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Paulo Saldanha

CRÔNICAS GUAJARAMIRENSES: O Poder dos livros


  
Paulo Cordeiro Saldanha(*)


Minha Mãe me apresentou primeiro aos gibis “Bolinha e Luluzinha”. Lembro-me que soletrava e, a cada “ratada”, os risos se multiplicavam em nossa casa. Todos riam do aprendiz das palavras! 

E lá se vão mais de 58 anos, mas eu continuo “Baixinho da Xuxa”... 

O bom hábito da leitura impulsiona qualquer pessoa para o alto; eleva o individuo aos píncaros da glória por conta da sabedoria que vai recolhendo. 

Não há nenhuma intenção de ser protagonista de uma mensagem arrogante e pretensiosa de minha parte, mas os livros passaram a ser meus “companheiros de fé, meus irmãos, camaradas”... 

Lá pelas tantas, minha Mãe, me apresentou ao “Robinson Crusoé”; uma amiga dela, ao “Um Yanque na Corte do Rei Arthur”. 

Meu Pai, ao “Roteiro de Um Gaucho” e, depois ao “O Egípcio”, do finlândês Mika Waltari, livro que me comove até hoje quando “do alto destas planícies” lanço novo olhar sobre suas páginas. 

E vibro com aquele estilo, muito dele, de descrever um cenário, um ambiente, enfim, o tempo dos Faraós, com o seu Horemheb, o general do próprio, da Nefernefernefer e do Sinuhê, este personagem principal da história. 

Meu Tio João Saldanha, quando eu tinha 12 anos, me presenteou com a “Sabedoria dos Séculos”, de Victor Hugo com o poema “O Homem e a Mulher”. 

Numa das viagens rios Mamoré e Guaporé acima, em direção a sua Fazenda “Ilha das Flores” me fez conhecer “Os Miseráveis” daquele autor francês e “viajei” naquela história fabulosa. 

Depois, anos depois, pude assistir ao filme homônimo, com Jean Gabin, no papel principal, cujos personagens jamais esqueci: Jean Valjean, Fantine, Cosette, Mariuse e o inspetor Javert. 

O que se extrai das páginas de um livro não tem preço no mundo existencial. 

Mas no terreno espiritual o que se pode alcançar como ganho em sabedoria recolhida se traduz no acréscimo de conhecimento, aprendizado e conquistas. 

Poder-se-á alcançar um maior grau de sensibilidade, que só se encontra na dimensão virtual da progressão geométrica, quando se recorre aos ensinamentos depositados nas páginas de um livro, tal é o quanto de visão mais aberta, estratégica e prospectiva, um ser pode alcançar, a partir do hábito da leitura. 

Um leitor contumaz se transforma num crítico da vida e num analista do cotidiano, aguça a sua sensibilidade, a sua percepção do universo em sua volta e amplia os seus horizontes culturais. 

Jorge Luís Borges, célebre escritor argentino, afirma que “o livro é uma extensão da memória e da Imaginação...” registra, ainda, que “o livro pode estar cheio de coisas erradas, podemos não estar de acordo com as opiniões do autor, mas mesmo assim conserva alguma coisa de sagrado, algo de divino, não para ser objeto de respeito supersticioso, mas para que o abordemos com o desejo de encontrar felicidade, de encontrar sabedoria”. 

Atrevi-me a pesquisar e anotei alguns pensamentos sobre o poder dos livros e selecionei alguns que me tocaram mais de perto e que compartilho com eventuais leitores, assim: “Os livros nos dão conselhos que os amigos não se atreveriam a dar-nos." (Samuel Smiles); "Livros são os mais silenciosos e constantes amigos; os mais acessíveis e sábios conselheiros; e os mais pacientes professores." (Charles W. Elliot); "A verdadeira universidade de hoje é uma coletânea de livros." (Thomas Carlyle). 

Mais adiante poderemos ou não concordar, porém o conteúdo de uma obra escrita se mexe com os nossos sentidos, eleva o nosso espírito com o que concorda André Maurois ensinando-nos que: "A leitura de um bom livro é um diálogo incessante: o livro fala e a alma responde." 

Mas, encerrando, transfiro aos leitores o que Monteiro Lobato filosofou: "Ainda acabo fazendo livros onde as nossas crianças possam morar." 

De minha parte, ouso registrar que vale a pena, pelo menos, “acampar” sob a capa e as páginas de um bom livro.

(*) Membro da Academia Guajaramirense de Letras – AGL e da Academia de Letras de Rondônia - ACLER

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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