Segunda-feira, 19 de dezembro de 2011 - 09h22
Ao CRISTO**
**Vespasiano Ramos
Ó Sombra!
Ó Essência!
Ó Espírito II
Ó Bondade! Soberano de todos soberanos,
Esperança dos míseros humanos, III
Jesus – Misericórdia e Caridade; Cristo – Amor
Cristo – Luz
IV Cristo – Piedade!
Divino apagador dos desenganos
Tu que foste há quase dois mil anos, V
Sacrificado pela Humanidade, Prometeste voltar! Não voltes, Cristo:
Serás preso, de novo, às horas mudas,
VI Depois de novos e divinos atos,
Porque, na terra, deu-se apenas, isto:
Multiplicou-se o número de Judas
...E vai crescendo a prole de Pilatos.
“Eu te perdôo”, Cristo
por teres descido à Terra e reinado entre criaturas tão pobres de espírito;
Eu te perdôo, Cristo
por teres trazido mensagens, parábolas tão ricas, que não seriam entendidas nem por fariseus, sacerdotes e plebeus, até hoje;
Eu te perdôo, Cristo
por teres feito milagres, demonstrando o teu poder divino e, mesmo assim, foste traído pela forma mais vil e torpe, por 30 dinheiros;
Eu te perdôo, Cristo
por teres feito filosóficos sermões e nem por isso a fraternidade, o amor ao próximo puderam fecundar consoante previas;
Eu te perdôo, Cristo
por teres ficado dos 12 aos 30 anos buscando a sabedoria e o conhecimento, em algum lugar do planeta, preparando-te para os desafios que irias enfrentar aos 33 anos, cujo sacrifício pouco melhorou a humanidade, por que não te compreenderam;
Eu te perdôo, Cristo
por teres descido do Monte em cima de um jumento, em que incautos festejavam uma redenção, que, ao contrário, antecipava o teu martírio;
Eu te perdôo, Cristo
por teres objetivado a Justiça social, a paz entre os irmãos, o legado de “a Cesar a que é de Cesar e a Deus o que é de Deus”, quando atiraste, porém, pérolas aos porcos;
Eu te perdôo, Cristo
por teres, em vão, ensinado que o materialismo é secundário, sendo verdadeira a crença de que nas moradas do Pai só terão acesso os puros de espírito e de coração;
Eu te perdôo, Cristo
por teres permitido a perseguição contra os cristãos, dando-lhes a fé e a esperança como alimento espiritual, em que pese o sofrimento a que ficaram expostos;
Eu te perdôo, Cristo
por teres perdoado Pedro, que te renegara, fazendo-o pedra angular da tua Igreja, que, entre percalços, chega a este milênio, sem as Cruzadas, inquisição e sem as indulgências plenárias;
Eu te perdôo, Cristo
por não ter a humanidade compreendido toda a extensão da prece “O Pai Nosso” que nos legaste como mensagem de vida;
Eu te perdôo, Cristo
por teres carregado a cruz do homem, derramado o teu precioso sangue e expirado para que esse mesmo homem pudesse compreender em toda a extensão o tamanho do teu martírio e melhorasse (mas não o conseguiu) como um Ser a tua imagem e semelhança;
Eu te perdôo, Cristo
por teres ressuscitado, abençoando a humanidade, ao tempo em que, em vão, apostavas na sua evolução;
Eu te perdôo, Cristo
por teres sido tão ingênuo, mas generoso, tão altruísta, mas inocente, tão magnânimo, mas singelo, pois muitos dos seres que o Criador colocou neste planeta secundário, “desanimaram-se da virtude, riram-se da honra e passaram a ter vergonha de ser honestos" ...
Eu te perdôo, Cristo
mas louvo as exceções à regra que pudeste permitir, pois descobri homens e mulheres que seguem a tua crença e os teus ensinamentos;
Eu te agradeço, Cristo,
enfim, por teres perdoado também a minha irreverência, que me transformou num insurgente e, ainda, num temerário, levantando críticas (verdadeiras ironias, à parte) nem sempre sutis às tuas verdades deixadas, as quais me curvo reverentemente para enaltecê-las, como princípios que nos foram legados por um dos integrantes da Santíssima Trindade, há mais de 2000 anos, demonstrando que tu, meu Deus e Senhor, estavas infinitamente certo e adiantado no teu tempo...
*Membro Fundador da Academia Guajaramirense de Letras-AGL e Membro Efetivo da Academia de Letras de Rondônia-ACLER.
**O poeta maranhense Joaquim Vespasiano Ramos, nascido em Caxias no dia 13 de agosto de 1884, passou seus últimos dias na então vila de Porto Velho, Comarca de Humaytta, Estado do Amazonas, hoje município de Porto Velho, capital do Estado de Rondônia no início de dezembro de 1916 e faleceu no dia 26 do mesmo mês.
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