Sexta-feira, 7 de outubro de 2022 - 12h35
Nelson Rodrigues dizia que fora da Inglaterra só havia um inglês de verdade: era Antônio Callado, um dos maiores jornalistas brasileiros. Às vezes, ele se perguntava se mesmo no império britânico havia inglês como Callado. A blague, como se dizia na época em que boa parte da elite (tanto no Brasil quanto na Rússia) manejava como um florete a língua de Molière, se amoldava como luva ao paraense - também jornalista - Roberto Jares Martins, que morreu muito cedo, aos 58 anos.
Mesmo para criticar ou repreender, atitudes que só adotava quando não havia outro jeito de se expressar, Jares modulava o tom para não criar suscetibilidades. Tanto no trabalho, principalmente no já extinto jornal A Província do Pará, que dirigiu, quanto na vida privada. Cito só um exemplo para definir o jeito Jares de ser.
Vítima de uma doença degenerativa cruel, ainda assim ele frequentava o "Senadinho" do restaurante Lá em Casa, de Ana Maria e Paulo Martins. Diante dele, um copo alto com suco de laranja e um canudinho na borda. Jares perscrutava todo ambiente para ter certeza de que ninguém o observava. Só então, sussurrante, com os olhos ainda mais arregalados, pedia para o amigo próximo levantar o copo para beber o suco. Amava a discrição.
Ainda muito jovem, Jares assinou uma coluna política na Folha do Norte, de Paulo Maranhão. Era A Folha no Legislativo, produto da sua condição de repórter credenciado na Assembleia. Reproduzo uma das notas da coluna, de junho de 1958, que exemplifica o modo Jares de fazer jornalismo:
JOGO
Ontem, grande parte dos deputados à Assembleia Legislativa do Estado preferia acompanhar, ouvindo pelo rádio portátil [grande inovação da época] que estava no salão nobre daquela Casa, os lances do sensacional jogo de futebol entre as seleções do Brasil e da Inglaterra [que terminou em empate de 0 a 0, pela Copa do Mundo], a participar dos trabalhos que ali tinham lugar.
Entre os deputados que estavam atentos ao desenrolar da mencionada pugna destacamos os srs. Elias Pinto [meu pai, cuja família se ligava ao São Raimundo, de Santarém], Francisco Pereira, Max Parijós e Wilson Amanajás. Vale ressaltar que o prócer que mais torcia era o sr. Elias, que chegou até a engolir metade do seu avolumado charuto".
Era o Bob Jares com seu fino humor em ação.
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