Quarta-feira, 17 de novembro de 2021 - 10h12
O general Garrastazu Médici, presidente do Brasil durante a fase mais sangrenta da ditadura militar, disse uma frase lapidar em pleno “milagre econômico”, quando o Brasil cresceu a taxas superiores a 10% ao ano (com a maior dívida externa do mundo): “A economia vai bem, mas o povo vai mal”.
O BNDES anunciou, anteontem, que conseguiu crescer 29% e faturou 11,3 bilhões de reais de lucro líquido no 3º trimestre deste ano, graças, principalmente, às participações acionárias que possui em grandes companhias, como a Petrobras e o JBS (sim, aquele mesmo dos irmãos Joesley e Wesley Batista, que admitiram ter corrompido 300 políticos). Com o lucro anotado no balanço, o BNDES poderá distribuir dividendos para os seus acionistas e empregados – e para a União também?
Seu proprietário (e de 187 empresas estatais), no acumulado em 12 meses até setembro de 2021, teve déficit fiscal nominal de R$ 404,7 bilhões (4,84% do PIB). Redução real em relação ao PIB de 31,73%, comparativamente ao acumulado em 12 meses até dezembro de 2018.
Como pôde ter desempenho e lucro elevados praticando juros subsidiados concedidos a “clientes especiais”, apadrinhados por Brasília, hoje como ontem, sob ditadores e democratas, a elite de sempre e os poderosos mais recentes, como os do PT, apesar de todas as ressalvas feitas pelos seus dirigentes sobre o retorno de investimentos?
Claro: com a transferência de dinheiro do tesouro para compensar a perda de receita e inflar lucro artificial, que agrava o déficit crônico da União. Já o patrimônio líquido do governo, dono do BNDES, foi negativo de R$ 4,4 trilhões no ano passado. É o valor da diferença entre todos os haveres do governo (ativos de R$ 5,7 trilhões) e os deveres do governo (passivos de R$ 10,1 trilhões).
É o que se conclui da matéria da revista Exame, a seguir:
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) registrou lucro líquido de R$ 11,3 bilhões no terceiro trimestre alta de 29% ante igual período de 2020, informou nesta quinta-feira a instituição de fomento. Em nota, o banco informou que o desempenho do terceiro trimestre foi influenciado por eventos positivos relacionados às participações acionárias detidas em grandes companhias, como Petrobras e JBS.
"O desempenho no terceiro trimestre foi fortemente influenciado por reversão de provisão para perdas em investimentos na Petrobras, constituídas entre 2014 e 2016 (efeito líquido de R$ 3,5 bilhões), receita com dividendos e juros sobre capital próprio (R$ 2,1 bilhões) e resultado positivo de equivalência patrimonial (R$ 1,8 bilhão), basicamente de JBS", diz a nota.
Segundo a diretora financeira do BNDES, Bianca Nasser, apenas a reversão das provisões para perdas ("impairment") com a participação na Petrobras, o banco de fomento teve um resultado positivo de R$ 9,9 bilhões no terceiro trimestre. A executiva explicou, nesta quinta, em coletiva de imprensa transmitida pela internet, que as provisões foram feitas, seguindo os normativos, porque havia avaliação de perdas permanentes com as ações da petroleira.
A partir de 2017, essas provisões começaram a ser revertidas. Houve uma grande reversão em 2020, com a venda de parte importante da participação em oferta pública de ações, em fevereiro. Agora, no terceiro trimestre, "considerando a passagem do ciclo da pandemia e estabilização dos preços das ações", houve uma "reversão permanente", disse Nasser.
A carteira de participações societárias totalizou R$ 67,8 bilhões no fechamento do terceiro trimestre, 2% abaixo do fechamento do segundo trimestre, "em função, principalmente, de desvalorização da carteira", conforme a nota do BNDES. "O valor justo da carteira de participações societárias (avaliação gerencial) foi de R$ 80,7 bilhões em 30 de setembro", diz o texto. Petrobras, JBS e Copel são as maiores participações.
Já o resultado de intermediação financeira teve resultado positivo de R$ 4,4 bilhões no terceiro trimestre. A carteira de crédito expandida totalizou R$ 446,3 bilhões no fechamento do terceiro trimestre, crescimento de 1,8% em relação ao fechamento do segundo trimestre. Os desembolsos para financiamentos ficaram em R$ 21,8 bilhões, 13% acima do valor do terceiro trimestre de 2020 e 74% acima do segundo trimestre deste ano.
"Do total de R$ 21,8 bilhões registrado de julho a setembro, 43,8% foram para as micro, pequenas e médias empresas (MPMEs). O setor que recebeu mais crédito entre julho e setembro foi o de infraestrutura (R$ 9,3 bilhões), seguido pelo agropecuário (R$ 6 3 bilhões)", diz a nota do BNDES.
Segundo o banco de fomento, a inadimplência até 90 dias se manteve baixa, "oscilando de 0,19% em 30 de junho de 2021 para 0 23% em 30 de setembro de 2021, inferior ao índice do Sistema Financeiro Nacional (2,29%)". "A boa qualidade da carteira de crédito foi mantida, uma vez que 92,3% das operações estavam classificadas nos mais baixos níveis de risco (entre AA e C) em 30 de setembro de 2021. Esse percentual permanece superior ao registrado pelo Sistema Financeiro Nacional, que foi de 91,7% em 30 de junho de 2021 (última informação disponível)", diz a nota do BNDES.
Em mensagem por vídeo gravada desde Glasgow (Escócia), onde acompanha a conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas (COP-26), o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, destacou que os resultados financeiros do terceiro trimestre estão alinhados com a estratégia do banco de apoiar a economia de baixo carbono.
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