Sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022 - 09h37
De repente, me dei conta de que, no próximo dia
19 de fevereiro (corrente), estaremos cumprindo um ano sem ela aqui no nosso
pedacinho de chão.
E
a sua imagem se me surgiu retumbante com aquele sorriso aberto, comum nas
pessoas de elevado astral, otimistas, de bem com a vida, cujas ações em cima de
uma trajetória rica, fecunda, plena de realizações, representam um dos maiores
legados que alguém da sua geração pôde deixar como exemplo.
Pude
enxergar a expressão dos seus olhos claros e vibrantes que ressaltavam a sua
personalidade arrebatadora e tão cheia de graça, como a da outra Maria, sua
fonte inspiradora.
E
naquele encontro virtual observei que parecia feliz, realizada, e bastante
compenetrada das suas novas condições espirituais que a alcançavam, em face da
prematura mudança de status quo.
Ela
já não mais pertencia a esta dimensão, detalhe que me trouxe uma tristeza
infinita, melancolia que me fazia lutar contra, porque eu desejava agarrar-me numa
réstia de esperança, desejando pegá-la, abraçá-la, até porque havia em mim um
ensandecido desejo de fazê-la retornar ao nosso convívio, ao cotidiano de
nossas existências, posto que ela continua fazendo uma tremenda falta...
Mas,
sendo um ser humano limitado, jamais serei Deus, não me cabendo operar
milagres...
Um
pouco tímido com aquela aparição esplendorosa, que eu via, mas não podia
apalpar, ora eu desejava expandir a minha alegria incontida, ora uma força estranha
mandava que eu me segurasse na exteriorização dos meus sentimentos, pois aquela
mulher envolvida em tamanha luz já não fazia mais parte do planeta terra.
A
nossa Maria, enquanto inquilina, moradora desta geografia, era tão cheia de
graça e luz que as distribuía em profusão! Sua luz, translúcida, viva, cristalina,
irradiante, concorria para espargir mais claridade, como se fizesse cair ao
derredor pétalas de muita energia cósmica, quase humilhando o astro rei, esse
um, perante ela um canastrão, quase sempre com a sua petulante arrogância...
E até pude ouvir a sua
voz com aquele sotaque inconfundível que ela fez questão de manter irretorquível,
visando segurar íntegra a magia desse nosso encontro surreal.
Aliás,
até o sol, tantas e tantas vezes se recolhia numa sombra, prenunciando com
antecedência a noite, assim que o clarão dela, a nossa Maria, ameaçasse surgir
no espaço, posto que qual divindade, a serviço de Deus, de braços dados com um
Arcanjo, saia para passear nesta galáxia, irradiando um novo renascer.
E,
até parecia que não seria só eu que a olhava, pois, por onde transitasse,
exaltava a renovação e transformação dos ambientes, reciclando e
metamorfoseando cenários.
Assim,
pude recordar que as suas atitudes foram transformadoras, seja no exercício do
magistério, no casamento, na maternidade, na cidadania, enfim, na sociedade,
seja como integrante do Lyons Clube, no gerenciamento da cultura no seu sentido
mais amplo, em diversos municípios rondonienses, seja como acadêmica das letras,
pesquisadora e historiadora.
Seu
nome tem brilho próprio, é luz que incendeia, energia que move ondas, fluxo que
move e transmove rios e igarapés. É claridade que abençoa os amanheceres e faz
rimas aos anoiteceres.
“Luz
intensa, lampejo de clarão que movimenta os nossos cérebros, fazendo-nos criar
a música e o poema, a ópera e a cantiga de ninar, a crônica e o romance, a
pintura e a escultura, com os quais desejamos imortalizar a nossa geração,
perenizando um instante e um processo de evolução cultural”. É assim como eu a
recordo, quando as saudades batem à minha porta.
Lembro,
aliás do quanto fora imprescindível na implantação e manutenção das lides
literárias, quando fora concebida a AGL (Academia Guajaramirense de Letras);
suas sugestões, idéias e ações justificaram o êxito da novel sociedade, fundada
mercê do arrojo de alguns, dedicação de outros e da sua entrega pessoal aos
mais legítimos interesses da entidade que projetamos e a qual, mais tarde
passou a presidir.
Mesmo que se, num instante
permaneça descansando, temporariamente, numa penumbra, o estoque de energia que
lhe sobra, simboliza a explosão, o Big Ben na aurora dos mundos;
posto continuar sendo luz, síntese da energia cósmica, que movimenta a
espiritualidade e a matéria, exemplo da ação e o paradigma do movimento, para
que a mudança possa acontecer; é, a um tempo a hidráulica, a mecânica e, noutra
hora, a eletricidade, mas que se envergonha, fica rubra, diante da inércia e da
estática dos homens públicos de má vontade.
Luz que ela distribuía em profusão, desejando acalentar
o irmão próximo ou distante, sob a forma de mensagens positivas de vida, ainda
que passando por cima das sombras que tentava transformar em claridade, sendo
otimista, porque a fé que ia nutrindo se alimentava da esperança que elegera
para pontificar na sua existência, e na energia que sempre ninava com as
virtudes; e assim encarava a vida como serva de Deus.
Ela tem nome e
sobrenome: MARIA TEREZA MERINO CHAMMA
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