Sexta-feira, 4 de junho de 2010 - 08h00
Paulo Cordeiro Saldanha*
As correntes literárias que predominavam entre os intelectuais, no final dos anos 1800, cingiam-se ao culto do Realismo, Naturalismo e do Parnasianismo, até que uns revolucionários nas pessoas de Cruz e Souza, Oscar Rosas e Emiliano Perneta, contrapondo-se a essas escolas ousaram oferecer nova proposta. Nascia o simbolismo.
Vale recordar que o Realismo, para os que professavam essa linha, da qual Machado de Assis foi o seu mais lídimo representante, marcou o ano de 1881 como o de seu inicio, com a publicação do Livro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de sua lavra.
O realismo parte da necessidade de se fixar a narrativa no sentido da observação e procura a verdade como forma de desenhar o posicionamento do artífice das letras.
O Naturalismo brasileiro inspira-se no Francês, do qual Emile Zola, influenciado, por certo, pelas teorias do evolucionismo, procura demonstrar a crueza social vivenciada pelos quase escravos que labutavam nas minas de carvão, de que trata o livro de sua autoria “O Germinal” publicado em 1885 e retratando a sua experiência de vida ao lado de uma sofrida familia de mineiros.
A exemplo de Zola, escritores brasileiros como Adolfo Caminha, Inglês de Souza, Aluisio de Azevedo e Raul Pompéia passaram a reproduzir a realidade vivida neste País, como forma de apresentar uma denuncia social, descrevendo a aspereza observada na vida daqueles que moravam nos cortiços, sujeitos à discriminação, ao preconceito e ao abandono.
Os despossuídos sempre existiram, lamentavelmente, não apenas nesta nação, mas em todo o mundo. Mas, a literatura não se escondia e manifestava de forma tonitruante seu grito de guerra contra o “status quo”.
Obras como “O Cortiço”, “O Mulato” e “Casa de Pensão” foram publicadas a partir de 1890, todos esses livros do maior intérprete dessa corrente, o festejado Aluisio de Azevedo.
Com o surgimento do Parnasiasnismo, o Realismo vê os seus dias de glória ingressando na decadência. Estávamos em 1890.
Na França, sempre na França, essa escola –o Parnasianismo– foi surgindo temperando poesia, com o ideário positivista e científico, num período em que atuou ao lado do Realismo e do Naturalismo, desejando, todavia, impor-se àqueles.
Essa Escola literária inspirando-se na Mitologia Grega advém do Monte Parnaso, a montanha que homenageava a divindade Apolo e as musas. Esse estilo valorizava o rítmo, a versificação, o vocabulário elevado, como devoção à forma e à construção de rimas absolutamente ricas, visando a, por exemplo, através dos sonetos, cultuar os valores estéticos.
Aqui no Brasil, por ordem alfabética deixo os nomes de Antônio Augusto de Lima, Artur Azevedo, Emílio de Meneses, Francisca Júlia, Luís Delfino, Mário de Lima, Raimundo Correia e Vicente de Carvalho, como eloquentes representantes dessa escola, porém os mais celebrados poetas que formam a grande tríade parnasiana trazem a assinatura de Alberto de Oliveira, Olavo Bilac e Raimundo Correia, como os mais significativos dessa vertente literária.
O Parnasianismo desfrutou de inegável poder até o inicio do Século XX, tanto que na ABL (Academia Brasileira de Letras) decidiu-se pela exclusão dos representantes do Simbolismo, ali membros efetivos, já que os parnasianistas passaram à condição de espécie de “tutores” da escola oficial das letras em nosso país.
João Cruz e Sousa em 1893 publica Missal e Broquéis, coletâneas que sintetizam a verdadeiro encaminhamento dessa escola, o Simbolismo, aqui no Brasil.
Cruz e Souza é aquele poeta que o Advogado Simão Salim escolheu para brindar o público, num dos últimos eventos que a AGL promoveu na Câmara Municipal.
Porém, o Parnasianismo, a partir de 1890 começou a dar espaço, lento e gradual, para o Simbolismo. Mesmo assim seu valor clássico ainda perdurou ao lado das outras Escolas (como o proprio Simbolismo) até que o Modernismo o feriu gravemente. Aliás, a partir de 1922 (durante a Semana da Arte Moderna) os demais estilos, notadamente o parnasianismo, passaram a ser duramente criticados.
Fica-me uma dúvida atroz: se o Simbolismo para mim retrata a expressão mais viva da arte literária, o que me enternece, ao seu lado, o Parnasianismo se sublima, pois são Escolas que desejam elevar cânticos a não acomodação cultural, por que essas linhas de ação poética procuram valer-se da sensibilidade para colocar mais emoção, comoção e mais ternura no nosso cotidiano.
Isto porque, na minha visão, devemos nos curvar aos poemas e às poesias para homenagear a divindade, que elegeu o amor à vida para desfilar nas avenidas do lirismo, com descrições e rimas inspiradas nos sentimentos mais puros, apesar de nos acharmos no terceiro milênio, com o seu materialismo à flor da pele.
Mas, o Niilismo já surgiu no horizonte literário,– diria Chico Buarque– “como quem chega do nada”, especialidade do Escritor e Acadêmico William Haverly Martins, mas não ouso adentrar nessa discussão. Quedo-me dividido entre o Simbolismo e o Parnasianismo.
Afinal, alguém bem sábio já escreveu que “Enquanto os românticos pesquisavam o interior das pessoas, suas lutas, incertezas, num campo puramente sentimental, o simbolista penetra fundo no mundo invisível e impalpável do ser humano”.
*Membro fundador da Academia Guajaramirense de Letras-AGL e Membro efetivo da Academia de Letras de Rondônia-ACLER.
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