Domingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Lúcio Flávio Pinto

Barcarena acumula um quarto da riqueza de Belém


 Barcarena acumula um quarto da riqueza de Belém - Gente de Opinião

 

LÚCIO FLÁVIO PINTO
Editor do Jornal Pessoal

 

Belém ainda possui o maior Produto Interno Bruto do Pará, que em 2007 era de quase R$ 14 bilhões. Mas o PIB de Barcarena já representa quase um quarto da riqueza existente na capital, ou R$ 3,6 bilhões. Nunca um município do interior ocupou posição tão expressiva. A correlação se inverte quando a avaliação é feita pelo PIB per capita (por cabeça): o de Barcarena (R$ 43 mil) é mais de quatro vezes superior ao de Belém (de menos de R$ 10 mil).

 

A posição de Belém no ranking por esse critério é a 10ª, depois de Barcarena, em primeiro lugar, seguindo-se pela ordem Canaã dos Carajás, Tucuruí, Parauapebas, Marabá, Almeirim, Oriximiná, Benevides e Xinguara.

 

Dos 10 maiores PIBs per capita do Estado, sete são de municípios que abrigam grandes projetos de mineração e de energia (eles são metade dos 10 maiores PIBs). Isto significa que mesmo não tendo os rendimentos que a maior transformação industrial proporcionaria e privados de receita tributária pela Lei Kandir, que isenta de ICMS a exportação de matérias primas e semi-elaborados, eles continuem os municípios privilegiados pelo ângulo da renda gerada nos seus limites através dos empreendimentos de grande porte.

 

Pelos próximos anos a tendência ainda será a de que esses municípios continuem a fortalecer suas posições, absorvendo poder que antes se concentrava na capital e incrementando a interiorização do desenvolvimento. Vão depender cada vez menos de Belém e se sentirão em condições de reivindicar mais autonomia, até que possa amadurecer de vez a luta pela emancipação política.

 

Não significa que esses municípios estejam em condições de obter mais dos grandes projetos que abrigam. Pode acontecer o inverso: de eles se acomodarem com o que já recebem, de grande significação para os padrões paraenses, mas apenas uma compensação diante do valor da produção desses empreendimentos. É aí que Belém poderá se situar, assumindo uma posição de liderança e vanguarda para que o interior cresça ainda mais, tornando-se útil e acatada. Talvez redefinindo o seu papel numa nova ordem espacial, que, de outra maneira, tenderá a excluí-la.

 

Um tema para reflexão na perspectiva dos 400 anos de Santa Maria de Belém do Grão Pará.

 

Barcarena acumula um quarto da riqueza de Belém - Gente de Opinião

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

Gente de OpiniãoDomingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Albrás é a maior consumidora de energia elétrica do País

Albrás é a maior consumidora de energia elétrica do País

A Albras, a fábrica de alumínio da multinacional norueguesa Norsk Hydro, instalada em Barcarena, é a maior consumidora de energia do Brasil. Sua carga

O enclave de Ludwig na Amazônia no tempo da ditadura

O enclave de Ludwig na Amazônia no tempo da ditadura

Lendo o seu artigo Carajás:  enclave no Pará, me veio em mente uma experiência que fiz com a Jari, quando trabalhava como economista, no fim dos anos

Por que não proteger as castanheiras?

Por que não proteger as castanheiras?

A PA-230, rodovia estadual paraense que liga os municípios de Uruará, na Transamazônica, a Santarém, situada no local de convergência do rio Tapajós c

Amazônia na pauta do mundo

Amazônia na pauta do mundo

Publico a seguir a entrevista que Edyr Augusto Proença (foto) concedeu à revista digital Amazônia Latitude, iniciando uma série de entrevistas com esc

Gente de Opinião Domingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)