Sábado, 18 de abril de 2015 - 10h02
Jornal da Ciência
Até 2020, a equipe da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), organização social vinculada ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação e mantida por esse em conjunto com os ministérios da Educação, Cultura e Saúde, trabalhará em dois eixos prioritários para aumentar a qualidade de conexão nas universidades e instituições interligadas.
O diretor-geral da RNP, Nelson Simões da Silva, diz que a meta é aumentar a qualidade da conexão em campi brasileiros e desenvolver a infraestrutura de rede global, com ênfase no ambiente nacional, para ganhar escalabilidade, crescendo, nas próximas três décadas com um custo marginal.
Pioneira como rede nacional de acesso à internet no Brasil, um trabalho iniciado em 1992, a RNP tem um papel fundamental para garantir alta velocidade no interior do país. “Conseguimos interligar 1200 pontos de rede em todo o território. Não só nos grandes centros. Isso é muito importante porque não tínhamos alta velocidade no interior do país e conseguimos crescer essa malha”, diz Silva.
Para o diretor-geral da RNP, a interiorização dos recursos de alta velocidade tem um papel fundamental na fixação de recursos humanos. “Possibilitamos sessões de videoconferência em universidades e hospitais de ensino, que são mais de 100 em todo o território brasileiro. Esse ambiente é essencial para a ciência e a educação. Agora nossa meta nos próximos cinco anos é reforçar essa estrutura nos campi, que recebem milhares de estudantes que não fazem ideia do que é uma linha discada e querem conexão sem interrupções”, conta.
Para Silva, um dos maiores desafios é popularizar as ações da RNP no ambiente acadêmico, sobretudo nos programas de pós-graduação. De acordo com o diretor-geral da RNP, na área de humanas, por exemplo, muitos professores e estudantes desconhecem que há infraestrutura disponível para fazer sessões de videoconferência com alta conexão.
“A demanda pela conexão de alto desempenho aumenta muito. Um dos setores mais exigentes é a área de cultura, que nos demanda mais do que os físicos ou pesquisadores de altas energias, por exemplo. Eles precisam de estratégias de arte e tecnologia que exigem sistemas de áudio e vídeo perfeitos. Temos aprendido muito com outras disciplinas, como a medicina”, destaca.
De acordo com Silva, este trabalho será desempenhado em conjunto com as universidades, o MEC e o MCTI, para estabelecer um ambiente capaz de enriquecer as experiências de alunos e professores dos programas de pós-graduação. “Temos que fazer um dever de casa também, porque há questões de requisitos que muitas vezes dificultam o uso da tecnologia pelos habitantes do campus. São questões culturais e requisitos para garantir segurança que precisam passar por revisões, a fim de popularizar o uso da rede. Por isso a RNP estabeleceu a meta de se aproximar dos programas de pós-graduação, sobretudo. E trabalhar de forma mais integrada com diretores de TI dos campi e reitores”.
Rede de alta conexão interligará região Amazônica
Outro eixo muito estratégico, segundo Silva, é construir uma infraestrutura escalável para essa rede de longa distância. Ele explica que a RNP já tem uma infraestrutura que coloca o Brasil em um estágio confortável em termos de redes de alto desempenho. “Mas é preciso migrar para uma infraestrutura que que possa crescer nos próximos 30 anos a um custo marginal. Isso inclui uma iniciativa especial na Amazônia, a Amazônia conectada, um projeto do Exército desenvolvido em conjunto com a RNP e o Governo do Estado do Amazonas”, detalha.
Rio é cabo subfluvial
A aposta, segundo Silva, é usar rios como vias para cabos subfluviais. Ele diz que em 22 de abril será inaugurado um trecho com 10 km no Rio Negro. “No caso do Rio Negro, que tem uma configuração mais rochosa, o cabo será fixado no fundo. No Solimões, não vai ser fixado, porque o fundo tem muito sedimento. Uma das características do projeto é desenvolver tecnologia que possa ser adaptada aos rios amazônicos. Nossa expectativa é ter, este ano, um trecho de 220 km. Vamos poder incluir um percentual enorme da população, ligar 29 instituições”, destaca Silva.
Ele explica que o Exército lidera essa prova de conceito, que tem o apoio e participação da RNP e do Governo do Estado do Amazonas. O projeto, que vem sendo discutido no âmbito ministerial, vai estimular a participação do setor privado. Silva diz que esse papel de prover a infraestrutura é natural do poder público, e a iniciativa privada terá infraestrutura para uma oferta mais ampla de serviços de telecomunicações.
“As questões ligadas à saúde e à educação à distância criam um ônus altíssimo com a falta de uma infraestrutura adequada. Usamos satélite hoje para interligar as instituições na região Amazônica, que é uma tecnologia cara e com baixa qualidade de sinal. Esse projeto pode ser uma resposta para essa região”.
Cooperação internacional
No âmbito internacional, a RNP está contribuindo para aumentar o desempenho do uso de redes na África e na América Latina. No continente africano, o destaque é o projeto desenvolvido pelo MCTI e o Ministério de Ciência e Tecnologia de Moçambique, em que a RNP compartilha sua expertise para uso de redes avançadas no fortalecimento da Rede Moçambicana de Ensino Superior e Pesquisa, a MoRENet.
O diretor-geral da RNP explica que o plano de trabalho contempla três eixos de atividades. “Vamos atuar na capacitação em Tecnologia da Informação; no intercâmbio de boas práticas em gestão e governança de Redes de Pesquisa e na troca de informações sobre gestão técnica e operacional. A parte moçambicana tem especial interesse nos projetos de rede sem fio universitária, já que existe a expectativa de implantação em 16 campi do país”, conta Silva.
A RNP, por conta de sua experiência com a Escola de Redes, que há um década qualifica especialistas em TICs (Tecnologia da Informação e Comunicação ), está contribuindo na qualificação de profissionais da MoRENet. Silva diz que houve um grande esforço para montar um serviço de alto desempenho de videoconferência, que foi testado em março, e está pronto para ser usado em capacitação a distância.
“Temos poucos professores, além de o deslocamento até Maputo não ser tão fácil. A videoconferência resolveu esse problema, além de ser um instrumento poderoso para eles em outras áreas, como telemedicina. O país também tem uma cooperação com a Embrapa, que poderá usar essa infraestrutura para continuar o desenvolvimento de projetos conjuntos. Eles estão entusiasmados com o conteúdo da nossa Escola de Redes, que nasceu aqui justamente com a estratégia de suprir a falta de qualificação profissional nos campi em termos de infraestrutura de redes”, explica Silva.
Na América Latina, um dos países mais próximos no intercâmbio sobre altas tecnologias para redes é a Colômbia. Silva diz que o projeto nasceu pela aproximação das redes nacionais de pesquisa dos dois países. “Eles nos pediram o conteúdo dos cursos da Escola de Redes, que aqui tem, em média 40 horas, e montaram uma pós-graduação com carga horária de 300 horas. Temos contribuído para aumentar o desempenho da rede deles, a RENATA. Pelo acordo, eles traduziram o conteúdo dos nossos cursos e os adaptaram para o modelo de especialização, com duas linhas principais, governança e segurança”, detalha Silva.
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