Domingo, 6 de dezembro de 2009 - 09h47
À distância, confesso que até nutria uma boa impressão sobre o Deputado Lebrão. Mas confesso também que estranhei, e muito, aquele infeliz posicionamento contra a Igreja Católica, contra o Padre Zezinho e contra o Bispo Dom Geraldo Verdier.
As violentas agressões ao Padre Josep Iborra Plans (Pe. Zezinho), ao Bispo Dom Geraldo Verdier e à Igreja Católica, proferidas, em nome da insensatez, não caberiam noutra voz, muito menos na do diligente Parlamentar. Acabei desconhecendo-o, posto ter agido sob efeito da droga do desequilíbrio e da possível ausência temporária de vida inteligente num cérebro vazio, que sei, não é o caso dele, se estivesse no uso de suas faculdades mentais.
Aquelas afirmações, por sua leviandade, devem escorrer rumo ao esgoto já que decorrem do “excesso” de despreparo cultural e político, que duvido tenha nascido durante o momento de lucidez do sempre cuidadoso raciocínio daquele homem público.
Como se fora um desequilibrado (jamais pareceu ser), ele disse asneiras, agredindo estrangeiros já naturalizados brasileiros, reconhecidos como idôneos. Violentou direitos, que embora subjetivos, são indiscutiveis, porque foi violada a integridade moral daqueles sacerdotes, cuja honra, a exemplo dos demais cidadãos, como seres humanos, deveria ser protegida e não achincalhada de forma torpe e pública. Aquela lesão poderá ser reparada, pois a Igreja Católica irá buscar, se quiser, a restauração do equilibro rompido através da Justiça, visando a ressarcir-se das perdas e dos danos causados.
Desde há muito a Igreja Católica faz um trabalho pastoral e social, implantado nestes ermos sertões, a partir de 1932 sob a liderança do saudoso Dom Francisco Xavier Rey, o precursor da primeira oferta de ensinamento religioso, de educação e saúde nos rios Mamoré, Guaporé e seus afluentes, inclusive na bacia do rio São Domingos e nos rios Pacaás Novos, Branco, Cautário, Mequéns e Corumbiara, entre outros.
Certamente que nessa época o parlamentar nem era nascido, (só vive aqui em Rondônia há 26 anos) mas seus antepassados viviam no primeiro mundo do Brasil. E certamente gerenciavam melhor o seu humor, o seu caráter e não faziam fofocas...
Ninguém até então acudia as populações ribeirinhas e os indígenas com a devoção e responsabilidade social como Dom Rey e a Igreja Católica se permitiam cumprir.
Enquanto o Deputado em questão brada inverdades, a Igreja Católica e Dom Geraldo Verdier vão plantando exemplos de cidadania, brasilidade, amor ao próximo, solidariedade e fraternidade, por conta do abandono a que as populações alvo de suas preocupações continuam submetidas, já que se acham marginalizadas, ante a omissão do poder público. E não é de agora, não!
Para a Igreja Católica, cidadania representa aqui na Amazônia rondoniense, transporte fluvial para os ribeirinhos, hoje absolutamente negligenciado; significa apoio material, existencial, diuturno, eficaz e efetivo, porque os governantes, salvo as exceções, desconhecem que, nesta área de fronteira, para se chegar aos locais, é imprescindível o uso de batelões e empurradores.
Para os rondonienses antigos chegar à Surpresa, Conceição, Forte Príncipe da Beira, Costa Marques, Santa Fé, Porto Murtinho, Limoeiro, Pau d’Óleo, Santo Antônio, Pedras Negras, Rolim de Moura (do Guaporé), Pimenteiras, enfim, era imprescindível uma composição fluvial, pois levava, além do idioma, os usos e costumes, os Correios, as noticias do Brasil, gêneros, mantimentos, remédios, tecidos, roupas, etc.
Hoje algumas dessas localidades são beneficiadas por estradas de rodagem. Outras, só se chega através dos rios, como antigamente.
A Igreja Católica também sabia e sabe. Assim como ela reconhecia e reconhece que, ante a ganância desenfreada do bicho homem, cuidar dos índios –os primeiros moradores daqui e de lá– sempre marginalizados, era e é uma destinação.
Parece-me que o Parlamentar em questão é homem dotado de inteligência, mas deixou de se valer dela para lançar essas aleivosias, essas agressões que deslustram o seu passado e o seu presente. Recorde-se o percentual de católicos no universo rondoniense...
Querer atribuir os olhos azuis das crianças nascidas na região (que ele diz representar) à paternidade dos sacerdotes é, também, lançar ao deboche e ao escárnio público, não apenas aqueles servos de Deus, mas o elevado conceito das mães, mulheres casadas ou não, que ali vivem, pois descendem de italianos, alemães e outros europeus, que vieram, nesta geração, deixando longe seus ancestrais no Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, para se fixar em Rondônia e se afirmar como cidadãs brasileiras.
Na outra ponta, é, ainda, tripudiar da virilidade dos homens que para aqui vieram, egressos do sul e do sudeste do nosso País, que, segundo se deduz da verborragia do Deputado, não possuem a capacidade de “agradar” na plenitude àquelas mulheres, cuja moral, por conseqüência, ele acabou agredindo com a acusação pública de que sacerdotes estariam se valendo do poder religioso para assediar mulheres, concorrendo para o aumento da população rondoniense. Ao acusador cabe o ônus da prova.
Até parece fofoca de religioso recalcado contra fiéis de outra corporação cristã. Ou seria afirmação leviana de quem ainda pode estar sofrendo do complexo da rejeição?...
Deixo entre aspas a revolta do Deputado Miguel Sena postada por sua atenta Assessoria: “... É ignorância e total falta de conhecimento da história, não reconhecer a excelência dos serviços prestados pelos religiosos católicos! complementou.
Com relação às insinuações de que os religiosos estão a serviço de governos estrangeiros, servindo como espiões, o deputado Miguel Sena declarou que o autor destas ofensas perdeu uma grande oportunidade de ficar calado, e de respeitar o povo e os religiosos, pois simplesmente a Igreja Católica vem defendendo os sem-defesa, como no caso dos índios.
Ainda segundo Miguel Sena, o trabalho, a missão e o exemplo de vida ao longo de mais de três décadas em Rondônia do bispo Dom Geraldo Verdier, sobrepõem a qualquer tipo de ataques e difamações.” ”.
Deputado, aceita um conselho? Peça desculpas ao povo católico e ao Bispo de Guajará-Mirim. Mantenha a elegância e conserve a humildade!
Fonte: Paulo Cordeiro Saldanha
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