojas quanto na Grande Loja e, por excesso de bondade dos Irmãos da Ordem, fui eleito Grão Mestre da GLOMARON em 1999, por isso a denominação de Grão Mestre ad Vitam.

Sou Grande Inspetor Geral da Ordem, Grau 33º do Rito Escocês Antigo e Aceito.

Quanto a Academia de Letras de Rondônia, fui gentilmente convidado pelo atual Presidente Willian Haverly Martins para participar como fundador, com muita honra para mim.

 

3. ARL - Entre livros para maçons e literários, quantos livros o caro acadêmico já escreveu e publicou?

Até o momento tenho 15 obras publicadas, mas escritas são 18, duas das quais provavelmente serão lançadas ainda neste ano de 2022.

4. ARL – O Consertador de rádio é um dos seus livros de contos mais aplaudidos e divulgados, gostaríamos que o nobre escritor o resumisse em poucas linhas.

Trata-se de uma coletânea de fatos vivenciados por mim e/ou por familiares e amigos, os quais transformei em contos ou, como falamos em goianês, “causos”.

São relatos da vida do homem do interior, caipira, capiau, sertanejo, ribeirinho, mostrando as dificuldades desses heróis anônimos com suas falas arrevesadas e singelas, estampando a pureza de alma e os sentimentos dessas pessoas esquecidas pelo progresso.

 

5. ARL - Embora muita gente pense que a maçonaria é uma instituição exclusivamente masculina, maçonarias femininas existem há mais de cem anos − e conduzem iniciações, cerimônias e rituais, assim como as masculinas. Seria possível fazer um breve comentário sobre a mulher na maçonaria?

A Maçonaria Feminina, em minha visão, é desnecessária por vários motivos:

a - A Maçonaria, tradicionalmente, é masculina porque uma de suas prováveis origens está baseada nos Corporações Ofícios, onde o trabalho de construções de castelos, fortificações, igrejas, mausoléus, etc., era exclusivamente exercido por homens;

b - Os Ritos em que opera a Maçonaria Universal são “solares”, isto é, são calcados nos cultos solares existentes desde a mais antiga idade por povos os mais diversos. Tais Ritos, por serem solares, são eminentemente masculinos, enquanto ao sexo feminino são destinados os Ritos “lunares”, não reconhecidos pela Maçonaria tradicional;

c - A Maçonaria Regular se preocupa com a família como um todo e jamais deixaria a esposa e os filhos e filhas do Maçom à margem de sua organização, por isso instituiu há mais de um século a Ordem da Estrela do Oriente, destinada não só à esposa, mas também a todas as mulheres da família do Maçom. Instituiu também a Ordem das Filhas de Jó Internacional, assim como as Meninas do Arco Íris, destinadas às filhas, parentes ou amigas da família, que são iniciadas quando completam 10 anos e se tornam Membros de Maioridade quando completam 21 anos de idade, oportunidade em que podem ser iniciadas em a Ordem da Estrela do Oriente.

Os filhos são acolhidos pela Ordem DeMolay aos 12 anos e seguem os diversos graus da Ordem e, em tempo regular, podem pleitear a Iniciação em Maçonaria Universal.

6. ARL - Como é passar dos oitenta anos, com um casamento sólido e uma família exemplar?

Com gratidão à Consciência Cósmica Universal, também conhecida como Deus, Alá, Jeová, não importa.

Somente agradecer pela família por nós formada com muita luta, derrotas e vitórias, mas sempre unidos e amparados pela Espiritualidade Maior.

7. ARL - Existe uma fórmula para a felicidade?

A felicidade é um estado de espírito de quem está em paz com sua consciência. O Mestre nos ensinou que o Amor Incondicional é a chave para a Liberdade, portanto amar a si mesmo, se perdoar e se conhecer são condições essenciais para amar, perdoar e conhecer o próximo como a si mesmo.

8. ARL – Por ser considerada por muitos uma Sociedade Secreta Mística, a Maçonaria instiga muitas indagações, é possível definir uma Sociedade Secreta Mística?

A Maçonaria não é mística, nem secreta e menos ainda religiosa. É uma instituição alicerçada em sua história milenar, de onde extrai seus postulados filosóficos e os comprova através da ciência, cadinho onde se depuram as ensinanças voltadas a tornar feliz a humanidade, pela paz, pela solidariedade e pelo amor fraternal.

O misticismo é como fábulas imaginadas por quem não conhece a Sublime Ordem Maçônica e instiga o povo, inculto, contra a Ordem e os Maçons.

Quanto ao “secreto” não procede porque as Lojas estão em prédios edificados nas cidades à vista de todos e registradas em cartórios públicos. A Maçonaria é uma sociedade discreta, jamais secreta, pois seu “segredo” é não ter segredo algum.

Provavelmente o conceito “secreto” era possível de haver ocorrido nos idos da Idade Média até o inicio do século XX, mas perdeu esse caráter em benefício de sua própria organização institucional.  

9. ARL – Dizem que no terceiro grau maçônico você simbolicamente experimenta a morte para renascer, afinal o que é a morte para um maçom?

Não há uma regra geral uma vez constatada a diversidade humana que compõe os quadros da Maçonaria, onde se congregam cristãos de todas as alternâncias, assim como judeus, budistas e até mesmo maometanos, ou seja, apesar das divergências em crenças a fraternidade impera.

Pode-se dizer que o terceiro grau, para nós, o Grau de Mestre Maçom, simboliza a “morte” do Homem Profano Horizontal, ou o “velho” Homem tirado do mundo “profano”, para surgir o Homem Vertical Universal, ou o “novo” Homem, iluminado pelas luzes prodigalizadas pela Ordem através dos Graus existentes em todos os Ritos em que operam as Lojas Maçônicas.

10. ARL - Existe mais de uma vida?

Sou espírita, filho de pais também espíritas, minha esposa da mesma forma educada em os postulados espíritas. Nossos filhos, sem exceção, também o foram, portanto a reencarnação para nós, é uma ciência comprovada pela lógica de simplesmente viver e deixar viver.

A existência humana sem o concurso da reencarnação é inexplicável e ilógica.

 

Porto Velho, 19 de abril de 2022.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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