Domingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Paulo Saldanha

Crônicas Guajaramirenses - Mais valioso que o euro e os petrodólares


Crônicas Guajaramirenses - Mais valioso que o euro e os petrodólares - Gente de Opinião

          Um dia John Fitzgerald Kennedy eternizou a frase: Não pergunte o que seu país pode fazer por você. Pergunte o que você pode fazer por seu país”...

         Parafraseando-o, ouso escrever “Jamais pergunte o que Rondônia pode fazer por você. Indague, questione, o que você pode fazer por esta abençoada Terra”...

          Sabe-se que ninguém é profeta na própria terra!

          Este Estado, desde priscas eras recebeu em seu sacrossanto ventre homens e mulheres de outras regiões, que ofereceram tanto devotamento às suas causas que deixaram fecundos benefícios, benfeitorias ou melhoramentos, haja vista a forma, a maneira idealista como se entregaram aos mais sagrados interesses desta geografia.

           Representam um legado de desprendimento, nacionalismo, patriotismo, altruísmo (e outros ismos) que deveriam valer como exemplo e paradigma, para os da sua e demais gerações.

           Os nativos que tiveram que sair do lugar natal, muitos deles vitoriosos noutras terras, ao retornarem cumpriram missões, vencendo os desafios que se impuseram, recolhendo o respeito e a admiração da sociedade local.

           Poderemos citar o Anizinho Gorayeb, por exemplo, o César Ribeiro (citado na crônica à César o que é de César-www.rondoniaovivo.com e www.gentedeopiniao.com.br), Pedro Struthos, José Anibal Peres Pontes (senador da República por São Paulo), Hamilton Casara, ex-Presidente do IBAMA, Alzira Valdelice Pires, ex Magistrada e ex-Deputada Federal pelo Amazonas, o ex-governador Osvaldo Piana e mais uma legião de rondonienses, que acabaram brilhando em outros estados, como os irmãos Tourinho, Euro, Euderson e Eudes.

            O Euro Tourinho Filho é o meu objetivo neste dia. Devo adiantar que as citações decorrem por dever de justiça, não porque seja meu amigo desde 1959, quando estudávamos (ele na terceira série ginasial) no Colégio Dom Bosco, de Porto Velho, eu no primeiro ano.

            Muito novo, assumiu o desafio de vencer as dificuldades e foi, com o coração apertado, inseguro e pesaroso para Belém, graduou-se em Engenharia Agronômica, no ano de 1968, após pegar “O Ita do Norte” moderno naquele ano de 1964 – um DC 3 – pernoitando em Manaus e no outro dia “avionando” num Constellation da Panair  beijou o solo da capital paraense.

            Lá encontrou-se com o seu querido “tio Manel”, que, com trajetória brilhante jubilou-se como pos doutor nas ciências Agrárias, após a implantação da Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA, como seu primeiro Reitor.

           No dia 31 de março de 1964 eclodiu a Revolução que não impediu que ele, já morador da cidade de Belém, pudesse freqüentar o cursinho pré-vestibular. Depois conquistou o terceiro lugar no disputadíssimo certame para ingresso na Escola de Agronomia da Amazônia - EAA.

           Para alegria própria e orgulho dos seus pais Euro e Maria do Carmo Tourinho, em 09 de novembro de 1968, no Auditório da Faculdade de Ciências Agrárias do Pará – FCAP recebia o diploma que o credenciaria a ser o profissional vencedor, orgulho de toda uma família e da terra que lhe serviu de berço.

           Tendo estagiado na SPEVEA/SUDAM, PROHEVEA, EAA e na CEPLAC acabou figurando nos seus quadros, ou seja da própria  CEPLAC – Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira, por mérito e dedicação reconhecidos.

           Sua carreira, sempre crescente, o credenciou a assumir encargos tais, resultando na sua participação intensa na implantação do Projeto Caucau Pará, experiência tão salutar que se comove ao contar aquelas vivências, sob a égide de um Programa chamado de INTEGRAÇÃO NACIONAL, o PIN, que privilegiaria a abertura da TRANSAMAZÔNICA, que, na vertente agronômica, foi incorporando áreas paraenses, notadamente no baixo Tocantins, através dos municípios de Baião, Altamira, Brasil Novo, Cametá, Mocajuba, Itaituba, Marabá e Jacareacanga.

Naquele tempo, o governo militar cunhava a frase “INTEGRAR PARA NÃO ENTREGAR”... Mensagem que a Ucrânia não ficou atenta, sob Putin de agora...

No ano de 1971 consolidou a sua amizade com o expert em Cacau, o grande Mestre Frederico Monteiro Álvares Affonso, irmão do advogado Almino Affonso, nascidos em Humaitá-AM, ele, o Almino, um dia Ministro do Trabalho. Nessa fase irmanado com Frederico, Eurico, Condurú, Zacarias, e outros, no Governo Fernando Guilhon conceberam o Projeto Cacau Pará, entre 1971 e 1974, com repercussões sócio-econômicas auspiciosas, que deram ao estado uma renda circulante, na cadeia produtiva, superior a CR$-1 bilhão (moeda da época), posto o Pará ter contabilizado mais de 142.000 toneladas desse produto.

