Sábado, 14 de janeiro de 2012 - 09h34
Clique AQUI e ouça Stefana de Macedo - História triste de uma praieira ( Jangadeiro - 1929 ) |
Essa canção, criação de Stefana Macedo foi imortalizada, em primeiro lugar por uma guaporense, ilustríssima para mim e para tantos; depois, Inezita Barroso a consagrou no mundo discográfico nacional.
Ocorre que essa música gravada quando eu nem pensava em nascer, em 1929, como disse, ficou imortalizada na voz da minha tão afetuosa tia do coração que, qual estrela habitava desde pequenino um lugar nos meus mais puros sentimentos, em função da intensa amizade que unia meus pais a ela e ao marido Giácomo Casara, emoção tão forte que se transferiu, como por encanto, para os da minha e demais gerações.
Tia Estela foi chamada por Ele, e viajou envolvida em tanta luz para os braços de outros sobrinhos, um deles, apesar de infinitamente mais velho, atende pelo nome de Jesus.
Casualmente, um dia antes da sua partida, eis que reencontro pela internet, um sobrinho dela, filho do mano Almir Madeira, o Almério Madeira, meu amigo de infância e juventude, a quem, transmiti a infausta noticia. Ele me disse: “eu percebi pela Neide que a Tia estava voltando para a sua casa. E as trombetas estavam tocando pela sua volta... era a hora...”
Clique AQUI e ouça Teca Calazans - História Triste de uma Praieira |
E assim como eu, o Almério recordou da emoção quando a ouvia cantar a música-História Triste de Uma Praieira. Por quê? E ele, o Almério, como quem estivesse contando uma passagem bíblica, tão compenetrado, disparou:
– “Ah! Acreditem! Eu acompanhei ao violão a tia Estela cantando essa música...Sim, lá no casarão! Eu lembro muito bem do seu estilo...A alma vinha junto com a voz...aquele semblante não esqueci, nunca! Eu me emocionava...Ela comentou: "O Almério se entrega no acompanhamento" Mas, ela, com aquela voz é que me contaminava com algo bem superior e sublime, que vinha de dentro dela. Ah! Gente! Vamos na alegria dela...Ela está dentro de cada um de nós...Avante!”
Um dia, ainda em 2009, escrevi sobre ela, a tia Estela, quando postei “a Professorinha do Guaporé”. A crônica foi lida em Manaus. O leitor a repassou para a sua Mãe, que desejou ouvir novamente a “História Triste de uma Praieira”, por mim citada no texto. E aquela veneranda Senhora se emocionou ao relembrar, aos 94 anos, aquela música, que lhe tocara tão profundamente, quando moça.
Mas, o certo é que tia Estela desde que nasceu, cresceu, estudou, ensinou, casou e constituiu uma família, já não pertencia ao planeta terra. Era divina no sorriso, nos ensinamentos, nas mensagens filosóficas e no amor ao próximo. Ela sabia como “salpicar de estrelas o nosso chão”!
Clique AQUI e ouça HISTÓRIA TRISTE DE UMA PRAIEIRA - Mauricio da viola-Verde gais |
Quando alguma dor, eventualmente lhe andava ao derredor, ela sorria e dissimulava, humilhando aquele espectro que saia de fininho, envergonhado por ter escolhido aquele espírito iluminado, para lhe fazer cair na tentação de afastá-la do seu credo, do seu rumo, do seu Norte: viver feliz, alegrando a quem alegrasse... Pois, o sorriso, ela sabia, é o bálsamo que acalma e aquece, afastando para longe os males que nesta terra se padece...
Naquele seu lar, a alegria reinava, a partir dela, rainha absoluta de um império espiritual tão rico e aconchegante. Todos os filhos sinalizam e dominam até hoje aquele ambiente de celebrações virtuais e reais, mas que jamais negligenciou com a honra e o pudor, a moral e os bons costumes.
Quase todos, entre os filhos, manejam um instrumento ou cantam muito bem. Herança do avô materno, José Inácio Madeira, que dominava a flauta, o acordeon e o violão..
E naquele reinado, só descoberto por quem freqüentava a casa, todos se contagiavam com o clima de elevado astral e todos viravam integrantes de uma Corte, em que durante o tempo todo se ensaiava e se atuava em nome da alegria.
O tempo passará, as horas passarão, mas a imagem grandiosa de tia Estela Madeira Casara permanecerá, ela, mulher Mãe, mulher esposa, mulher líder, mulher com alma de artista, mulher filósofa, mulher amiga, mulher educadora, diversas pessoas reunidas na mulher santa —abnegado arcanjo— que, soberanamente, foi promovida para cuidar, num plano infinitamente elevado, de espíritos tão plenos de luz, quanto ela, que nos sensibilizava, emocionando a todos, flutuando no instante em que cantava “A Triste História de Uma Praieira”.
Delicadeza que encantava, em função do talento que lhe sobrava...
Tia Estela, “das lembranças que eu trago na vida, você é a saudade que eu gosto de ter”...!
Crônicas Guajaramirenses - O poder do m da palma da mão
O M que lembra a palavra Mãe é o mesmo M que, conforme o Cantador nos ensina: é onde na palma de nossa mão principia o nome Maria.M que se une a ou
Crônicas Guajaramirenses - Olha pro céu, minha gente!
Azul, o nosso céu é sempre azul... Diz uma estrofe do Hino de Rondônia. Será?Bem antes do nosso “Sob Os Céus de Rondônia”, tentaram nos ensinar que:
Crônicas guajaramirenses - Por quê?
Por quê os prédios públicos são tratados pelos homens e mulheres do meu tempo com tamanha indolência? Preguiça, ou será má vontade?Por quê o edifíc
Crônicas Guajaramirenses - As águas negras e as águas barrentas
Sempre me comovo ao observar o encontro das águas, que, no caso rondoniense, são os beijos gelados entre os rios Guaporé e Mamoré e deste com o rio