Sábado, 28 de janeiro de 2023 - 11h10
“Que
saudade da professorinha/Que me ensinou o beabá”. Verso de música que é
recorrente para homens e mulheres de várias gerações. É de Ataulfo Alves de Sousa,
nascido em 2 de maio de 1909 na Fazenda Cachoeira, no município de Miraí,
Estado de Minas Gerais.
Quem não se lembra da
primeira professora, lembrada e relembrada pela doçura ou pela firmeza como
gerenciava a sua turma. Quem perdeu de vista a professorinha do beabá, que,
ante a insegurança de um momento, lhe enxugou uma lágrima furtiva ou um choro
convulsivo?
Ninguém!
Quem de nós não é
remetido para um tempo chamado saudade ao recordar do instante, sublimes
segundos, abençoados minutos, em que a meiguice do olhar, a paciência no
ensinar, a intensidade da ternura ao afagar, quando a mão e os braços da
primeira mestra substituíam o carinho maternal.
Sentada ao lado, pacientemente, a
professorinha, após dedicar sua atenção a outro colega, dirige o seu foco
maior, de forma abnegada, altruísta, carinhosa e afetuosa, na tentativa de
ensinar e transformar, educando e socializando aquele pequenino ser, futura
estrela no firmamento universal.
Depois, com a conquista dos primeiros
aprendizados, chega a hora das cantigas de roda, dos hinos, do teatro e das
músicas mais a altura do entorno, onde aquele pequenino cidadão transitava, já
orgulhoso pela descoberta da importância de ser aluno daquele Colégio, o
primeiro das suas boas lembranças e pupilo da professorinha que lhe vai ensinando
o beabá.
E o tempo, jamais, apagará as recordações daqueles
instantes em que, depois dos ensinamentos colhidos no lar, lhe valeram como os
princípios mais intensos na formação do caráter, para a descoberta dos valores
por conta da vida em sociedade, quando se convive com as diferenças, sejamos
nós pobres ou ricos, brancos ou negros, católicos, budistas, espíritas, evangélicos
ou professadores do islamismo.
Vai daí que Deus como
fonte da criação, o civismo, a lealdade aos companheiros e à Escola, a
orientação para que os alunos façam da leitura de livros um instrumento para
crescer e evoluir, entre outras mensagens sejam descobertas e não se percam nas
estradas da vida.
É imperioso que as famílias modernas ensinem
aos pequeninos que devotar respeito e gratidão ao Mestre é reverenciar, até por
uma espécie de culto, o grande responsável, numa primeira hora, pelo
aprimoramento daquele ser tão pequenino, um Ente racional, cujas virtudes devem
ser enaltecidas como forma de valorização do individuo como integrante da
comunidade que o acolheu como membro e cidadão.
Particularmente entendo
que devemos ao Mestre, ao Professor ou Professora a mesma reverência com a qual
nos valemos para dignificar o Magistrado. O primeiro nos prepara para a vida, o
segundo tende a corrigir as injustiças com que a vida nos surpreende.
E o importante é que,
em relação a professorinha, lá no cantinho das nossas mais intensas recordações,
acalentemos o direito de guardar as lembranças de um tempo recheado de tão
vivas e gratificantes reminiscências, mercê da gratidão acalentada, em face da
revolução que se traduziu em amadurecimento e lições que durarão a vida toda.
Afinal, ela não ensinava
só o beabá; posso até afirmar que, sem tomar ciência do efeito multiplicador e
irradiador da sua messe, ela distribuía, em consequência, doutrinas, preceitos,
exemplos, relevantes informações, mandamentos e lições, enfeixando no ideário
do progresso dos pequeninos alunos, dando rumo ao crescimento como gente, numa
amálgama criteriosa que concorre para a conquista de novos espaços, novas vitórias,
em que uns se transformavam em líderes, outros em liderados.
Mas, via aprendizado recolhido, todos se tornavam vencedores!
E ai me valho dos
versos que o Mestre Ataulfo Alves nos deixou: “Eu daria tudo que eu
tivesse/Pra voltar aos dias de criança/Eu não sei pra que que a gente cresce/Se
não sai da gente essa lembrança”.
A professorinha, é possivel, que alguns a
tenham transformado até na idealizada e
imaginária primeira namorada...
“Onde andará Mariazinha, Meu primeiro amor, onde andará? Quanta travessura que eu fazia/Jogo de botões sobre a calçada/Eu Igual a toda meninada/era feliz e não sabia...”
*Membro Fundador da Academia Guajaramirense de
Letras-AGL e Membro Efetivo da Academia de Letras de Rondônia-ACLER
Crônicas Guajaramirenses - O poder do m da palma da mão
O M que lembra a palavra Mãe é o mesmo M que, conforme o Cantador nos ensina: é onde na palma de nossa mão principia o nome Maria.M que se une a ou
Crônicas Guajaramirenses - Olha pro céu, minha gente!
Azul, o nosso céu é sempre azul... Diz uma estrofe do Hino de Rondônia. Será?Bem antes do nosso “Sob Os Céus de Rondônia”, tentaram nos ensinar que:
Crônicas guajaramirenses - Por quê?
Por quê os prédios públicos são tratados pelos homens e mulheres do meu tempo com tamanha indolência? Preguiça, ou será má vontade?Por quê o edifíc
Crônicas Guajaramirenses - As águas negras e as águas barrentas
Sempre me comovo ao observar o encontro das águas, que, no caso rondoniense, são os beijos gelados entre os rios Guaporé e Mamoré e deste com o rio