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Lúcio Flávio Pinto

Sinais de intranquilidade


Sinais de intranquilidade - Gente de Opinião

Foi muito rápida a visita que o presidente Jair Bolsonaro acaba de fazer à Fortaleza de São José da Ilha de Cobras, no centro do Rio de Janeiro. Seu discurso não foi além de quatro minutos, apesar do caráter festivo da cerimônia, realizada para comemorar o 211º aniversário do Corpo de Fuzileiros Navais.

O presidente entrou e saiu sem falar com a imprensa. Parecia intranquilo e inseguro. Talvez por isso, entre seus pares, tenha feito um discurso do tipo curto e grosso. Declarou que considera uma missão a vitória que alcançou nas eleições do ano passado, mas deu a sua interpretação própria ao fato:

 “A missão será cumprida ao lado das pessoas de bem do nosso Brasil, daqueles que amam a pátria, daqueles que respeitam a família, daqueles que querem aproximação com países que têm ideologia semelhante à nossa, daqueles que amam a democracia. E isso, democracia e liberdade, só existe quando a sua respectiva Força Armada assim o quer”.

Ora, se a constituição federal afirma que o Brasil é uma república organizada sob a forma democrática, as forças armadas se enquadram nessas premissas. Sair da ordem constitucional é golpe de Estado. Não há nada, na conjuntura nacional, que autorize o presidente a fazer essa interpretação.

Grande parte da instabilidade que o país vive atualmente decorre de iniciativas do próprio Bolsonaro e dos seus filhos, sobretudo de suas declarações desconexas, abusivas ou absurdas. Não precisam da ajuda da oposição para criar problemas para si e para os estupefatos brasileiros, dentre os quais, certamente, se incluem os militares, incluindo o vice-presidente.

O general Hamilton Mourão procura cada vez mais se diferenciar e se isolar do capitão-presidente, provavelmente em busca de lugar seguro para a eventualidade de efeitos cascatas dos movimentos dos Bolsonaro.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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