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Paulo Saldanha

CRÔNICAS GUAJARAMIRENSES: Os Apaches e os Rondombrasas


CRÔNICAS GUAJARAMIRENSES: Os Apaches e os Rondombrasas - Gente de Opinião 
A onda do Yê, Yê, Yê, com a Jovem Guarda, percorria o Brasil. Os Beatles conquistavam a terra, mas “yesterday” estava sendo “esculpida”. O grupo inglês iria cantá-la adiante, num amanhã, após Lennon e McCartney a terem assinado, como seus autores.

Nesse tempo a cidade ficou dividida, quando dois grupos de jovens (agora quase sessentões) criaram “Os Apaches” e “Os Rondombrasas”, tribos musicais, hoje, conhecidas como Bandas. 

A tribo dos Apaches era constituída pelo Lulu Matheus, crooner que também atuava na Bateria, Moreno (guitarra Solo), Míguel (Baixo), Wagner Tinoco Bártholo (Teclado), Ciro Perez (guitarra base) e Kleber Saldanha (guitarra base), e o Telêmaco, exímio Baterista, que representavam aquele grupo musical, e, mais tarde, Joe Palácio (Crooner). No inicio, “Os Apaches” foram dirigidos pelo Joaquim Bártholo, grande mestre, o nosso Carola. 

A primeira bateria foi por mim adquirida do Moisés Bennesby e colocada à disposição do pequeno grupo de músicos e devidamente paga com os primeiros faturamentos da troupe. 

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Lito Casara/Gentedeopinião



Do lado dos Rondombrasas, o Lito Casara com a sua Guitarra base, liderava a banda, tendo como companheiros: 

Crooners Pretinho (cantava as músicas em português) e Nivaldo (cantava as músicas em inglês); Baterista: Nozinho; Guitarra Solo: Zeca Madeira; Baixo: Nego Chico. 

E aqueles garotos que ousaram montar as duas bandas curtiam o sucesso que experimentavam, traduzido no prestigio que iam alcançando. 

E as suas atuações eram analisadas e discutidas no âmbito das famílias guajaramirenses, nos bares e nos colégios da cidade. 

- Sou mais os Rondombrasas! Dizia um. 

- Que nada, os Apaches tocam melhor! Devolvia o outro. 

E assim a cidade se dividia entre o seu amor por um ou outro grupo musical. O município se enriquecia no campo musical. Até exportava aqueles talentos para outros lugares! (tocavam até na Bolívia, em La Banda) periodicamente. Eram, pois, “internacionais”... 

Porém o serviço militar para alguns daqueles meninos e/ou a necessidade do curso superior para outros, foram obrigando-os a pensar no futuro. Alguns caminharam em direção ao Rio de Janeiro, Goiânia, São Paulo ou Belo Horizonte e os grupos foram sendo esvaziados, por falta de substitutos. 

Algumas histórias foram se sucedendo quando das apresentações, por exemplo, dos Rondombrasas. Alguém, que me permito não citar o nome, imaginando coisas, pediu perventim (uma pílula, que, diziam, “eletrificava” a pessoa) a um dos guitarristas da banda. 

Ele, um gozador emérito, deu-lhe uma boa dosagem de “pílula de vida” remédio “virtuoso”, que tinha a função de liberar o acúmulo dos intestinos. 

Conseqüência: o nosso distraído herói, que tinha uma beldade nos braços, ia “singrando”, qual cisne branco num lago, na pista de dança, até que o primeiro choque na altura da barriga lhe contraiu os músculos do esfíncter. Em seguida, outro, mais outro, e não deu para segurar! Abandonou a moça no salão e caminhou já borrado em direção aos toaletes do Clube. 

Ele, galante, desejava fazer bonito para a sua partner na dança. Porém, não há paixão que resista àquela experiência de ser abandonada, numa pista de dança, por conta de uma disenteria... 

Se foi assaz hilariante esse fato, jamais deixou de ser trágico e cômico. 

O certo é que, depois, muito depois, alguns continuaram na música, outros alicerçaram suas carreiras perante Bancos ou Empresas Federais e outros adquiriram o bacharelato em cursos superiores.
Eles ficaram nas nossas lembranças e na história guajaramirense. 

Paulo Cordeiro Saldanha

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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