Domingo, 17 de maio de 2009 - 08h07
Nomeação de Cahulla candidato ao governo é tentativa de Cassol de ganhar 3º mandato
1 – HABEMUS CANDIDATO
Não tem mas, nem meio mas. O candidato do governador Ivo Cassol (afastado do PPS) à sua sucessão é o próprio governador Ivo Cassol. Quer dizer, é o vice do governador Ivo Cassol. Ou seja, é o vice-governador – o João Cahulla (PPS). Enfim, é tudo a mesma coisa. E é exatamente por isso que, dora em diante, o Chefe do Executivo estadual está dispensando os serviços tanto do senador Expedito Júnior (PR) quanto do deputado Neodi de Oliveira (PSDC), até enquanto alternativas com alguma probabilidade de erigirem-se em candidaturas ao governo capazes de dividir com Cahulla, no 1º turno, o apoio do Palácio Presidente Vargas
Diversamente do que ocorre nos partidos – a exemplo do PT e do PMDB, para ficar apenas em duas das alusões locais -, no grupo situacionista já não há mais pré-candidaturas. Depois que Cassol bateu o martelo para valer, antes de seguir para o Chile, o que restou por lá (no conglomerado oficial) é, na mais neutra das hipóteses, pré-candidatura. Que já é, de fato, uma candidatura, só não se a chamando como tal para o que der e vier de modo a não afrontar muito desafiadoramente a lei (segundo a qual só se pode falar em candidaturas após as convenções de junho do ano que vem). Para efeitos práticos, no entanto, a nomeação de João Cahulla como aquele que encabeçará a chapa governista na eleição de 2010 já é e será sempre referenciada como candidatura mesmo.
Aliás, é até uma impropriedade pretender esperar do grupo comandado por Cassol um procedimento análogo aos dos partidos políticos propriamente ditos. Pela simples razão de que, na confraria em questão, os partidos políticos não são apenas acessórios, estruturas sem importância, organismos anódinos. São menos que isso. Possivelmente há tempos, mas com muita ênfase neste segundo mandato, para Cassol e acólitos, os partidos são um estorvo. Que ainda se justificam por dar suporte ao registro de candidaturas e permitir o encaminhamento das campanhas eleitorais por intermédio do rádio e da televisão. E só.
2 – PARTIDOS ZUMBIS
Na hipótese de que se pudesse registrar candidaturas avulsas, com toda certeza Cassol já teria mandado às favas os partidos políticos. Pois não há partidos no governo e, surrealismos dos surrealismos, tampouco os há na base aliada do governo na Assembléia Legislativa - ao menos no sentido de poder participativo. E a rigor, pelo menos lá, Cassol logrou a proeza de dissolver também os partidos contrários, porquanto, dos quatro deputados do PMDB, um virou líder do governo e os demais se encontram completamente abduzidos. E nem o PT consegue hegemonia para se apresentar como bloco de oposição. Um espanto.
Nesse particular, não por acaso, quando o silêncio que irrompe é cúmplice demais da conta, ou seja, quando nem uma ação do governo algo despótica é capaz de quebrar a taciturnidade parlamentar reinante, observe-se que é o próprio presidente regional do PT, Tácito Pereira, que toma a palavra para tentar livrar a bancada do vexame total. Como, para ficar em apenas um exemplo, no final do ano passado, quando Cassol mandou repaginar uma tal de “Comissão de Controle” para investigar instituições e o debate que se estabeleceu foi entre os governistas e a direção petista tentando fazer as vezes da bancada acabrunhada.
Considerando que as instituições estão todas funcionando, a constatação é a de que nunca existiu, em toda história desta unidade federativa (aí incluído o período em que se foi Território), um governador tão poderoso quanto Cassol. Afora Lula da Silva (PT), não há no país outro governante que, como Cassol, tenha poder para nomear o seu candidato à própria sucessão com tanta antecedência. Hoje, de todos os Estados, Rondônia deve ser aquele em que o espaço público encontra-se mais drasticamente reduzido, dramaticamente desfigurado e melancolicamente agonizante. Em Rondônia, o cidadão – suas representações – não se encontra mais em parte alguma da administração do Estado, tendo desaparecido sem deixar vestígios tanto no Executivo quanto no Legislativo.
3 – TERCEIRO MANDATO
Entender mais extensamente a singularidade e a enorme complexidade desse fenômeno exigiria explicações que este espaço não comporta. Num olhar fugaz, porém, o que se pode enxergar é que, em vez de força, violência ou algum tipo de coerção mais forte, Cassol tem construído e estabelecido seu imenso poder basicamente fazendo ouvidos de mercador para as instituições, por um lado, e comportando-se como chefe de família em relação aos aliados e aos governados, por outro.
O chapéu e outras informalidades na composição do figurino com que se apresenta nas solenidades são a síntese simbólica desse mecanismo. Enquanto se lixa (fazendo questão de deixar isso claro) para as outras dimensões do Estado, espezinhando suas liturgias, estreita e refina sua identificação com o povão – valorizando suas rusticidades. E vai longe nisso. A freqüência com que não perde uma oportunidade para se misturar à galera numa pelada de futebol é só uma das inumeráveis extensões dessa estratégia.
Falar a linguagem do povo, mostrar que não escolhe adversários, agir como o grande provedor, não levar desaforo para casa, controle pessoal e absoluto da administração e valorização extremada de fidelidade são outras características que ajudam a compor a figura do “pai de família” – expressão que em grego se exprime pelo termo “despotes”. Isso mesmo leitor, de onde provém a palavra déspota. Junte-se a isso um enorme carisma e uma calculada e ocasional afabilidade e ter-se-á também o grande sedutor.
Além de o conjunto resultar em um enfeixamento de poder para lá de intimidador, para Cassol não há meios termos – quem não está a favor, é do contra, é adversário, é inimigo, enfim. Razão pela qual já está estabelecido que, em relação à candidatura oficial, os políticos governistas e seus partidos abdicam do direito de participar do processo escolha. O candidato é João Cahulla e ponto final. Resta saber se o eleitorado também resignar-se-á a homologar o nome já escolhido. Cassol, claro, aposta nisso. Até porque estará envolvido, na prática, numa disputa pelo terceiro mandato.
Fonte: Paulo Queiroz / www.gentedeopiniao.com.br / www.opiniaotv.com.br
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