Domingo, 9 de maio de 2010 - 07h37
Paulo Cordeiro Saldanha*
Um dia escrevi que, no mundo, ninguém realiza mais transformações que o Mestre, o Professor, aquele ou aquela pessoa que se devota à sagrada missão de ensinar, educando.
Posso até ousar e dizer que ninguém é mais revolucionário que um Professor ou Professora. Afinal, estes cultivam os valores universais que elevam templos ao “amor, honestidade, humildade, respeito, responsabilidade, simplicidade, tolerância”, entre outros itens não menos importantes.
A Professora Floriza, nome de origem latina, que se traduz como “A Deusa das Flores”, é um dos maiores exemplos de que a candura - e não o exercício da dureza, inflexibilidade e irracionalidade – é que provoca, com efeito, as transformações de que o ser humano se vale para vencer as suas limitações. E quando a candura vem de um anjo, nascido para fazer apenas o bem, essas mudanças agenciam as revoluções que fazem o indivíduo alvo daqueles ensinamentos dar o salto, que o elevará aos píncaros da glória.
A Mestra Floriza Bouez, com sua meiguice, com sua ternura, percorreu a sua existência semeando as virtudes celebradas por sua grandeza espiritual, que explodiam no seu magnânimo coração de Mulher, Mãe e Educadora.
Nascida em Manaus em 26 de novembro de 1912 irradiou alegria aos Pais Teófilo Nicolau e D. Adelaide Cordeiro Nicolau. Lá na Capital manauara iniciou seus estudos básicos. Seu Pai Teófilo implantou o primeiro cinema (O Ipiranga) nesta cidade e, depois, o Cine Guarany.
Ela, a terna Floriza, com menos de 16 anos já lecionava aqui em Guajará-Mirim, no Colégio dirigido pelo Professor Carlos Costa, onde estudou e desenvolveu, enfim, o seu inato talento pedagógico.
Entre outros o Hélio Struthos Arouca, Obadias Badra e Edson Jorge Badra foram seus alunos. Porém outros pupilos acabaram brilhando nos céus tupiniquins e todos eles lhe rendem o preito de gratidão e afeto, em face do muito que recolheram como aprendizado intelectual e de vivência.
No dia 19 de novembro de 1938 casou-se com Rezalla Fares Bouez, um homem criativo, inteligente e afetuoso, que, vindo do Líbano, passou por Belém, Manaus e Porto Velho e descobriu em Guajará-Mirim, a Floriza, a flor que lhe perfumou a existência.
Num reconhecimento unânime ela exerceu durante anos e anos seguidos as elevadas funções de Diretora do “Grupo Escolar Simon Bolívar”. Quantas vezes comseu salário ela adquiria uniformes e sapatos para alunos seus, que os sabia ser absolutamente carentes.
As filhas Lourdinha, Lizete e Lêda graduaram-se Professoras, após estudarem em Porto Velho, também em São Paulo e Manaus. A Lenir e a Lúcia exerceram com sabedoria e eficiência suas funções no campo educacional, devotando-se a Pedagogia.
A exemplo da Mãe Floriza, todas as filhas distribuíram seus conhecimentos na preparação intelectual de novos cidadãos, sedimentando em cada um, através de suas mensagens e exemplos dignificantes, que só vence na sociedade aquele que persevera no estudo e busca o conhecimento.
“Educar é semear com sabedoria e colher com paciência”, nos diz Augusto Cury, no ensaio “Educação e Sabedoria”.
Não fui aluno da inesquecível Mestra Floriza, mas sempre soube da forma como se entregava ao sublime mister de ensinar, educar e, assim, promover o crescimento de um Ser, para ela a preocupação maior, a sua sagrada missão, ao lado da divina graça de ter merecido tornar-se Mãe de cinco querubins.
Convivi com alguns dos seus ex-alunos e observei a intensidade da gratidão, das saudades e do respeito gravados nos seus cérebrose no coração de cada um, por conta das recordações advindas do período em que recolheram a suprema glória, que a condição de alunos da Grande Mestra lhes propiciou como chance de subir na vida.
Afinal, Deus, na imensidão da sua sensibilidade divina, não colocaria na Terra, um anjo comum. Não! Para construir o oceano de chances para alguns predestinados, só um Anjo superior, poderia e deveria ser escolhido, com a candura e a firmeza da Professorinha Floriza, com sua percuciência, humildade, proficiência, descortino, devotamento e rara capacidade de amor ao próximo.
O afeto que alguns só dirigem aos filhos, ela, ao contrário, o expandia para os alunos sob seu comando. Era desprendida, afetuosa e, ao mesmo tempo, rigorosa.
As filhas captaram suas fecundas mensagens e também se tornaram nobres nos sentimentos, na caridade e no cultivo dos princípios morais, espirituais e religiosos, que constituíam o eixo central do ilibado compromisso moral que a eterna (nas lembranças) Floriza carregava como mensagem de vida.
No lar era tão amorosa que até hoje comove, através das recordações, toda a sua descendência. Afinal, ela valorizava mais o SER do que o TER. Fazer o bem era o seu Norte e uma das suas linhas de ação, como centro inspirador no Evangelho do Cristo que professava.
Por sua ação humana e social, por seu exemplo edificante e por seu legado, o Município de Guajará-Mirim a distinguiu com o nome da primeira Escola Municipal, a “Escola Professora Floriza Bouez”, instalada no ano de 1972, outorga derivada do Decreto Lei número 340. Homenagem justíssima para quem tanto se doou ao Magistério e aos educandos.
Em razão do que foi dito, peço permissão para no dias das Mães homenagear as demais Rainhas do lar, inclusive uma que já se foi aos 37 anos lá em 1962, na pessoa abnegada, explendorosamente rica em luz, a Professora e Mestra Floriza Bouez, como referência do meu respeito mais profundo e como síntese de minha saudade, imensa saudade que não sai (tenho certeza) dos nossos corações...
*- Membro Fundador da Academia Guajaramirense de Letras - AGL e Membro efetivo da Academia de Letras de Rondônia - ACLER.
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