Terça-feira, 21 de agosto de 2012 - 10h59
Sempre falo nas histórias que meu pai me repassou, seja pelo que ouviu contar, seja pelo que viveu nas suas andanças pelos sertões do Rio Branco (hoje Roraima, lugar do seu nascimento), seja em Itacoatiara onde morou, seja em Manaus, seja, enfim onde passou a maior parte de sua existência: o eixo Mamoré/Guaporé (terra onde está sepultado).
Ele deixou um escrito relatando sobre a fantasia, em face do exagero recolhido das histórias da Cobra Grande, como aquela de um velho amigo do meu avô Mizael, o Basílio Regatão, aventureiro que subia e descia o Rio Solimões, em cuja praia, próxima a Benjamin Constant fora encontrada uma enorme sucuri, que havia engolido um boi, cabendo o destaque de que a cabeça do mamífero ruminante ficara “enganchada” na boca da grande cobra, chamando a atenção os chifres expostos, dando ao observador a idéia de um animal desconhecido, jamais visto, surgira na face da terra.
Outra narrativa por mim encontrada dá conta da experiência do seu conhecido, o Picanço, afirmando que, num lago existente um pouco acima de Coari, uma comissão de técnicos americanos que, nos anos 40 ou 50, faziam umas prospecções, umas sondagens, possivelmente antecipando-se às descobertas que naquele município acabou sendo confirmadas pela Petrobras –gás– transferiu dos Estados Unidos poderosas bombas que, implantadas nos barrancos do lago, deixaram-no tão seco que surgiu uma “baita” sucuri, bastante nervosa, fazendo profundos sulcos no leito, quando foi procurando uma saída em direção ao rio, finalmente abatida a tiros.
O Picanço afirmava que foi uma artilharia tão pesada que alguém distante poderia imaginar haver recomeçado uma guerra.
Depois se comprovou que a fera tinha 22 metros de comprimento e o diâmetro era descomunal, tanto que um homem, com mais 1,70 m, com chapéu, não via o outro no lado oposto.
Na verdade, nós “Caboclos amazônidas”, quando fazemos uma leitura de nossas vivências, temos essa capacidade para aumentar o tamanho dos bichos com os quais nos deparamos.
Numa crônica anteriormente escrita citei a observação experimentada nas cercanias de Conceição pelos personagens ali citados. História parecida foi relatada como verdadeira por alguns moradores do rio Purus, eis que, num dos remansos formados naquele rio, moram cobras grandes, tamanhos descomunais, confundidas como barcos enormes, nas noites escuras, pois aparecem nos raros estirões ali existentes, imitando o ruído de uma composição fluvial, sobressaindo nas narrativas, um brilho intenso superior ao de tochas acesas, como se fossem dois faróis acesos, mas que seriam, na verdade, os olhos da “bicha grande”.
Durante a vida de meu querido pai, que navegou por mais de 50 anos, na bacia do rio Guaporé, ele descreve que a maior sucuri com que se deparou mediu 9 metros, encontrada numa baía acima da foz do rio Branco, seu afluente. Dizia ele que possuía uma grossura equivalente a um pequeno galão de 20 litros.
Acima de Vila Bela da Santíssima Trindade, o Guaporé corre por entre um buritizal que aterroriza o aventureiro que desejar enfrentá-lo, pois é lugar tenebroso sendo possível um encontro com essas feras pavorosas.
A Cobra Grande existe, possivelmente, não nos tamanhos aqui exageradamente descritos, mas a lenda sobre a Boiúna, a Cobra Norato, a Anaconda violenta está ai, transitando no seio das diversas gerações, fazendo histórias e ampliando os mistérios que esses mitos encerram.
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