Domingo, 3 de fevereiro de 2019 - 10h16
Nós aprendemos a celebrar o aniversário de
instalação do Município de Guajará-Mirim e não a data do nascimento da cidade.
Em
outras palavras –valendo-me das tradições católicas – festejamos ou o batizado
ou a crisma, não a data do nascimento, sabendo-se que este teria ocorrido bem
antes de 30 de abril de 1929, posto que o local, que fora alcunhado de Quadro,
passou a ser conhecido com o nome de Esperidião Marques, bem antes de 1929.
Na
verdade, Guajará, com a perspectiva de se tornar uma vila, um distrito ou uma
cidade passou a se ordenar urbanisticamente a partir de 1912 com a inauguração
provisória da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, em 30 de abril daquele ano.
Grande
parceira da EFMM seguiu-se a implantação da Guaporé Rubber Company, sob a
liderança do ex-militar Paulo Cordeiro da Cruz Saldanha, depois coronel da
Guarda Nacional, que se doou ao lugar com denodo e sensibilidade social tanto
que, entre outros feitos, implantou a primeira escola e construiu a primeira
igreja católica ali em frente a Praça Mário Correa, presenteando a cidade,
ainda em 1926 com esse espaço religioso, depois ampliada por Dom Rey, após a
sua chegada em 1932, quando erigiu a torre.
Quando
o Capitão Teófilo da Costa Pinheiro, integrante da Comissão Rondon aqui
aportou, em 1917, já encontrou implantada a Guaporé Rubber Company e,
negociando seus produtos e mercadorias, diversos comerciantes de origem
estrangeira.
É
possível que a primeira pensão a ser implantada ali no entorno da estação
ferroviária, por volta de 1913/1914, terá sido do senhor Antônio Peres, pai da
senhora Maria Menezes, do Jesus e do Daniel Peres, da Tuca e Aurora.
Não
esqueçamos de valorizar a presença dos nordestinos na formação sócio cultural
desta terra, ao lado dos pioneiríssimos matogrossenses, oriundos de Vila Bela,
primeira capital daquele Estado, cujas famílias enriquecem a história
guajaramirense até hoje, exemplo: Quintão, Durgo, Paes de Azevedo, Leite,
Ribeiro, Assumpção, Frazão, Pontes, Alves, Mendes, Canuto, Gomes, Lisboa, etc,
etc.
Mais
tarde a senhora Cirila Paes, descendo de Pedras Negras veio morar nesta então
vila próspera e, com a abertura da Avenida Costa Marques pôde implantar a sua
pensão, quase ao lado da linha férrea, aonde também servia refeições.
Uma
das primeiras lojas teria sido do Nicolau Badra. E outros libaneses foram
chegando, inclusive, João Abud, Felipe
Simão Salim, Tanous Azzi, Massud e Kalil
Badra, Fares Nessrala, Roque Cury, Alberto e Alzira Chamma, seu irmão Ernesto, os
Abouchabiki Abdon, Tanous, Toufic e Youssef, Teófilo Nicolau, Rezzalla Bouez, Zaidan,
Sebastião Daher, Omar Morhy, e, a partir dos anos 50, os Elage e Carrate.
Os gregos que já
tinham trabalhado na construção da ferrovia Madeira-Mamoré, já a partir de 1912
foram escolhendo este lugar como alternativa econômica e foram instalando seus
negócios: Pedro Struthos, João Suriadakis, Hatzinakis, Calculakis, Daskalakis,
Demétrio Melas, Barcânias, Manoel Manussakis, Caralambos Vassilakis, por
exemplo, ao deixar a atividade junto a EFMM implantou-se no Abunã e, mais
tarde, localizou-se nesta fronteira, aonde construiu, para os limites da época,
o seu império.
Diversas uniões
passaram a existir entre famílias bolivianas e brasileiras nascendo daí a nossa
babel frutificando uma cultura em que se valorizou a existência cristã nesta fronteira
abençoada!
