Sexta-feira, 6 de abril de 2012 - 09h42
Convido-os a passear comigo nas trilhas virtuais, bastante floridas, de algum lugar do planeta (poderá ser aqui em Rondônia, numa fronteira), em que os sons emergem e onde encontro gente do bem, cercada de natureza por todos os lados.
A minha mão segura a mão do arcanjo e, assim, navego na minha imaginação. E nesse pic-nic surreal que, depois, pretendo narrar para os meus poucos leitores já observei que me acho concentrado, sentidos atentos, visando a não desperdiçar nenhuma emoção que possa surpreender-me.
E nessa caminhada vou ouvindo música, pegando lampejos de sol, pensando na noite de lua cheia, vendo muita água, ao tempo em que o vento me beija o rosto. Penso na minha trajetória e não tenho mais medo...
A música que enleva é a mesma que inspira. É símbolo de vida, síntese do talento divino, que é transferido através da arte. Sou por ela apaixonado e a ela me entrego desesperadamente, sem esperar reciprocidade.
Amo valorizar a luminosidade do sol e o brilho ora prateado, ora dourado da lua cheia.
O rio ao correr, deslizando ante a força da gravidade, rumo a sua foz, me acalma e me seduz.
A mansidão do lago, que adorna as suas margens verdejantes, reproduzindo o reflexo das nuvens e as longas cabeleiras das altas árvores do seu entorno, me fascina, logo me enfeitiça.
O vento que sopra do Norte, ou do Sul, faz o farfalhar das folhas das verdes matas, o que me impressiona positivamente porque sinaliza a vida em movimento, que está a nossa disposição.
Até a neblina, que ao amanhecer esconde o sol, o meio, as margens e a curva do rio, silencia a passarada, mesmo às 7 horas da manhã. Lá longe, porém, me chega o cantar da curica despertada, demonstrando que há alguém mais ao redor de mim e dos demais que me acompanham.
Poderá ser final de março, começo de abril que vai se reinventando. Até a pomba-rola, a nossa galega, vai arrulhando, tentando exprimir-se com aquele som meio rouco, como se estivesse sentindo a dor mais pungente do entorno.
E o dia vai caminhando, dissipando a neblina quando os pássaros surgem como que por encanto, pois, sendo aves com hábitos diurnos, amam a claridade que o sol vem trazendo.
E no silêncio do momento que mal enxergo o cenário ali mais adiante, em face da luz opaca, vejo o fervilhar do cardume de jatuaranas se movimentando, mais abaixo, rumo à reprodução, desconfiadas da presença do boto tucuxi, naquele instante nada sedutor, mas instintivamente voraz.
O cantar dos passarinhos me arrebata e me “corrompe” afirmativamente porque percebo a presença de Deus, através da frenética agitação que neles posso sentir e observar, como se estivessem agradecendo ao Criador pelo alimento que lhes nutre e pela abençoada comida que lhes sacia.
Lá longe a serra –em que pese a distância– experimento a sensação da água que desce da encosta da montanha, tão límpida e cristalina, rebolando no pedregal; será como o oxigênio que, no campo físico me move, para o reconhecimento espiritual de que a mão de Deus através dela, criou a vida e a emoção do viver em comunhão com o planeta, obrigando-me a ser um dos mensageiros para cuidar dos nossos mananciais.
O nascer do sol, sempre multicolorido, me capacita para o começo do dia e o pôr-do-sol dirige a minha alma para o dever moral de orar e agradecer.
Observar ao longe a serra, que adentra na cordilheira me faz sonhar, desejando crescer no sentido de adquirir mais conhecimento e, assim, melhor analisar, de cima, os assuntos que devem ser ponderados de forma racional, sem emoções, de forma substantiva, sem adjetivações, com ânimo sempre de acertar.
Ontem vi a chuva torrencial caindo, no instante em que me trouxe o cheiro da terra molhada, me recordou que a natureza, a partir daí, se recicla por conta da ambiente natural, renova a biodiversidade, em beneficio da humanidade, que, depois, recolherá a abundância e uma dose, um dedinho que seja, a mais de esperança.
O sorriso espontâneo do irmão ao meu lado transporta a crença no gênero humano, assim como a nobreza que observo nas ações dele me cativa e me impõe a obrigação de seguir esse bom exemplo.
Dele recolho um conselho tempestivo, oportuno, em tão boa hora disponível, de forma espontânea, enfim, uma lição de vida, a orientação do mais velho, que me emociona porque elimina a chance de erro e de equívocos e são a prova de que lealdade, devoção de alma e de espíritos valerão sempre e muito mais, –elevadas a última potência– do que o elogio fácil e a bajulação que derrubam o indivíduo, pela vaidade que aguça e pela soberba que desestabiliza.
De novo, desse irmão aprendi: a mão estendida, implorando auxilio, tem o mesmo valor da mão ligeiramente inclinada que abençoa; o cumprimento com a cabeça em reverência lembra o respeito que devemos às pessoas mais velhas, aos Mestres e às autoridades sérias que nos gerenciam.
A bênção maternal, que representa os sentimentos de amor, pedido de proteção e anseio de desejar a prosperidade ao filho e ao neto, tem o meu incentivo, pois me sensibiliza e me emociona ao extremo pedir e multiplicar graças divinas... e, na outra ponta, ser abençoado...
Assim, vou seguindo o meu caminho, ouvindo músicas, auscultando pessoas e observando as mensagens que a natureza nos envia, desejando nos ensinar que vale a pena respeitar os seres, a vida e os mandamentos que provêm do Livro Sagrado, por sua sabedoria e filosofia tão bem delineadas, por isto tão definitivamente resolvidos e sacramentados.
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