Terça-feira, 12 de abril de 2011 - 17h15
Paulo Cordeiro Saldanha*
Outro dia sonhei que não havia perdido o bom humor, apesar das crises que nos circundam e, nesse devaneio, imaginei que deveria me conceder o direito de transformar o nosso “universozinho”. E iniciei dando tratos à bola.
Primeiro, declarando, nem sei com quais poderes, a independência do Município de Guajará-Mirim, que, passaria a ser uma República soberanamente livre, libertária, anárquica, porém, –quanta contradição!– absolutamente anti-democrática...
E pode nascer um estado com tanta contradição?
Trabalharíamos, enquanto Poder Público, somente nos feriados, visando a não cansar os servidores, mas, na outra ponta, infernizar a vida dos pseudo-contribuintes. Nos dias úteis, festejaríamos, celebraríamos a vida, na sua intensidade e força.
Os “condôminos” do novo País fingiam que recolhiam tributos para o Tesouro Republicano e os servidores fantasiariam em cima da labuta.
O Carnaval seria exercitado todos os dias do ano, desde que ninguém estivesse dançando o Boi, ou em algum Clube balançando o esqueleto; pausa só para os momentos do futebol e outros esportes, a sinuca, os passeios de bicicleta e os banhos nos igarapés.
No verão, a produtividade na seara do ócio tenderia a expandir-se por conta dos horários de recreio, distração, divertimento e entretenimento. Afinal, será proibido proibir a exclusividade ao descanso, tudo porque emergem as praias e essas dádivas da natureza precisam ser valorizadas.
Bares da vida seriam transformados em diligentes Câmaras Parlamentares, regadas a Chope nacional, com direito a sumário fuzilamento ou apedrejamento (tão em voga no Irã) contra aqueles que democraticamente se aventurassem a discordar do Poder dominante.
Imprensa valorizada seria aquela que buscasse a verdade absoluta, desde que não discordasse dos poderes prostituídos, digo constituídos.
Órgãos seriam criados à imagem e semelhança da vida nesta fronteira.
O Banco federal chamar-se-ia, por exemplo, Banco de Desenvolvimento de Guajará, com o nome fantasia de BANDÉGUA.
País que se preza, Guajará, a República Anti-Democrática, Libertária e Anárquica, teria, forçosamente, a sua Companhia de Aviação. Nasceria, portanto, a ARÉGUA-Aerolineas de Guajará. Como é região fronteiriça teria o primeiro nome em Castelhano.
A NUCLÉGUA (empresa de energia atômica) nasceria para dar apoio às iniciativas e às demandas por luz, grande insumo para assegurar a sustentação do nosso crescimento econômico, haja vista a necessidade de suprir as carências de todo o mundo moderno, vizinhos ou não, principalmente apoiar as discoteques e bares que funcionassem à noite.
Guajará, ante o domínio do átomo, possuindo armas nucleares aumentaria o seu poder, ante o temor que inspiraria e adquiriria prestigio em toda a América do Sul, pois nossas ogivas modulares se movimentariam numa velocidade tal, que iria preocupar aquele País, cuja seleção vencesse a seleção guajaramirense de futebol. Seríamos o equilíbrio político da Sul América e defenderíamos a democracia americana e, ao mesmo tempo, o direito dos cubanos e de Fidel castro de fugirem para os EUA.
Das profundezas da serra dos Parecis extrairíamos a água para saciar a sede de nossos habitantes, que escolheriam desde água natural, até a água mineral, inclusive gaseificada, com a qual iriam fartar-se, cujas sobras mandaríamos para todo o oriente Médio. Para tanto, a SANÉGUA, Companhia de águas e Esgoto, seria implantada.
Afinal, o transporte aéreo, seria bastante utilizado através da ARÉGUA, virtuoso empreendimento na vertente da logística, no transporte dos bens e pessoas, e nos uniria ao Atlântico, através do Pará onde Guajará, o País afortunado, teria uma base assegurando uma ligação com o mundo via a MARÉGUA, a frota de Marinha Mercante, administradora de nossos navios gigantes, os transatlânticos, movidos à energia solar.
Um porto, também negociado com o Peru ou com o Chile, implantado bem de frente ao oceano Pacífico, facilitaria as nossas negociações competitivas com os Asiáticos, chineses, coreanos e japoneses e com os “camaradas” americanos, nossos parceiros de igual para igual, ou seja, nada de submissão, pois seriam duas grandes potências a se integrar, em cima do respeito e temor mútuos.
Para tanto, o talento guajaramirense, associado ao raro nível de nossa tecnologia mais exacerbada, nos levaria à criação de um teleférico, a partir da Serra do Tracoá (o ponto culminante de Rondônia, nosso vizinho pelo lado do Brasil), como uma alternativa para transportar toneladas e toneladas de nossos produtos industrializados, numa ligação através de túneis maiores do que aquele do Canal da Mancha, transpondo os Andes, em direção ao Pacífico, como já citei.
Seria Guajará dando exemplo ao mundo e aos homens de boa vontade!
Como jamais os admirei, porém os faria pensadores do modelo contraditório, que inspiraria o projeto de nosso País imaginário, traduzido nos exemplos de Hugo Chávez, Bokassa e Idi Amim, os mais fervorosos defensores da anti-democracia, da maldade e da bagunça ampla, geral e irrestrita.
Objetivaria essa lembrança deixar os registros para crianças, jovens e adultos que jamais se inspirassem nesses idiotas que têm ou tiveram poder de mando nos seus condomínios.
Ainda bem que pensei nesses párias e acordei desse maluco sonho que jamais deveria ter transitado, sob forma alguma, nas minhas fantasias, verdadeiros devaneios que acabaram me fazendo rir dessa tresloucada imaginação, pelo que peço desculpas a eventual leitor de minha despretensiosa coluna.
Mas, como, acordar logo agora? se não concluí a implantação desse utópico País, esse Estado inovador, que jamais se parecerá com qualquer outra nação do hemisfério?...
Ainda iria criar os poderes pensados por Montesquieu, as demais estruturas, a Biblioteca Nacional, o dinheiro, o Banco Central, a Ferrégua (Ferrovias), o Denégua (Departamento Nacional de Estradas), Inteligência Nacional a Intenégua, o Serviço de Processamentos de dados, o Serprodegua, etc. etc e abriria os mares de Guajará às Nações amigas!
–Mas que mar, Paulo? Aqui não existe mar!
-Ora, e o Mar Moré?...
Como diriam os matogrossenses e os viventes no rio Guaporé: Vôoote!
*Membro Fundador da Academia Guajaramirense de Letras – AGL e Membro Efetivo da Academia de Letras de Rondônia – ACLER.
COMENTÁRIO DE SAMUEL SARAIVA:
LITORAL DE RONDONIA
Guajará tem
dia de sol e
praia lotada
Reverendissimo Imortal Paulo Saldanha,
Li sua cronica e fiquei impressionado pois ja havia sonhado com o convite para ser embaixador do novo Pais.
So gostaria de saber se todos os meus parentes terao direito a passaporte diplomatico como garante uma
outra Republica que conheco.
Em seguida vejo no "Globegua" uma foto da praia artificial que o Secretario de Turismo de Guajara projetou o que
materializa seu factivel sonho.
Apresento-lhe um abraco "pai-d'egua".
Sam
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