Sexta-feira, 8 de março de 2019 - 12h46
Corria a década de 50 o catolicismo já
estruturado pelas benfazejas mãos e lucidez de Dom Rey, lutava para impor-se,
mas alguns evangélicos, notadamente os batistas já se faziam presentes bastante
atuantes, no município.
Mas,
um dia apareceu Benício Anacronte do Vale, bem apessoado, loquaz, bon vivant, desejando introduzir na
cidade um novo conceito religioso, uma tal de Igreja Brasileira Missionária da Bem-Aventurança.
Alugou
um prédio, e morava nos fundos; o salão incrementou com um crucifixo
(simbologia católica principalmente), mesa branca, púlpito, coberta com
ornamentada toalha, velas e alguns bancos. Microfone não havia.
A
tal Igreja exercitava uma miscelânea de cultura religiosa. Ora, era o espiritismo,
ora o candomblé, ora orações católicas elevavam loas ao Cristo, no instante
seguinte canções evangélicas eram entoadas. Os freqüentadores iam chegando e um
nó era dado nas suas cabeças, haja vista a multifacetada doutrina que ele fazia
cultivar.
Como
disse, Benício era bem apessoado e loquaz e um público feminino, para desespero
de Dom Rey, migrava da Igrejinha Nossa Senhora do Perpétuo Socorro para o
famigerado templo da Brasileira Missionária da bem-Aventurança.
Famigerada,
Paulo? Você não é isento e já está julgando como falsa a tal ideologia de
Benício? “Devagar com o Andor que o santo é de barro”, companheiro.
–Mas, não tem jeito, minha consciência,
é que conheço o final da história e sei que Benício era um vigarista, não um
vigário!...
Vale
o destaque para o fato que se trata de um informe que recolhi, pode ser fake, pode ser real. Eu já havia nascido, porém era muito pequeno! É história
que ouvi contar...
Bem,
o certo é que o falso Pastor, como me referi antes, era loquaz e, descaradamente
paquerava as fiéis, solteiras, casadas e amancebadas, essas últimas banidas
preventivamente na Igreja católica, pelo Bispo, as vezes tão radical.
Quando
recebia em confissão (até esse considerado Sacramento pelos Católicos ele
copiava), lá no fundo do prédio, em horários não coincidentes com as suas
celebrações, ninguém fazia idéia se havia algum tipo de pecado por conta dos
assédios agendados.
Passou
a freqüentar a Igreja profana, Aglaydes Nepomuceno das Andradas Cupertino (nome
fictício), filha de comerciante ateu e que se tinha decepcionado com a filha,
virado mulher fora do casamento e tornara-se mal falada, em face da pureza
perdida com um viajante evadido mediante o terror de ser morto pelo genitor da
ex-moçoila. O falso pastor devorava a mulher com olhos dilaceradores,
avermelhados de luxúria e desejo de posse, notadamente depois que pôde conhecer
os dotes financeiros e patrimoniais do patriarca Cupertino. Ocorre que, passado
um bom tempo, um casamento fora comprado como ação reparadora para Aglaydes. O namorado,
cooptado para fiel da Igreja “renovadora” ia ensaiando o noivado, mas se
martirizava com a incessante troca de olhares entre a namorada e o tal pastor.
Noivado
anunciado no instante em que a data do casório seria encaminha pelo Pastor
(falso) Benício.
O
noivo, pau mandado do pai de Aglaydes, se contraía de raiva ao surpreender a
noiva trocando olhares faiscantes com o pseudo religioso. Mesmo assim, com
dinheiro no bolso aceitara a encenação.
Em
pleno ato casadouro, ao ser proferida a quase sentença do “Ou fale agora ou se
cale para sempre”, o noivo, olhou para a noiva, tremeu, virou-se para a
multidão logo atrás, levantou-se e vazou na braquiária, deixando todos
atônitos.
Benício
não se fez se rogado e achegando-se mais perguntou a noiva se ela aceitaria
casar-se com ele, o próprio, em seguida , após a fuga do noivo. Ela concedeu a
mão e o pai também. O Pastor celebrante passou a celebrar o próprio casamento,
auto-proclamando-se noivo, ora transformava-se em celebrante e oficiava o
“sacramento”, ora respondia as suas próprias perguntas ou orava desejando amor
eterno ao casal.
Em
2019 um sul americano autoproclamar-se-ia Presidente na Venezuela...
Terminada
a cerimônia, as testemunhas assinaram o livro e arroz em profusão foi lançado
por sobre o sorridente casal.
Igreja
fechada temporariamente em função das núpcias do falso pastor, jamais foi
reaberta porque ao sair em lua de mel aquele um nunca mais retornou ao pedaço,
Só a noiva desiludida e largada mediante a descoberta da bigamia, crime
cometido pelo Benício que, evadido foi enganar outros lesos noutra
localidade...
Aliás,
nem bígamo conseguiu ser posto que a sua igreja não existia e a tal cerimônia
seria tão falsa quanto uma nota de CR$-17,00 (dezessete cruzeiros)...
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