Quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014 - 12h23
LÚCIO FLÁVIO PINTO
Editor do Jornal Pessoal e colaborador do Yahoo
Mentiras de lado, o governo prepara-se para assumir aquilo em que sempre pensou: fazer uma segunda barragem rio acima para estocar água suficiente para Belo Monte, Xingu abaixo. Para isso, será formado um reservatório muito maior. O esquema se repetirá no Tapajós, próximo alvo dessa ofensiva, e em outros sítios favoráveis. A Amazônia poderia acrescentar 50% à energia produzida atualmente.
Parece inevitável, se nos submetemos à estratégia dos construtores de barragens, as grandes empreiteiras, fontes de caixas um, dois e três da política nacional. Deixam-se de lado outras medidas de efeito semelhante ou melhor, como a conservação de energia, a repotenciação das velhas usinas, as alternativas tecnológicas e algo que a sofreguidão dos períodos de crise oculta: a fragilidade cada vez maior das extensas linhas de energia que cortam o território brasileiro, sujeitas a acidentes constantes – acidentais, mas tão previsíveis quanto “previníveis”, para usar a neologia verde-amarela.
Um detalhe talvez ajude o leitor a ter uma percepção mais prática do problema. No momento do acidente de ontem, a hidrelétrica de Tucuruí transmitia, sozinha, cinco mil MW de energia para dois milhões de unidades consumidoras (seis milhões de habitantes, no conservador cálculo oficial), no rumo sul. Estava com quase dois terços do seu reservatório, o segundo maior lago artificial do Brasil, cheio de água. Ao Pará, onde a usina se localiza, só eram destinados 20% dessa energia, sem o pagamento do imposto, cobrado apenas no consumo.
A quem, pois, serve esse modelo?
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