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Paulo Saldanha

GUAJARÁ, EU TE AMO!



Paulo Cordeiro Saldanha*
 

Guajará, tão feminina, eu te amo, com intensidade e ardor; com respeito e devoção, preocupação e desvelo. É amor à primeira vista, sem desejar retribuição.GUAJARÁ, EU TE AMO! - Gente de Opinião

 Amo-te com o desespero dos destemperados e com a loucura ensandecida dos apaixonados, que não vêem limites na demonstração alucinada desse amor.

 Amo-te, mesmo sabendo que és desligada e compassiva com os teus detratores e com os teus destruidores;

 Amo-te, apesar das Praças descuidadas e das Avenidas “cariadas”, corrompidas pela inação;

 Amo-te, sem limites, apesar de ver nossos mortos negligenciados e os viventes sem escolhas, pois desconhecem, quando lhes chegar aquela hora, o aonde serão sepultados;

 Amo-te com o desespero dos amores não correspondidos, apesar da depredação dos barrancos dos teus rios, igarapés e do não aproveitamento pelo Poder Público da orla, de onde se vislumbram duas cachoeiras monumentais, cujos cenários lindos jamais foram utilizados como recanto de observação e interpretação do teu lindo e diferente pôr-do-sol, salvo uma única exceção por conta dos proprietários do Laje de Pedras;

 Amo-te descomedidamente, embora sabendo que, para tamanho amor se perde a lucidez, mesmo que a chegada pela rodovia não tenha merecido até aqui um Portal a altura do teu deslumbramento, das conquistas anteriormente alcançadas e da tua história bem-aventurada;

 Amo-te com a loucura dos passionais, que não vêem termo, nem medida para esconder esse amor, apesar do capim que toma conta dos prédios públicos, ante a negligência dos responsáveis por seus organismos;

 Amo-te com aquele amor insensato, só justificado pelo amante sôfrego que dissimula, e sofre com o teu desamparo, mas precisa enxergar na esperança a chance de te ver novamente de pé, altaneira, altiva, energizada e vitoriosa;

 Amo-te com extravagância, mas observo e respeito o teu pudor, ainda que a serra que te olha tão de perto continue abandonada, desde há muito, sem que alguém se disponha a dar um tratamento turístico àquele cenário, que se desdobra na visão de outros cenários;

 Amo-te com a generosidade do filho que se orgulha da Mãe dadivosa, generosa ao extremo, que perdoa os defeitos daqueles que desejam negligenciá-la;

 Amo-te com a elevação da alma de alguém que te deve tanto, como berço natural, mas que fez tão pouco por essa Mãe tão extremada, que o manteve em seu ventre tão fértil, encimado por um coração que ao filho pródigo tanto ama e tanto perdoa;

 Amo-te com a veneração do menino que um dia foi desfilando nas tuas festas cívicas, sob a cadência do tambor que dá o ritmo da marcha, e que agora se move no compasso da vida do adulto, já com cabelos brancos, que procura ajudar-te nessa reconstrução;

 Amo-te e te respeito porque abrigas eu teu útero a biodiversidade que enalteces, ninando os passarinhos, cuidando dos animais, permitindo que os peixes saciem a fome de famílias inteiras, como se tão próximos estivessem do teu regaço, descendo das serras, em direção aos leitos dos rios, que desfilam entre os nossos matagais;

 Amo-te, a ti, que és Mãe, mas que, ao mesmo tempo, também és filha; Amo-te como se ama a caçula, a mais velha ou aos do meio, e a ti dedico o meu verso:
 

                                 “Eu te amo e não nego,

        Pois meu amor é profundo,

     Maior que tudo no mundo,

              Que dentro de mim eu carrego”

 

 


* Membro Fundador da Academia Guajaramirense de Letras-AGL e Membro Efetivo da Academia de Letras de Rondônia-ACLER.

 

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Fonte: Paulo Cordeiro Saldanha
*Membro Fundador da Academia Guajaramirense de Letras-AGL e Membro Efetivo da Academia de Letras de Rondônia-ACLER.
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