Quinta-feira, 1 de dezembro de 2022 - 11h24
Se ainda vivesse o
Anizinho Gorayeb não mediria esforços para reiterar a sua reverência ao vulto
objeto desta crônica, o que, alías, já tinha feito em 14 de dezembro de 2012.
Vou meter a colher num
tema que seria exclusivo dos moradores de Porto Velho se o desejo de tentar
banir uma injustiça deixasse de aflorar na sensibilidade de um guaporense da
gema, que aprendeu a ser grato, que aprendeu a respeitar a história e as
mensagens legadas pelos verdadeiros destemidos pioneiros desta paragem do
poente, entre os quais destaco o cidadão JOSÉ RODRIGUES CENTENO, nascido em 02
de julho de 1884 e, vindo de Portugal, sua terra berço, aportou na cidade de
Manaus aos 15 anos de idade.
Muito novo veio da
capital manaura para instalar o escritório da empresa J. G. DE ARAÚJO, que já
abastecia seringalistas em todo o Amazonas, no Acre e aqui na geografia
matogrossense.
De pronto, os cidadãos
portovelhenses descobriram que estavam proximos de um homem adiante do seu
tempo, um visionário, que sonhava, mas tinha uma capacidade múltipla para
empreender e realizar.
Motivo muito forte para
jamais deixarmos que seu itinerário nestas paragens passe para a penumbra da
indiferença, haja vista a sua capacidade realizadora e a sua intensa sensibilidade
social.
Interessante é que o
político Cloter Mota valorizou a trajetória fulgurante desse português, porém
mais brasileiro do que muitos que, na sua geração, nasceram nestas plagas. O Deputado
Cloter Mota fez uma pesquisa, da qual estou me valendo para escrever este
texto, visando reconhecer os méritos e os serviços prestados pelo José
Rodrigues Centeno, um filantropo , sempre focado no futuro, tanto prova que as
suas ações foram também voltadas para a educação e a saúde dos cidadãos...
Neste noroeste
brasileiro agenciou o comércio, o financiamento, enfim apoiou as atividades
gumífera, castanheira e dos couros silvestres, em nome da sua empregadora, de
quem fora um fiel escudeiro e um dedicado executivo, sem se divorciar da sua
capacidade, do seu talento para transformar a região que o recebera,
concorrendo para auxiliar o Padre João Nicoletti na construção da Catedral do
Sagrado Coração de Jesus, dos colégios Dom Bosco e Maria Auxiliadora, dos clubes
Internacional e Ypiranga e ainda, do Hospital São José, (Hospital Tiradentes - neste prédio hoje está instalada a
Policlínica da Polícia Militar de Rondônia), além de outras iniciativas
sociais e culturais.
No dia 10 de julho de
1927 casou-se com Maria de Nazareth da Silva Araújo, com quem teve duas filhas
Luzia Centeno Nogueira e Linda Eugênia Centeno Gomes, que acrescentaram à
comunidade, muitos netos e bisnetos e até tataranetos àquela dinastia de sua
abençoada família e de quem ele se tornou orgulho e paradigma.
Seus descendentes hoje
estão representados, num primeiríssimo plano, pela Doutora Mara Centeno, PHD em
Literatura da Amazônia e por Maria de Nazaré Centeno, dedicada ex-funcionária
pública do Governo do Estado a quem prestou relevantes serviços como leal
assessora da senhora Aída Fibiger de Oliveira, esposa do Governador Jorge
Teixeira, bem como por José Rodrigues Centeno Gomes – funcionário do TRT, Rony
Kleber Centeno Gomes – funcionário dos Correios, Ana Claudia Centeno Gomes –
professora da SEDUC e SEMED e ainda por Moysés Centeno Gomes- autônomo..
Porto Velho lhe deve e
ao Padre João Nicoletti (e muito) pelas iniciativas que culminaram para que
prédios enormes e vistosos lhe adornassem as perspectivas urbanísticas e paisagísticas.
Só falta reconhecer.
Aliás, tomei
conhecimento que um alcaide desinformado, sem compromisso com a história e com
a cultura desta terra teria tentado mudar o nome da Ladeira Comendador Centeno
para beneficiar algum ídolo de seu passado duvidoso, que melhor lhe agradasse.
“Ótima” idéia; poderíamos começar mudando os nomes dos bairros Tancredo Neves,
JK, Ulisses Guimarães, Marcos Freire, Agenor de Carvalho e a Praça Aluisio
Ferreira, o Carmela Dutra, o Colégio Major Guapindaia, etc, etc? Afinal, poucos
têm compromisso mesmo com a gratidão, poucos desejam cultuar os verdadeiros
edificadores da historiografia rondoniense...
Por falar no Major
Guapindaia o nosso homenageado mantinha estreita amizade com o primeiro
prefeito portovelhense, com o marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, com o major
Emmanuel Silvestre do Amarante.
No ano de 1928, teve
seus méritos reconhecidos como líder na implantação do Centro recreativo
Vespasiano Ramos, durante um jantar dançante num dos salões da Sociedade Portuguesa
Beneficiente, de Manaus, segundo o pesquisador Cloter Saldanha da Mota
E esse homem
realizador, o nosso Comendador Centeno ainda encontrou tempo para agir como
fiel obreiro da primeira Loja Maçônica, bem como na implantação da Associação
Comercial de Porto Velho, dirigindo-a entre 1928 e 1929, quando transferiu o
comando para o seringalista Salomão David Querub.
O Jornal “O Alto
Madeira” foi uma testemunha eloqüente do valor que Centeno, como cidadão,
representou no horizonte geográfico desta amada e idolatrada terra e lhe dedica
como se fora intenso o seu fervor, como penhor da sua admiração, a um homem e
chefe de uma família que cultivava as virtudes como a rara inteligência e
sabedoria, afabilidade, magnanimidade, lhaneza, a generosidade e a franqueza,
sempre sobre ele se referindo como um homem edificador, empreendedor, em resumo,
um benfeitor neste trecho da Amazônia habitada pelos caiarís.
Aliás,
na edição de 01/07/1928, um dia antes do seu aniversário, quando completaria 44
anos, o comendador foi citado pelo noticioso –que chegaria ao centenário em
2017–, como “um cavalheiro, um amigo distintíssimo e dedicado... integrou-se de
uma tal forma e por tal maneira na vida de Porto Velho, que é como se aqui
tivesse nascido e aqui pusesse a finalidade do seu destino”...
E
esse homem de quem ouvi falar foi realmente um vulto a ser reverenciado.
Faleceu em 17 de setembro de 1959, cinco dias após a data magna do então
território Federal de Rondônia, quando celebrou seus 16 anos de existência, terra
que ajudou a mantê-la altiva, progressista e soberana.
Por
seus feitos, por suas realizações mereceria uma homenagem bem maior daquela que
quiseram um dia lhe retirar – a Ladeira Comendador Centeno.
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