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Paulo Saldanha

Dom Geraldo no rumo dos campos do Senhor - Por Paulo Saldanha


 

Na madrugada deste 22 de outubro de 2017 a humanidade entristeceu-se e ficou mais debilitada! Morreu Dom Geraldo Verdier, o sacerdote, o missionário, o Bispo Emérito de Guajará-Mirim, o evangelizador, o homem, o cidadão, o acadêmico e o imortal.

Mas, mesmo perdendo um dos seus apóstolos mais aguerridos esta geração, que aprendeu a amá-lo e a reverenciá-lo, acabou compreendendo os desígnios de Deus e o “dia amanheceu com o céu plúmbleo, porém em paz”!Dom Geraldo no rumo dos campos do Senhor - Por Paulo Saldanha - Gente de Opinião

Só que eu, que o tenho como um “amigo de fé, meu irmão, camarada”, vou me recusando a aceitar mais essa perda... E escrevo para desabafar, posto ter ficado muito abalado, entristecido pela viagem do querido companheiro, um dos meus Mestres e grande inspirador. E escrevo mãos trêmulas e coração batendo forte, pungente dor no peito e “pedaços de água” jorrando no teclado do computador, enquanto recordações de nossos encontros transitam vagando à esmo pelas minhas lembranças.

Ele aportou a primeira vez em 1966 aqui em Guajará-Mirim aos 29 anos, entusiasmado ante a perspectiva de se oferecer ao povo desta terra. Como chegou com seu sorriso aberto no semblante, muita simpatia e elevado astral, passou a retornar sempre da mesma maneira, com o seu olhar e sensibilidades tão calorosos, com aquele seu jeito de falar e ouvir, como se estivesse fazendo um convite a uma festa, através dos papos que sempre corriam de forma descontraída mediante a confiança, em face da elevada credibilidade que despertava nos seus interlocutores.

Como pupilo de Dom Rey veio do primeiro mundo para doar-se a uma terra do derradeiro mundo e recebeu todo o legado da história religiosa e social de toda esta geografia, que o primeiro Bispo lhe transferiu; mais tarde, ampliou a sua riqueza espiritual recolhendo os ensinamentos deixados por Dom Roberto.

E nas suas idas e vindas em desobriga e inúmeras visitas numa jurisdição das maiores deste Brasil, por este imenso sertão, sempre voltava mais enriquecido com as vivências acumuladas quando se espantava com as dificuldades que a população, em pleno século XX, ainda enfrentava. E se energizava com a luz divina visando vencer os desafios sociais e religioosos que representavam sua obstinação porque lutava em prol dos mais fracos, a par da sua luta evangelizadora, que foi soberanamente implementada e vencida.
 
E era bonito ver a sua chegada nos diversos rincões desta Amazônia desafiadora e comovente! A superação era a sua marca e nos espantava a força do seu idealismo, agindo sempre com denodo, criatividade e pertinácia em favor da sua messe.

Seu bispado durou a idade do Cristo: 33 anos distribuindo cristianismo, e, como desdobramento, saúde –através do Hospital Bom Pastor– educação–via Centro Despertar, além da intransigente defesa dos despossuídos.

E o município todo despertou acordando parte de uma juventude que precisava evoluir e profissionalizar-se.

Escondia de todos a sua debilidade física, substituída pela inquebrantável energia para os diversos embates contra as injustiças dos poderosos e contra as omissões dos fariseus do pedaço...

Quando tomei conhecimento do AVC que nos surpreendeu observei que o meu coração ficou apertado e intuí que Dom Geraldo poderia nos deixar... e a amargura temporária foi substituída pela esperança nutrida na minha fé que passou a acalentar a perspectiva de um milagre. Em vão!
    
Perdi aqui na terra o amigo, mas ganhei um anjo lá no céu...

Como não sou egoísta informo (para minorar as nossas dores) todos nós ganhamos um Arcanjo plenipotenciário diante do comando divino lá nos campos do Senhor.


 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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