Sábado, 23 de abril de 2022 - 11h35
A foto é de 1976. Estou na aldeia dos índios gavião, na atual BR-222 (era PA-70), a 30 quilômetros de Marabá. Tinha então 26 anos e era correspondente de O Estado de S. Paulo desde 1971.Ao meu lado, Saulo Petean, que era o chefe do posto da Funai no Mãe Maria. A última notícia que tive dele, estava no Acre. Ao fundo, Cutia, que era uma espécie de ministro da Fazenda da tribo. Não consigo lembrar do nome do menino, que anotei num dos cadernos de viagem que deambulam em algum escaninho dos meus “arquivos”.Meu primeiro contato com os gaviões foi no ano anterior. Eles apareceram no escritório da sucursal do Estadão em Belém. Estavam negociando a venda da safra de castanha aos exportadores. Dei-lhes as informações de que necessitavam para conseguir melhor preço. Conseguiram uma boa receita.Depositaram o dinheiro na agência do Banco do Brasil em Marabá. Aplicaram parte do dinheiro numa poupança. Foram os primeiros índios na história do Brasil a fazer aplicação financeira. Assim, se livraram da ingerência do DGPI (Departamento Geral do Patrimônio Indígena) da Funai, a Fundação Nacional do Índio. Também foram pioneiros nessa conquista.Ajudei-os também a negociar com a Eletronorte a passagem da linha de energia da hidrelétrica de Tucuruí, E com a Vale a passagem da ferrovia de Carajás pelas suas terras. Não foram enganados. Ainda livrei o presidente da Eletronorte, coronel Raul Garcia Llano de levar uma bordunada de Jôhôkrenhun pelas costas. O índio estava revoltado com o tratamento do coronel ao seu irmão, o capitão, autoridade maior no lugar. O coronel era duro e dogmático. Travamos muitas polêmicas, mas era honesto e sincero. Eu gostava e conversar com ele.Cutia e Tyoré foram meus maiores amigos índios. Entenderam as críticas que fiz ao cacique e seus seguidores quando começaram a aplicar mal o dinheiro. Os gaviões, como outros índios, exigiam adesão integral dos que o apoiavam. Como eu não renunciei à minha liberdade de expressão, nem por uma boa causa, nos afastamos. Ao mesmo tempo, depois de pedir demissão do Estadão, perdi a minha condição de locomoção. Fui deixando de ser o repórter de linha de frente em que me mantive por quase 30 anos.Tenho muita saudade dessa época. Muita mesmo. Ainda bem que Vincent conseguiu preservar a memória desse tempo já longínquo, mantendo a sua dedicação à causa.
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