Quarta-feira, 1 de dezembro de 2021 - 09h43
Eu, que
procuro ser da paz, fiquei entristecido com o afastamento de dois amigos, ainda
que, sempre os visse discutindo, mas nada tão forte que os mantivesse muito
tempo de mal.
É que Eurácio Torito tinha o
mesmo defeito que todos observavam em Artuzin Pedregoso: a mentira!
E por mentirem tanto, brigavam
muito, um tripudiando das invencionices do companheiro.
Ocorre que Torito andou
espalhando que durante uma das natações que fazia, no fim de cada madrugada no
rumo de Surpresa (distante em
Como havia lido sobre esses
animais, conheceu, apesar da distância de mais de
E tremeu porque as reconhecia como assassinas.
Artuzin, não se
conformando com o retorno repentino da fama de Eurácio, ficou enciumado e planejou
desmoralizar o colega, com quem, repito, havia brigado.
Acabaram por se
reencontrar no mercado do peixe e Pedregoso, não resistindo puxou conversa.
–Você, heim? Continua não negando fogo! Ninguém o supera nas mentiras
que inventa. Essa das baleias no Mamoré, até Deus duvida...
–Pois aconteceu e nem me interessa se você crê ou não! Sou superior! O
certo é que se eu não nadasse rápido não estaria aqui na sua frente...
E o povo foi chegando,
chegando, gerando aglomeração nos tempos de pandemia. Todos imaginavam que, no
mínimo, uma briga resultaria daquele encontro indigesto.
–Você só não é mais mentiroso porque é meio homem só.
–Mentiroso é você, seu bilontra, seu cambalacheiro de uma figa.
Parecia que uma tempestade
iria cair, o clima foi ficando tenso, nebuloso, nuvens negras pairavam no céu,
raios e trovões, sob a forma de palavras, palavrões, termos indecentes que se sobrepunham no espaço.
–Pois me diga bufão, você, um fanfarrão que fez eclodir no meu íntimo o
sentimento da raiva, do ódio e da incredulidade, como que baleias que são
especificamente dos oceanos, puderam descer num rio, o nosso Mamoré?
–Simples, né! No último Arco-Íris, após aquela chuva torrencial, à
noite, um Arco Íris triplo, nunca tinha visto um igual, que bebia água em
Fernando de Noronha trouxe os bichos e, em fração de segundos, os despejou
abaixo de Surpresa. Vieram baleias e vieram tubarões brancos, esses foram
devorados pelas baleias orcas.
E tanto é verdade que o
Matias Mendes, apascanando abaixo de Surpresa viu, filmou e fotografou tudo...
Faço a observação que
jamais perguntem ao Matias Mendes para confirmar...
Não ficou um entre todos
os circunstantes. De fininho foi saindo um, depois outro e aqueloutros.
E os comentários ficaram
por conta não das baleias surgidas no rio Mamoré, mas no fato de terem sido
removidas da Ilha Pernambucana por um Arco Íris noturno, três vezes no tamanho,
no comprimento e na largura.
Só um Eurácio Torito para
inventar um “causo” desse. Em razão do que foi dito, devo esclarecer que
Artuzin Pedregoso continuou de mal com o antigo amigo, posicionando-se
enciumado e contra-feito, ante o sucesso e as repercussões da narrativa
escandalizante de Torito.
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