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Gente de Opinião

Paulo Saldanha

Avenida Quintino Bocaiúva


 

Mais uma vez justifico a minha iniciativa de informar ao eventual leitor sobre a origem dos nomes de algumas avenidas da cidade de Guajará-Mirim. E reitero: há pessoas que me perguntam sobre “quem foi”, “quando foi”, “de onde era”, “em que fase passou a ser morador da cidade”. Não revelando possuir pendores para contribuir com a História, mesmo assim eis que me coloquei em campo e procurei fazer pesquisas.

Quintino Antônio Ferreira de Sousa Bocaiúva nasceu em Itaguaí, no Estado do Rio de Janeiro, em 04 de dezembro de 1836, e faleceu aos 75 anos em 11 de junho de 1912. Mereceu a homenagem de se tornar nome de uma das nossas avenidas, acredito eu, em virtude das elevadas funções e dos destacados cargos públicos que exerceu, segundo a historiografia do país.

Com 14 anos transferiu residência para São Paulo, iniciando-se na profissão de tipógrafo e, depois, revisor. Manteve o desejo de ser bacharel em Direito, mas não concluiu o curso dada a aspereza da sua vida financeira, o que lhe valeu o abandono do sonho sonhado. Em compensação aprendeu o ofício do jornalismo, colaborando com o “Acaiaba”, jornal paulista da época. Nessa fase adotou o nome de Bocaiúva.

Bocaiúva, segundo os dicionaristas é: “A Bocaiúva é uma palmeira existente em todo o Brasil, mas é mais comum no Cerrado brasileiro. Em Mato Grosso é muito utilizada para a culinária, e pode ser encontrada no artesanato local. Na capital mato-grossense, é conhecido como “chiclete cuiabano” por ter a polpa ‘grudenta’. Além dos frutos, toda a planta serve para algum tipo de proveito doméstico, inclusive para os serviços no campo”.

Quintino Bocaiúva foi importante político com prestígio nacional. Mas, como jornalista, logrou obter grande reconhecimento, posto que, ao defender os ideais republicanos e já de volta à sua terra natal, atuou nos jornais “Diário do Rio de Janeiro”, “Correio Mercantil” e “A República”, após o que fundou o jornal “O Globo” (1874/1883) e, em 1884, “O PAIZ”, que foi fundamental na difusão das mensagens republicanas.

Foi vigoroso ativista republicano, tendo sido o único civil que, ao lado de Deodoro da Fonseca e de Benjamin Constant, cavalgou com as tropas militares rumo ao quartel-general do Exército naquele 15 de novembro de 1889, quando foi proclamada a nossa República. Também era participante dos “Casacas” – nacionalistas que conspiravam para que a Proclamação da República fosse celebrada, como foi. Daí o laço de companheirismo que o uniu aos civis e aos militares descontentes com a Monarquia. Esse movimento foi decisivo para a vitória no dia 15 de novembro de 1889, culminando com a deposição de Pedro II e afastando a Monarquia das perspectivas brasileiras.

Mobilizado com os nacionalistas republicanos, exerceu forte influência nos primórdios da República, tendo sido senador e assumindo, ainda durante o Governo Provisório e na Assembléia Nacional Constituinte, o Ministério das Relações Exteriores, entre 1889 e 1891. Em 24 de fevereiro de 1891 renunciou ao mandato e liderou o jornal O PAIZ (assim mesmo, com ‘Z’), sendo reconhecido como o “Príncipe dos Jornalistas Brasileiros”. Depois, ocupou o cargo de Presidente da Província do Rio de Janeiro entre 31 de dezembro de 1900 e 31 de dezembro de 1903 (naquele tempo a nomenclatura não era ainda Estado, e sim Província). Seu antecessor foi Alberto Torres e o sucessor o Nilo Peçanha.
Brasileiro atuante, além de parlamentar destacou-se como vibrante maçom, sendo líder da Instituição entre 1901 e 1904 na qualidade de Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil.

Em 1909, novamente senador, exerceu o cargo de vice-presidente da República entre 1909 e 1912, e na campanha de 1910 marchou ao lado do Marechal Hermes da Fonseca à Presidência da República, presidindo o Partido Republicano Conservador e ombreando-se com o gaúcho José Gomes Pinheiro Machado, nome de rua em Porto Velho.

Quintino Bocaiúva faleceu no Rio de Janeiro, cujo bairro onde morava, em sua homenagem, hoje leva o seu nome.

Interessante é que o nome Quintino Bocaiúva também batiza ruas e avenidas em diversas cidades brasileiras, inclusive Manaus, Belém, Juiz de Fora, Belo Horizonte, Salvador, São Paulo, etc.
O bairro de Quintino Bocaiúva, no Rio, foi a sede da estréia como habitante do planeta de Arthur Antunes Coimbra, o Zico, festejado craque do Flamengo (não é o meu time), orgulho da região, do Estado do Rio de Janeiro e do Brasil; enfim, ídolo do mundo esportivo, exemplo e paradigma por seu caráter e simpatia.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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