Terça-feira, 14 de julho de 2015 - 07h51
Estudamos no Colégio Nossa Senhora do Calvário, até que a vida nos encaminhou para cidades diferentes. Já em 1986, nos reencontramos e festejamos com sorrisos e abraços a nossa alegria. Fizemos parte de um grupo que tentava o parlamento estadual, mas os eleitores preferiram outros nomes.
Consta que, num dos comícios, o Curió pedia votos para os demais companheiros, jamais para ele próprio. Ele sempre foi assim: magnânimo, generoso, altruísta...
Nessa fase, a das eleições de 1986, já era dono de um sítio e de um restaurante aqui em Guajará-Mirim, ali nas cercanias do Igarapé Palheta, e ganhava bons cruzados por conta dessa atividade.
Anos depois montou um respeitado restaurante no Distrito do Araras, no lugar chamado antigamente de Periquitos.
Um dia fez suas compras e pagou com distintos cheques pré-datados. Ocorre que o Zé Maria não conseguia receber os parcelados, objetos da venda realizada. Todos carimbados duas vezes.
E premiou o grupo de abnegados funcionários com os três cheques em seu poder para que fossem ao estabelecimento do Curió e bebessem e comessem à vontade, até a saciedade, e pagassem a conta com os amaldiçoados pré-datados, vencidos, impagos e sem solução de resgate.
Assim foi feito. Os rebeldes funcionários do Zé Maria se fartaram e, já ébrios, pediram a famigerada conta, totalmente paga com as renegadas ordens de pagamento emitidas pelo dono daquela casa de alimentação e bebidas.
Parecia até uma das histórias do Jorge Amado, cujo personagem do romance Gabriela Cravo e Canela pedira um aval de respeitável cidadão num papagaio descontado por um banco, mas, vencido, teve o seu pagamento negligenciado pelo Vadinho que, ao ser cobrado, demonstrou a sua contrariedade pelo fato do avalista não ter honrado a garantia prestada a si próprio.
Pelo mesmo motivo, o pagamento com aqueles cheques tenebrosos não foi aceito, sendo violentamente rechaçado sob o argumento que ali não se vendia fiado.
Devolvido pelo dono ali presente depois das ponderações expendidas, por seu turno estas não mereceram a concordância dos bêbados beneficiários dos três documentos entregues pelo Zé Maria. Conflito instaurado, redundando no chamamento da polícia.
E polícia, ao tentar ser mediadora da transação, viu que o pagamento guardava certa coerência, uma vez que a emissão dos cheques era do próprio dono e proprietário do lugar.
Mesmo nos dias de hoje a “pedalada” criada pelo Zé Maria nem seria encarada como constrangimento ilegal, mas nos idos dos anos 80 foi considerada como criativa, ardilosa e sábia...
Aí o Curió, que nem nessas horas sabia voar, pegou o cassetete do policial e tentou agredir o líder do grupo dos “bebuns”, dizendo-se enganado pelos consumidores de sua comida e de sua bebida, obrigando os agentes da lei a se valerem de sua autoridade.
Para encurtar o assunto: chorando copiosamente, o nosso bom samaritano Curió teve que engolir goela abaixo os cheques de sua emissão que tinham sido renegados pelo seu banco há mais de seis meses e cujas devoluções se deram por absoluta ausência de fundos; mas que, numa cilada, numa armadilha, foram recuperados pelo dono do empório que vendera mercadoria da melhor qualidade, utilizada depois soberanamente pelo bar e pela cozinha do meu amigo Curió, o homem que não sabia voar, mas que dera cheques voadores para o seu fornecedor de plantão.
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