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Gente de Opinião

Orlando Cavalcante Pereira da Silva Junior

A procissão, o carnaval e a 'puliça'



Embora tenha eu sido criado em uma família muito religiosa - Dona Maturina era carola de carteirinha, eu não sou tanto assim.

Fui à missa bastante quando ainda estava sob a égide de pai e mãe e depois fui gradativamente me afastando até que hoje, vou apenas em situações especiais como batizados, casamentos ou crisma de pessoas próximas.

Todos amigos sabem que não gosto de ir a velório. Vou quando é de familiar ou de amigo de coração, pois gosto de manter a imagem da pessoa como vista pela última vez viva.

Brinco que só vou ao meu velório pois sou obrigado a ir, se assim não fosse, mandria alguém em meu lugar, para me representar.

Fui muito de ir a procissões "Do Senhor Morto", "Corpus Christi", e São Francisco, que não perco por nada, ainda mais que cumpro o pagamento de uma graça alcançada.

Também já fui muito de ir a carnaval, quando tínhamos carnaval de clubes - ficando na porta, quando pequeno, tentando "furar" para entrar lá. Depois, já possuindo como pagar, optei por ir a alguns clubes, como Flamengo, Botafogo, Ypiranga e Ferroviário, em Porto Velho.

Depois, já sem carnaval de clubes, passei a ir aos carnavais de rua, não perdendo um. Do Bloco "Imigrantes" até o "Kagalho", passando por "Bloco do alho", "Galo da meia-noite" "Bloco do vai quem quer". Não podia ouvir nem barulho de ar condicionado em ritmo de carnaval que eu estava lá.

Hoje estou mais velho, já cansado e decidi "elitizar" minhas escolhas. Carnaval, apenas alguns e procissão, somente a de São Francisco.

Pois bem, ontem, dia 4 de outubro, dia consagrado a São Francisco fui pagar meu prometido ao santo e tive uma "puta" surpresa quando ouvi a senhora que estava comandando o cerimonial da procissão, pedir aos fieis que usassem apenas um lado da rua, pois, conforme determinação da "puliça", não seria possível usar a rua toda.

Brincadeira!

Brincadeira de muito mau gosto pois vejo todos os anos, principalmente no dia que sai o "Galo da meia noite" e "Banda do vai quem quer", as ruas serem interditadas ainda pela manhã.

Olhem que não é rua qualquer não. São as ruas Carlos Gomes, Rogério Weber, Sete de Setembro, Pinheiro Machado e outras mais sem expressão.

Já tive que deixar meu carro, no Bairro do Areal, perto da Rogério Weber, para poder ir ao Colégio Estudo e Trabalho, à pé, pois o trânsito estava interditado pra passagem de um bloco carnavalesco.

É um contrassenso, vermos que em uma folia, em que "rola" de tudo a "puliça" interdita artérias com grande fluxo de veículos e quando de uma profissão de fé da população, é apenas autorizada meia pista.

Parabéns ao público que esteve na procissão de São Francisco que, de forma ordeira, não obedeceu a determinação da "puliça" e utilizou a pista toda, tendo os "marronzinhos" da prefeitura desviado o trânsito de veículos.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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