Quarta-feira, 14 de agosto de 2013 - 08h31
Na madrugada abriu os olhos e espreguiçou-se; seus joelhos rangeram, mas levantou-se! A coluna lhe cobrou perda de peso; mesmo assim caminhou em direção a janela pintada de verde, guardando uma sintonia harmonizando-se com o cenário externo captado.
Amanhecia! A vida também acordava!
Enfim, depois de anos, o homem olhou para fora e percebeu que aquelas flores que, desde 1995, estavam eternizadas ali à sua frente e ele, embora as visse, não as enxergava com a agudeza de sentidos que, depois de tanto tempo, as descobriu lindas, da cor púrpura, num feliz contraste com as folhas amazônicas que as protegiam.
Mas, na verdade, quem despertou foi o homem “adormecido” na sua capacidade de ver e enxergar, aquela planta, ali soberanamente tão majestosa, que gerava flores tão especialmente lindas.
Uma lufada de vento foi determinante para que as flores exalassem e sentissem o próprio aroma de suas pétalas que se embalavam na fluidez do ar renovado pelo trânsito do vento novo que se espraiava.
E da janela pintada de verde aquele homem, depois de tanto tempo, observava como se fora um ambiente absolutamente novo a cena do balançar das flores de cor púrpura a se movimentarem ao sabor do vento que as ia ninando.
O ser humano tem percepções muitas vezes desajustadas. É preciso perder um ente querido para lhe dar valor; é necessário sofrer danos para lembrar-se de Deus; é através da escassez que consegue aprender a não ser perdulário; é, enfim, em decorrência do sofrimento que consegue mudar seus equivocados comportamentos, suas negligências e suas omissões, para redescobrir as virtudes e os encantamentos não identificados nos seus semelhantes, às vezes ali tão próximos e tão devotados.
Quantas e quantas vezes um auxiliar é desrespeitado e negligenciado pelo chefe que o vê, mas não o enxerga, como imprescindível na sua vida familiar ou profissional...
Quantas e quantas vezes não vemos através das janelas dos nossos olhos e das portas do nosso coração a lealdade, a devoção de alma e de espírito da esposa ou marido, dos filhos, genros e noras, sogros e sogras, enfim dos amigos mais chegados, que sempre estão lá, prontos para servir, ajudar, orientar e direcionar.
E o tempo passa, o tempo voa... e nem vemos (por isso nem reconhecemos) as cores mais vivas das virtudes dessas criaturas.
Quantas e quantas vezes, desde a mais tenra idade deixamos de olhar e cumprimentar o zelador da escola... o porteiro do prédio onde moramos ou trabalhamos... o ascensorista educado e prestimoso que manobra o elevador... a moça (ou o moço) que prepara o cafezinho, com desvelo e amor...
Quantas e quantas vezes deixamos de agradecer ao carteiro... ao policial que controla o trânsito ou que nos protege contra a violência... o sacristão que abre a igreja... o vendedor da loja que nos recebe com um sorriso. Quantas vezes, quantas vezes!...
Afinal são flores coloridas e perfumadas que vicejam ao nosso derredor, que se retroalimentam em cima do anônimo amor cristão, polinizando a nossa trajetória com o néctar da dedicação, concedendo-nos a força e a energia para que possamos voar mais alto.
Por que esperar tanto tempo para abrir as janelas da alma e admirar a vida e as criaturas lindas e bondosas que navegam no mesmo barco que nos conduz?
Sim, barco veloz que vai e não volta, mas tem um nome... esse barco se chama VIDA.
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