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Recuperando Vidas


Nestor Ângelo D'Andrea Mendes - Gente de Opinião
Nestor Ângelo D'Andrea Mendes

O entrevistado desta semana é o médico, escritor e professor universitário Nestor Ângelo D'Andrea Mendes, que tem 59 anos de idade, uma longa ficha de trabalho e ocupa a cadeira nº 22 na Academia Rondoniense de Letras, Ciências e Artes – ARL cujo patrono é Carl Lovelace.

1.ARL – Em que estado da federação você nasceu e em que Universidade se formou? Quando chegou a Rondônia?

NA - Nasci no estado de São Paulo; formei-me na faculdade de medicina de Campos-RJ; cheguei em Rondônia em 1993.

2. ARL – Qual a sua especialidade e em quais hospitais de Rondônia você já trabalhou?

NA - Minhas especialidades são: clínica médica, medicina de urgência, medicina intensiva e medicina do trabalho; trabalhei no Hospital de Base, Hospital João Paulo II, Hospital da Ameron, IME e Hospital Central

 

3. ARL – Como é trabalhar no SAMU, com a morte diariamente lhe acompanhando?

NA - Trabalhar no SAMU é gratificante, pois na maioria das vezes, salvamos vidas ou aliviamos sofrimentos, no entanto, lidamos com a morte já estabelecida ou a curto prazo, isso é desgastante, do ponto de vista mental e espiritual.

4. ARL – É complicado trabalhar com dependentes químicos? O que é CREPAD?

NA - Trabalhar com dependentes químicos é um desafio constante, porém nos edifica, quando conseguimos salvá-los dos agravos ou da morte. CREPAD significa: Centro de Referência em Prevenção e Atenção a Dependência Química.

5. ARL – Quais livros você já publicou?

NA - Pequenas Crônicas Sadi-cômicas de um Pronto Socorro; Anjos azuis -SAMU 10 anos e Poemas mórbidos.

6. ARL – O que representa a ARL na sua vida?

NA - Representa uma nova era em minha vida social, intelectual e moral, pois a responsabilidade aumenta quando nos tornamos confrades e trabalhamos  em prol do bem estar da comunidade.

7. ARL – Aqui em Rondônia e em várias partes do Brasil é comum você encontrar médicos que se dedicam a literatura, na sua opinião por que isso acontece?

NA - Creio que o médico, devido as suas experiências na clínica, sinta uma necessidade infreável de expor seus sentimentos por meio da arte de escrever. “A literatura é uma defesa contra as ofensas da vida”. Enquanto arte, a literatura complementa a Medicina, que também é uma arte e ambas ajudam a sociedade diante das asperezas da vida. O poeta Ferreira Gullar diz que “a arte existe porque a vida não basta”.

8. ARL − É possível usar a poesia e a prosa como terapia?

NA - Com certeza, assim como a música, as cores e o som são terapêuticos, a poesia e a prosa acalmam a alma e atenuam a melancolia e a ansiedade, aumentando as chances de recuperação neurobiológica e espiritual. 

 

9. ARL – Dr. Viriato Moura, também médico e escritor, defende a ideia de que na cabeceira de todo leito de hospital deveria ter um livro, pré-indicado por um especialista, que pudesse ajudar o paciente na sua recuperação. O que você acha da ideia?

NA - Acredito nesta tese do Dr. Viriato, porque, no caso dos dependentes de substâncias químicas, se eles se interessassem pelas informações sobre sua doença, o êxito na recuperação seria melhor e mais rápido; livros edificam o ser humano.

10. ARL – Quais livros você indicaria na recuperação de pacientes com problemas de dependência em álcool e drogas?

NA - Livros específicos sobre dependência química: Dr. Ronaldo Laranjeiras; Alessandra Diehl; Ineliana Buzi; mas são autores complexos para leigos. Estou elaborando um livro que por meio de uma dinâmica mnemônica, retrata objetivos e metas utilizados na prevenção de recaídas. Uma coletânea de filmes e aulas sobre dependência química também colaboram para o conhecimento e tratamento da doença.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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