Sexta-feira, 16 de julho de 2010 - 11h38
Paulo Cordeiro Saldanha*
Carlos Galhardo antes, depois, Francisco Petrônio cantaram e decantaram a música “Rapaziada do Braz”, cuja letra nos comovia, assim: “Lembrar, deixem-me lembrar, meus tempos de rapaz
Nas noites de serestas,
Sonhar,
Uma sombra envolta da penumbra,
Tão somente,
Hoje os anos correm muito mais,
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no Brás; as noites de serestas, casais de namorados...E as cordas de um violão cantando em tom plangente, aqueles ternos madrigais”.
E eu também desejo expressar as minhas lembranças, sem versos e sem rimas, mas plenas de recordações tão vivas, que batem tão forte, como a querer querendo explodir no peito... Explode coração!
É que na meninice passeio bom nos levava ou a Praia da “Boca” do Pacaás ou à Praia do Acácio. Ambas no período da seca surgem dadivosas, a ofertar lazer, sem cobrar “nadica” de nada e ainda não reclamam quando alguém, distraído, deixa por sobre as suas areias, latas, bitucas de cigarros, plásticos e outros materiais danosos ao meio ambiente.
E numa parceria com o Astro Rei, doam horas magníficas de alegria, por conta da parceria sol e água, enquanto o passeio se desenrola.
As arraias eram as únicas contraindicações. Aliás, haviam outras, como os peráus, as corredeiras, enfim, os buracos que as cachoeiras, a cada ano, faziam no leito do rio, provocando mortes de incautos e temerários.
Nem por isso o desafio de buscar divertimento nas águas do Mamoré nos afastava da alegria que nos encantava de, vez por outra, nos dirigirmos à Praia do Acácio, levando frutas, sucos, pasteis, sanduíches e até galinha assada com arroz e farofa para passar o dia por lá.
Ainda não raiara no horizonte, sob a marca ácida da crítica, a palavra farofeiro...
Lembro que muitas vezes íamos com a família do Humberto Cohen Lopes e Dona Gisela, nossos queridos vizinhos.
Primeiramente um varejão varria o trecho em que éramos autorizados a ficar, visando a afastar as danadas das arraias. Com o movimento rente ao fundo da orla do rio elas iam embora. E, depois, com o barulho da meninada e adultos elas não se atreviam em retornar.
Já na juventude, a direção passou a ser outra: o Palheta era conquistado primeiro através das bicicletas, depois, das Lambretas e Vespas, em grupo. Às vezes, um litro (democraticamente dividido) de batida de maracujá aquecia o grupo antes do mergulho.
Água muito fria, verde escuro, sem poluição.
Numa das vezes, o Alfredo, um índio, exímio jogador de futebol, criado na Prelazia comandada por Dom Rey, sai correndo de lá e tempos depois pula, muito suado no Igarapé Palheta. Já voltou com febre! Uma pneumonia o matava em seguida. O Alfredo era muito querido. Choramos a sua morte. Até hoje nos recordamos dele com imensa saudade.
A nossa turma sabia que mais adiante, no Novo Sertão, havia um esplêndido Igarapé. Água cristalina, também fria, porém os índios não gostavam de forasteiros por ali. Seria perigosa uma aventura por aqueles lados.
O Novo Sertão fica onde hoje está implantada a Comara, com o Sivam e os sítios dos pequenos chacareiros.
Quem diria! morte certa antes poderia significar uma ida ao Novo sertão...
Na metade dos anos 60 alguém construiu em madeira, lá no Igarapé Palheta, um bar e algumas cabanas para uso social controvertido. Não prosperou!
Adiante, a Sexta Companhia montou uma Granja onde produzia quase tudo no campo dos legumes, criação de galinhas e porcos, com a qual abastecia e diversificava o cardápio da corporação. Foi um sucesso! Não sei por que fizeram cessar as atividades hortifrutigranjeiras dos militares. Para mim, uma feliz iniciativa.
Hoje o Palheta tem águas turvas, já está poluído, mas ainda é utilizado para o lazer de muitos. Já vi iniciativas de particulares desejando despoluir o Igarapé. Seria ótimo se o poder público liderasse esse movimento e se socorresse do dever legal de agir visando a assegurar saúde para todos aqueles que se valem do Palheta para seu lazer e para o seu divertimento.
Fonte: Paulo Cordeiro Saldanha
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