Quinta-feira, 15 de setembro de 2011 - 05h38
Paulo Cordeiro Saldanha*
E na cadência de Moonlight Sonata- do genial Beethoven vou me redescobrindo nas asas da emoção.
Cada acorde me transporta para o infinito da alma, no instante em que me debruço na varanda do horizonte.
Eis-me aqui a descoberto, coração a palpitar, sangue a fervilhar me encontrando com a paz, em cujos braços me entrego, porque a paz é feminina, é saborosa, doce como o melhor mel.
E deixo que ela, manhosa, encoste a sua cabeça no meu ombro e se emocione com a minha emoção. Vejo-a suspirar ansiosa desejando traduzir sua comoção com um lânguido olhar de sedução, deixando-me a seus pés.
E, assim, na tranqüilidade de espírito que a música produz, busco o sossego que relaxa, retira o estresse e me encaminha para um ambiente meio mágico, espaço igual àquele em que a melodia foi gerada, concebida e eternizada.
Seria como permanecer no mesmo lugar e ser levitado, tele transportado para um momento delicioso vivenciado no paraíso, de mãos dadas com um anjo, aquele Ser Espiritual que atua como mensageiro, dignificando a nossa relação com Deus.
Seriam os músicos do quilate de Franz Joseph Haydn, Beethoven, Chopin, Mozart, Schubert, Strauss, Bach, Tchaikovsky e tantos outros, a expressão maior de uma divindade que Êle, sempre Êle, colocou neste Planeta?
Já noutra faixa, a Comme Amour, vai despertando o meu sentimento, como lá, bem distante, o sol surgindo acorda a natureza, fazendo ecoar a vida nos matagais. Assim, vou energizando a minha alma para que se deleite com outras edições musicais, divinamente construídas sob as bênçãos celestiais. A rima foi sem querer, querendo...
Quem não se compraz, nem se desvanece, ante a suavidade de uma melodia que nos toca ou nos evoca uma época, um momento, um fato, enfim uma situação que, em suma, reflete a alegria ou a saudade gravada no fundo de nossas reminiscências?
Eu, por exemplo, ao ouvir Moscow Serenade, agora neste instante senti a presença de meu velho Pai, pois ele a ouvia enternecido, nas noites de luar, balançando-se na rede, num mutismo tal, que acabei de ouvir o mesmo silêncio e vi o luar tão intenso filtrar-se na janela de nossa casa, neste exato momento.
Ao meu derredor, apenas a música a preencher a caixa de ressonância de minhas mais felizes lembranças.
E meus olhos marejaram; ofegante ficou a minha respiração e meu coração incendiou-se mediante uma arritmia inusitada e meu cérebro se inundou de gratas recordações.
Mas, que fazer? pois meu Pai já não navega nos rios amazônicos, seu espírito atracou num porto, servindo agora a um Comandante infinitamente maior.
Assim como a poesia, uma gravura, um cenário, a música tem essa função: emocionar, elevar a alma, melhorar o astral, afirmar homens e mulheres num contexto cultural; mais que isso, a arte musical aproxima a humanidade, transferindo-se entre os povos, que a compartilham, numa troca multilateral, em nome do sentimento e do amor, mediante a criadora capacidade que o Ser humano tem, de imitar o cantar do passarinho, expressando a sua alegria ou a sua tristeza, sua sensibilidade e suas sensações.
* Membro Fundador da Academia Guajaramirense de Letras-AGL e Membro Efetivo da Academia de Letras de Rondônia-ACLER.
Fonte: Paulo Cordeiro Saldanha
*Membro Fundador da Academia Guajaramirense de Letras-AGL e Membro Efetivo da Academia de Letras de Rondônia-ACLER.
AMAZÔNIAS / RondôniaINCA / OpiniaoTV / Eventos
Energia & Meio Ambiente / YouTube / Turismo / Imagens da História
Crônicas Guajaramirenses - O poder do m da palma da mão
O M que lembra a palavra Mãe é o mesmo M que, conforme o Cantador nos ensina: é onde na palma de nossa mão principia o nome Maria.M que se une a ou
Crônicas Guajaramirenses - Olha pro céu, minha gente!
Azul, o nosso céu é sempre azul... Diz uma estrofe do Hino de Rondônia. Será?Bem antes do nosso “Sob Os Céus de Rondônia”, tentaram nos ensinar que:
Crônicas guajaramirenses - Por quê?
Por quê os prédios públicos são tratados pelos homens e mulheres do meu tempo com tamanha indolência? Preguiça, ou será má vontade?Por quê o edifíc
Crônicas Guajaramirenses - As águas negras e as águas barrentas
Sempre me comovo ao observar o encontro das águas, que, no caso rondoniense, são os beijos gelados entre os rios Guaporé e Mamoré e deste com o rio