Sexta-feira, 26 de junho de 2015 - 09h05
Todos os dias, tenho por hábito visitar as redes sociais; há quem não goste e até trate com certo deboche o tema, qualificando como solitárias as pessoas que têm esse hábito. Nessa perspectiva, sou considerada solitária (e daí?), talvez realmente o seja, no âmbito deste conceito, pois a família que constituí é pequena e não menos problemática do que tantas outras; não acredito em paraísos na terra e famílias perfeitas, acredito, sim, nos laços de amor que unem as pessoas, mesmo que esses laços estejam mais ou menos atados de um lado só. Isto não significa que as lembranças sejam menores, que os sentimentos sejam menos intensos, que a existência seja mais pobre. Aprendi que tão importante quanto o mundo exterior é o avesso deste, o inverso, o mundo que construímos dentro de nós e com o qual fatalmente temos que conviver num processo que envolve a subjetividade, o ser e a sua existência.
Não importa quão rodeado de pessoas você viva, de quão agitados sejam os seus dias, de quão intensa seja sua vida social, para distraí-lo do grande e inevitável encontro: o encontro consigo mesmo, com seu universo interior, o universo que você foi construindo ao longo da vida, desde o nascimento ou, quem sabe, até antes dele. Infelizmente algumas pessoas não se dão conta desta regra fundamental à existência e, quando isto ocorre, sucumbem, pois não suportam o sentimento que conhecem como solidão, ou seja, não suportam a exclusividade da própria companhia.
Neste quesito, acho que aprendi a conviver relativamente bem comigo mesma e com minha “solidão”; aprendi na maturidade a olhar pessoas e animais como parceiros de jornada neste planeta. E tenho consciência de que, por onde passamos, vamos deixando nossas marcas, nossos rastros, traços de nossa personalidade, de nossa sensibilidade (ou não), de nossa capacidade de tolerar as limitações do próximo ou as nossas mesmas limitações (ou não). Do mesmo modo, vamos acumulando n’alma as lembranças de todos que passaram por nossa vida. Nada como arrumar o baú de guardados, para um reencontro com tudo isto, reencontro com tudo o que o passado representa; o passado na verdade é o grande construtor de quem nos tornamos.
E foi exatamente no facebook que uma amiga sensível e sábia postou estes lindos versos de Zack Magiesi: COLOCO AS DORES NAS PRATELEIRAS MAIS ALTAS/ DIFICULTAM O ACESSO E FACILITAM O ESQUECIMENTO. Existe maneira melhor de começar o dia, do que se deixar tocar pela poesia? Existe maneira melhor de se lidar com imagens, objetos antigos, achados e perdidos que ainda doem, do que transmutar todas essas lembranças dolorosas em poesia? Acho que não.
Obrigada, amiga Júlia Trindade, sempre presente no facebook, para a nossa sorte. Ganhei o dia!
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