Sexta-feira, 27 de dezembro de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Paulo Saldanha

CRÔNICAS GUAJARAMIRENSES: Os nomes dos atletas guajaramirenses


 
 Paulo Cordeiro Saldanha(*)

No futebol europeu tivemos e ainda temos nomes como Franz Beckenbauer, Muller, Zidane, Thierry Henry , Rummenigge, Ibrahimovic, Platini, Cambiasso, Puskas, Gento, Di Stéfano, e tantos outros. 

Especificamente no caso holandês, que montou uma das melhores seleções em 1974, comparável àquela do Brasil de 1982, mas perderam aquelas Copas, nomes como Ruud Gullit, Marco van Basten e Frank Rijkaard sobressaem numa constelação de estrelas que não deixam de fora um Patrick Kluivert, Clarence Seedorf e Jimmy Floyd Hasselbaink. 

No Sul do País, no nosso querido e amado Brasil, pontificaram nomes como Djalma Santos, Gilmar, Pelé, Nilton Santos, Didi, Vavá, Ademir da Guia, Domingos da Guia, Leônidas (o inventor da bicicleta), Ademir do Vasco e da Seleção, e, mais recentemente, Júnior, Zico, Túlio Maravilha, Marcelinho Carioca, Paulo Cesar Carpegianni, Falcão, Eder, Toninho Cerezo, Emerson Leão, os dois Ronaldos, Romário, Bebeto, Kaká, Neymar e outros que seria ocioso relembrá-los. 

Quantos nomes pomposos! Mas que ironia, na contraposição aos dos nossos fulgurantes atletas locais. 

Como se vê, são nomes dignos de figurar numa lista de soberbos, mas seus proprietários, até onde se sabe, não permitiram que a arrogância tomasse conta de suas existências. 

O Pelé, como todos reconhecem, continua um homem humilde, assim como o Artur Antunes Coimbra, o Zico e o Júnior. 

Em 1993 estive num vôo internacional com o Pelé e ele foi de uma atenção e generosidade para comigo, quando conversamos por uns 10 minutos, como se velhos conhecidos fôssemos. Brincando lhe assegurei que tínhamos o futebol como ponto de união e que, assim como ele, eu havia jogado no exterior. 

–Onde, em que País você jogou? Perguntou-me o Rei do futebol. 

–Na Bolívia, respondi incontinenti. Era só atravessar o Rio. Na cidade de Guayaramerin, quando jovem. 

E nós rimos da minha brincadeira. 

Na realidade eu não lhe menti. Joguei no exterior, de fato, Inclusive em Riberalta e em Trinidad. Ao contrário dele, não tive carreira futebolística, mas apenas, uma pequena caminhada, no máximo um teste de Cooper.. 

Voltando aos nomes dos atletas, dos jogadores de futebol que vivem ou viveram no primeiro mundo e no sul sudeste brasileiro (o primeiro mundo de nossa Pátria), temos, para se contrapor àqueles, nomes como Carraspana, Charuto, Dezessete, Galaláu, Grilo, João Pomba, Pacula, Paxiúba, Queixada Marimari, Sabão, Xepa de Charque,... 

Será que para ser atleta do terceiro mundo nossos jogadores devem ser alcunhados com esses nomes estrambólicos? 

Vamos aos seus significados: 

Carraspana: Bebedeira, que desaguou no homem viciado em cachaça. 

Charuto: Rôlo de folhas secas de fumo, preparado para fumar-se. 

Dezessete: numeral depois de dezesseis e antes de dezoito (?). 

Galalau: Homem de estatura elevada. Varapau. 

Grilo: Inseto ortóptero, da subordem grylloidea, de coloração, geralmente parda ou escura, com antena muito mais longa que o corpo, tarso de três artículos, fêmures posteriores, muito grossos, apropriados para o salto e cujo Órgão estridulante se acha localizado nas tégminas do macho. Mas poderá ser ainda ruído das peças da carroceria dos automóveis velhos ou mal ajustados. Como podem ver, tive que visitar o Aurélio! 

João Pomba: O João é homenagem ao Primo do Cristo. O Pomba, só perguntando ao próprio... 

Pacula: Apelido não conhecido pelos dicionaristas. 

Paxiúba: Palmeira (Iriartea exorriza) habitante dos igapós e que mede entre 10 e 15 metros de altura. O estirpe é sustentado por um pedestal de raízes aéreas, ásperas e duras que servem de ralo e a madeira é escura e fibrosa... Madeira resistente utilizada na construção de casas dos índios e dos ribeirinhos. 

Queixada Marimari: Espécie de porco-do-mato, com dentes proeminentes.Sem registro nos dicionários. 

Sabão: Produto detergente constituído de sais de sódio e de potássio, de ácidos graxos e que serve para a limpeza em geral. Terra escorregadia. Descompostura; repreensão em alguém. 

Taratatá: Não encontrado no Aurélio, mas designava o Chico, um jogador desengonçado e sarrafeiro. Mora ainda hoje perto da casa do Capitão Alípio. 

Xepa de Charque: Xepa = a comida de quartel; Charque: carne de vaca, salgada e em mantas. 

Muitos deles já faleceram; outros vivem noutras terras. Aqui marcaram a sua época com esportistas, apesar dos apelidos esquisitos que receberam
O Grilo, cuja designação, segundo o dicionário, tem uma interpretação altamente técnica, no futebol, foi um goleiro saltador, do Pérola, do América e do Guajará, como é o seu homônimo inseto. 

O Queixada Marimari, um dentuço que pode ser encontrado andando por ai, acha-se escrevendo sobre uns e outros...

(*)-Membro fundador da Academia Guajaramirense de Letras-AGL e da Academia de Letras de Rondônia-ACLER.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

Gente de OpiniãoSexta-feira, 27 de dezembro de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Crônicas Guajaramirenses - O poder do m da palma da mão

Crônicas Guajaramirenses - O poder do m da palma da mão

O M que lembra a palavra Mãe é o mesmo M que, conforme o Cantador nos ensina: é onde na palma de nossa mão principia o nome Maria.M que se une a ou

Crônicas Guajaramirenses - Olha pro céu, minha gente!

Crônicas Guajaramirenses - Olha pro céu, minha gente!

Azul, o nosso céu é sempre azul... Diz uma estrofe do Hino de Rondônia. Será?Bem antes do nosso “Sob Os Céus de Rondônia”, tentaram nos ensinar que:

Crônicas guajaramirenses - Por quê?

Crônicas guajaramirenses - Por quê?

Por quê os prédios públicos são tratados pelos homens e mulheres do meu tempo com tamanha indolência? Preguiça, ou será má vontade?Por quê o edifíc

Crônicas Guajaramirenses - As águas negras e as águas barrentas

Crônicas Guajaramirenses - As águas negras e as águas barrentas

Sempre me comovo ao observar o encontro das águas, que, no caso rondoniense, são os beijos gelados entre os rios Guaporé e Mamoré e deste com o rio

Gente de Opinião Sexta-feira, 27 de dezembro de 2024 | Porto Velho (RO)