           Em 1974 o Euro Tourinho Filho foi transferido para o Território Federal de Rondônia, na condição de Executor do Projeto de Assentamento Dirigido Burareiro, objeto do convênio INCRA/CEPLAC, quando ombreou-se com Adhemar da Costa Salles (outro valoroso nome no alcance de conquistas no centro de Rondônia (Ouro Preto do Oeste/Jaru/Ariquemes), no PIC-OURO PRETO, numa parceria que resultou na implantação da cacauicultura nas terras de Rondon, instante em que o hoje município de Teobroma deu os primeiros passos para surgir no horizonte desta terra, quando da implantação do seu futuro, de Jaru e Ariquemes, inclusive, sendo certo dizer que a grande alavanca, o grande arrimo ficou estabelecido em cima da economia agrícola, sob a batuta do Eurinho Filho.

           Quando se fala em afirmação sócio-econômica jamais deixaremos de recordar do capitão Silvio e do Agrônomo Assis Canuto...

            Superando dificuldades, ultrapassando os obstáculos neste Noroeste Brasileiro, carente de tudo, que afastava os fracos, os despreparados para a vitória, o medíocre que não enxergasse adiante do nariz, pois não havia estradas boas, sobravam caminhos enlamaçados, sem infra-estrutura, vida precária, sem pousadas, sem postos de combustíveis, com tudo ainda por fazer e construir... o nome de Euro Tourinho Filho deveria pontificar.

             Resumindo: o Projeto Burareiro foi implantado, mercê do arrojo, da determinação, da superação de homens como Euro Tourinho Filho, que nem nome de rua será em Teobroma, lugar que liderou na sua primeira hora, porque os homens e mulheres do nosso tempo tornaram-se ingratos e omissos...

            Em 1976, implantado o Projeto que ele imaginava como o da sua vida retornou a Porto Velho e passou a dedicar-se à vida empresarial nas empresas de sua família.

            Acabou participando da vida política do território, tornando-se Secretário Geral da ARENA, com direito às decepções a que essa atividade se vê envolvida. Mas, idealista pugnou para a montagem do Ensino Superior, já dando os seus primeiros passos. Dirigiu a FUNDACENTRO, a única chance, até então, para a juventude ter direito ao Diploma num curso superior.

           Com o advento do Governo Jorge Teixeira, o Governador colocou as mãos no ombro do seu indicado e, num encontro em Brasília com o então Ministro da Educação General Rubens Ludwig, este recolheu a melhor impressão do gestor da FUNDACENTRO, tida como o embrião para a criação da UNIR, da qual o Eurinho foi o seu primeiro Reitor e implantador, passando a ser, não mais o Projeto Burareiro, mas a UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA – UNIR a sua maior realização.

            Em 1991, no Governo Piana, o primeiro governador nativo, Euro Tourinho Filho torna-se Secretario Especial da Cultura, quando foram executados diversos serviços necessários para a reativação parcial da EFMM. E no final desse ano, quase sem recursos recuperou a pintura dos galpões, desobstruindo o giradouro da oficina, permitindo, de novo, o acesso pela ferrovia até Santo Antônio, 7 Km adiante de Porto Velho; duas locomotivas, o guincho, alguns vagões e uma litorina, sob o gerenciamento do ex-sargento João Cirino, trazido de Manaus pelo então Governador Teixeirão, apoiado pelo ferroviário Silas Schockness foram também recuperados aqueles e outros equipamentos rodantes.

             Nessa sua gestão, contando com o apoio da historiadora Yeda Pinheiro Borzacov foram realizados o Arraial Junino Flor do Maracujá, exposições de pintura, concursos na vertente cultural, edições de livros, poesias e contos regionais.

             Em 1995 tornou-se Presidente do Conselho Deliberativo do SEBRAE, concorrendo pessoalmente para que a Organização lograsse êxito (a única instituição em todo o Estado) na conquista do ISO 9001, quando oportunizou o Planejamento Estratégico da Entidade.

           Um Homem com a têmpera de um Euro Tourinho Filho se traduz como um exemplo dignificante de quem se vale da inteligência para agenciar mudanças com sabedoria. Por isso e por outras é que afirmo: o Euro sobre quem escrevo vale bem mais, muito mais, posto ser mais valioso que os Petrodólares, muito mais que o euro... essa uma  moeda da União Européia.

           Que na história de Rondônia os homens de boa vontade o reconheçam como necessário e imprescindível! E que Deus, o soberano árbitro dos mundos continue abençoando-o!

            Como diria o Euro Tourinho, seu Pai: ...”E tenho dito”

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

Gente de OpiniãoDomingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Crônicas Guajaramirenses - O poder do m da palma da mão

Crônicas Guajaramirenses - O poder do m da palma da mão

O M que lembra a palavra Mãe é o mesmo M que, conforme o Cantador nos ensina: é onde na palma de nossa mão principia o nome Maria.M que se une a ou

Crônicas Guajaramirenses - Olha pro céu, minha gente!

Crônicas Guajaramirenses - Olha pro céu, minha gente!

Azul, o nosso céu é sempre azul... Diz uma estrofe do Hino de Rondônia. Será?Bem antes do nosso “Sob Os Céus de Rondônia”, tentaram nos ensinar que:

Crônicas guajaramirenses - Por quê?

Crônicas guajaramirenses - Por quê?

Por quê os prédios públicos são tratados pelos homens e mulheres do meu tempo com tamanha indolência? Preguiça, ou será má vontade?Por quê o edifíc

Crônicas Guajaramirenses - As águas negras e as águas barrentas

Crônicas Guajaramirenses - As águas negras e as águas barrentas

Sempre me comovo ao observar o encontro das águas, que, no caso rondoniense, são os beijos gelados entre os rios Guaporé e Mamoré e deste com o rio

Gente de Opinião Domingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)