Terça-feira, 4 de setembro de 2012 - 14h24
A gaiola que encarcera a vida do passarinho é como a masmorra que restringe a liberdade de um indivíduo.
A Gaiola prendeu a ave, que nasceu livre para voar; e os proprietários da cadeia recolheram o homem que, no estado em que se encontrava, de absoluta necessidade, procurou no pão de outrem o saciar da fome de seus filhos.
Um tipo de amor egoísta fez o homem tirar a liberdade da ave para admirar-lhe a plumagem e o cantar. Assim como o passarinho o homem surgiu livre para amar, crescer e multiplicar. O egoísmo fez o homem roubar, matar, vilipendiar e nutrir-se de insano ódio contra o seu semelhante.
Carlos Seabra nos ensina que “um pássaro recolhido na gaiola, sem liberdade, é como enxergar o alimento ali a sua frente e não poder degustá-lo; é como um palhaço triste que esqueceu o inato talento para fazer rir”.
Alguém já destacou que o “trabalho é peça fundamental na construção da dignidade do homem, pois além de contribuir para o seu aperfeiçoamento moral, favorece a construção e o fortalecimento das relações sociais”.
Com efeito, porém a ausência de trabalho o aprisiona, antes que, qual cidadão de segunda linha, venha a malograr o seu principal vínculo com a alegria, com a falta de vontade de viver, vez que, ante a intensidade negativa do desemprego, passa o indivíduo a comprazer-se com a escassez de esperança. Num recinto fechado olha ao derredor e nada vê. Deixa escapar a fé em si e nos homens de boa vontade...
Em 1956, na ONU, durante uma reunião do Conselho de Segurança, o Premier russo Nikita Khrushchev (que jamais faria a minha cabeça) tirou o sapato, bateu com ele na mesa e perguntou: "Qual a liberdade de um operário desempregado?"
Trancaram o passarinho numa casinha feita de arames e pequenas ripas, uns “furaram-lhe os olhos para que pudesse cantar melhor”. O pássaro engaiolado não canta, não... emite lamentos ao céu, pedidos de socorro que lança ao léu, como se fosse uma oração rogando pela libertação.
Ora, o homem sem trabalho perde a dignidade; um pássaro preso carece da vontade de cantar, fica dependente da comida industrializada que lhe servem e passa a ser indulgente com a solidão... e murcha...
Ambos na clausura dão os primeiros passos em direção à eternidade... e começam a morrer mais cedo.
Mahatma Gandhi, um sábio, nos legou que “a prisão não são as grades, e a liberdade não é a rua; existem homens presos na rua e livres na prisão. É uma questão de consciência”.
Também o homem sem estudo acha-se aprisionado, ignora a capacidade de viver em sociedade, antes de tomar consciência, antes de ter a convicção de que o conhecimento o eleva perante si mesmo, posto o mundo de discernimento que amplia a sua própria compreensão dos espaços ao seu derredor, e acaba constatando que, assim como os pássaros, ele nasceu para ser livre. Liberdade –a essência da vida animal.
Ele depende de informações sistematizadas para libertar-se das correntes que o limitam e dos véus que lhe cobrem o rosto impedindo a visão de luz, intensa claridade que está ali ao seu lado, ai no seu entorno; o pássaro, aquele ser multicolorido, cantador, é dependente do céu para jamais esquecer da sua capacidade de voar.
William Blake lembra que “como pode uma ave, nascida para a alegria ficar numa gaiola e cantar”... afinal, “como pode o peixe vivo viver fora da água fria”.
Andar livre é a razão de ser do homem, no seu ir e vir, despojado de amarras. Voar em direção ao infinito é inerente ao passarinho que Deus colocou nas asas do meio ambiente para engalanar a natureza
Carlos Drumond de Andrade registra, com sabedoria – sempre ele – que: ”O pássaro é livre na prisão do ar. O espírito é livre na prisão do corpo”.
Liberdade onde estás que não respondes?
Liberto será o Ser que possa merecer o alimento na dose certa. Ao homem, para recolher a dignidade concedamos a chance de ter, além deste, o agasalho que o retira do frio, o estudo que o faz superar as carências com vistas chegar à educação plena e à racionalidade; e um trabalho que possa dignificar a liberdade, esta como a sua busca frenética e incessante. Só assim seremos felizes, bem mais felizes.
Noutra vertente se vê, contudo, que em certas regiões brasileiras, há pessoas trabalhando, pagando impostos para sustentar um crescente número de pessoas que não trabalham. Há famílias que se arrimam em cima de uma reles aposentadoria dos pais ou avós.
Finalmente, fiquemos ao lado de Voltaire: “O trabalho poupa-nos de três grandes males: tédio, vício e necessidade”.
Palavras de um sonhador!
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