O Amaecing Indiano já
passara a responder presente neste lugar, como comerciante. E os Ibanez,
ilustres libaneses, que se fixaram em Costa Marques, além das famílias Keller Vollarth,
Villar, Ismael Silva, Ursolino, Fontenele, Rivoredo, Arouca, Rocha Leal,
Arantes, Ewerton, Santiago, Casara, Câmara, Cavalcante, Chagas, Monteiro,
Fernandes, Madeira, França, Carvalho, Ramos, Palácio, Ribeiro dos Santos, Maia,
Jordão, Bezerra, Pontes, Paixão, os três Severino Cavalcante (inclusive o meu
sogro Severino Rodrigues Cavalcante de Albuquerque), Macedo, Lucindo, Torres,
Fonseca, Pires, Ferreira, Almeida, Barroso, Costa, Ruiz, Miranda, Ortiz,
Guimarães, Lima, Abiorana, Da Hora, Lobato, Zeed, Mejia, Eguez, Lins Dutra,
Evangelista, Lopes, Araújo, Lobo, Arruda, Gusmão, e tantas outras que nos
legaram tanto...
Como representantes
dessas famílias estão ai, soberanamente, as senhoras Lalá Ferreira Eleutério e Mafalda
Ewerton Flores.
E
a partir da ferrovia um intercâmbio comercial com o país irmão, a Bolívia, foi
prosperando, trazendo riquezas multilaterais, internando e exportando produtos
exigidos além mar pela guerra que só teria fim em 1918, até que a segunda
eclodisse em 1939.
Avenidas
iam sendo abertas, primeiro no muque dos trabalhadores, carrinho de mão,
enxadas, pás e picaretas. Depois, com o advento dos tratores, patrolas e outros
equipamentos que a modernidade ia produzindo, a cidade foi expandindo-se.
Nesse
interregno a borracha, a castanha, a poaia, o couro de animais e as trocas
comerciais se multiplicavam e transformavam os perfis econômicos e sociais da
cidade, tão menina. E uma incipiente agricultura de subsistência e uma
promissora pecuária gritavam que desejariam evoluir para outro nível, se
deixassem.
E
a ferrovia, tão audaciosa, ia concebendo vida para Guayaramerin, Cachoeira
Esperança e Riberalta, nas terras bolivianas... e concorria para a fixação de
famílias em Porto Velho, Guajará-Mirim, Jacy-Paraná, Mutum Paraná, Abunã,
Taquara, Araras, Periquitos, Chocolatal, Vila Murtinho, Ribeirão, Lages e Iata.
O
segundo
Tenente Raimundo Zeno Ferreira foi o primeiro comandante militar, restando ao
capitão Manoel Alípio da Silva a saudosa lembrança que esse respeitável
policial civil legou como marca na sua trajetória regional, na mesma dimensão
que o Bispo Prelado Dom Francisco Xavier Rey fez-se presente na historiografia
local.
Mas,
retornando a idéia inicial desta crônica, vale o destaque de que, se a cidade
teve o seu início com a chegada dos trilhos da ferrovia Madeira-Mamoré, é certo
que este ano celebraremos os seus 107 anos de vida.
E
por conta da sua emancipação comemoraremos os seus 90 anos!
Crônicas Guajaramirenses - O poder do m da palma da mão
O M que lembra a palavra Mãe é o mesmo M que, conforme o Cantador nos ensina: é onde na palma de nossa mão principia o nome Maria.M que se une a ou
Crônicas Guajaramirenses - Olha pro céu, minha gente!
Azul, o nosso céu é sempre azul... Diz uma estrofe do Hino de Rondônia. Será?Bem antes do nosso “Sob Os Céus de Rondônia”, tentaram nos ensinar que:
Crônicas guajaramirenses - Por quê?
Por quê os prédios públicos são tratados pelos homens e mulheres do meu tempo com tamanha indolência? Preguiça, ou será má vontade?Por quê o edifíc
Crônicas Guajaramirenses - As águas negras e as águas barrentas
Sempre me comovo ao observar o encontro das águas, que, no caso rondoniense, são os beijos gelados entre os rios Guaporé e Mamoré e deste com o rio