Sábado, 22 de maio de 2010 - 12h49
Amazônias
LÚCIO FLÁVIO PINTO
Editor do Jornal Pessoal
BELÉM, Pará — O fato mais importante da atual temporada pré-eleitoral foi a ausência do presidente Lula à entrega da licença ambiental para a Aços Laminados do Pará, em Marabá. Como acontece nos últimos tempos, por falta de capital ou por causa dos processos judiciais dos Maiorana e da C. R. Almeida, não fui cobrir pessoalmente a solenidade, como devia e gostaria.
No dia seguinte consultei os relatos dos repórteres e fotógrafos presentes. Um detalhe surpreendente logo se destacou: motivo de todos os discursos, o presidente Lula não foi a Marabá colher nos louros da sua participação num projeto de 5,3 bilhões de reais nem ajudar as candidatas do PT, Ana Júlia à reeleição e Dilma Roussef à sucessão presidencial. Do ponto de vista político, este era o fato mais importante. Mas ninguém o registrou.
Silêncio total na imprensa nos dias seguintes. Incrédulo, comecei a ver se materializar um “furo” compulsório.
Só no Jornal Pessoal
Como de outras vezes, a história acabou sendo contada, com todos os seus importantes significados, apenas neste jornal (ver edição 462 do Jornal Pessoal). Mesmo assim, achei que a imprensa incorporaria a informação e sua interpretação, que constituem a prova mais concreta de que a aliança entre o PMDB e o PT, vitoriosa em 2006, poderá não se repetir em 2010. Ledo engano: as especulações feitas em torno desse rompimento ignoraram a ausência de Lula ao ato público que mais podia ter rendido ao PT até agora no Pará.
Dez dias depois que o Jornal Pessoal foi às ruas e quase três semanas após do acontecimento, Ronaldo Brasiliense fez uma rápida referência ao fato na sua coluna dominical do dia 18 em O Liberal. Apenas para lançar uma pergunta em torno da razão do não comparecimento do presidente da república: “Perguntinha – Por que o presidente Lula não foi à solenidade de lançamento da siderúrgica da Vale em Marabá?”.
Pelo menos algumas tentativas de respostas já haviam sido feitas no JP462. Mas quem acompanha a história contemporânea do Pará através da grande imprensa, que tem sido mais realista do que o rei e mais chapa branca (quando lhe convém) do que o Diário Oficial, não vai ficar sabendo.
Linhas editoriais e venalidades à parte, o que me intriga nessa história é a participação dos jornalistas que estiveram em Marabá e não transmitiram para o público o principal que lá aconteceu. Ou, dito melhor, o que não aconteceu: a ausência de Lula.
Vamos de mal a pior na execução do compromisso de tornar a imprensa um espelho do cotidiano na perspectiva da história.
Originalmente publicado na edição nº 463 do Jornal Pessoal.
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