Quarta-feira, 16 de dezembro de 2009 - 05h28
Por Paulo Cordeiro Saldanha
Um homem virtuoso, tão virtuoso que escolheu um anjo como esposa. Com apenas 30 anos comandou a cidade, como prefeito, entre 1956 e 1957, legando um montão de conquistas materiais. A política corria nas veias do seu idealismo. Foi do antigo PSP até que a decepção o despertou para a necessidade de sair daquele barco, eis que tinha a carga negativa da corrupção, nos porões daquele partido. Migrou para o PTB (antigo) e acabou comandando a sigla com devoção e acrisolado sentido de civismo.
Voluntarioso brigou com Governadores, seus chefes, defendendo, com personalidade e firmeza, os seus pontos de vista. Foi assim que o município ganhou o seu ginásio e conquistou o direito de ter a sua Escola Técnica de Comércio. Humilde, jamais deixou de dividir com o então Capitão do Exército Luiz Carlos Pires de Araújo e sua idealista mulher, com o Harry Covas, Zuila Guimarães Covas, Jader Soares Marinho e outros abnegados a conquista material e espiritual que redundou na implantação do Ginásio de Guajará-Mirim.
Quando em 1938, o seu pai veio a falecer, não inventou motivos para a omissão e foi trabalhar como vendedor de doce, auxiliou o mestre Lavor numa sapataria de consertos, com o senhor Rezzalla Bouez fora balconista e com o seu mentor Tanous Melhem tornou-se aprendiz na pequena indústria de malas, até que bradando bem forte o grito dos obstinados, assumiu a idéia de ser dono do seu próprio negócio. E em 1943 implantou a casa de comércio onde vendia suas malas, depois foi acrescentando outras mercadorias, até que em 1957 encerrou essas atividades para somar com os irmãos mais novos Obadias e José, criando uma nova empresa.
Em 01.01.1958, com os irmãos, no local onde funciona até hoje, implantou a Comercial Importadora Mamoré Ltda, um comércio que ficou forte, dinâmico e diversificado. Nas suas instalações até uma farmácia sob o comando do Antônio Luís de Macedo, numa primeira hora, depois com o Macedinho, seu filho, uma sortida drogaria ali fez funcionar.
A Associação Comercial de Guajará, concebida graças a visão do Almerindo Ribeiro dos Santos, ajudou na sua implantação, dando as mãos a outros tantos, que culminou com a construção do prédio e, depois, mercê da sua liderança tão forte, acabou conduzindo-a na condição de seu Presidente.
Assim era a vocação do Salomão Jorge Badra Filho, que se casando com a Valvinda Câmara, coroou a sua vida com outras vitórias, cujas conquistas não se pode negar.
Hoje conversar com o Salomão é fazer um exercício às boas lembranças, de vez que tem um papo agradabilíssimo e tão cheio de retumbantes saudades. Por exemplo, aquela reunião na residência do senhor José Melhem (um líder) quando se decidiu pela construção do Clube Helênico Libanês; a sua contrita negação para a transferência de um motor de luz para Porto Velho, em face do equipamento de lá ter sido quebrado; em outras palavras, como Prefeito, enfrentou a autoridade do Governador e impediu a saída do motor de luz, à guisa de que o Guajaramirense jamais seria, enquanto ele Prefeito, um cidadão de segunda classe. Ficar sem luz, só se o chefe maior o destituísse! E o grupo gerador ficou! Quando o governador foi se queixar ao Bispo (literalmente falando), Dom Rey lhe deu uma bronca, valorizando a sábia decisão do seu pupilo Salomão Badra. E o Governador só falava:
- Mas, Prefeito, o Bispo não me deixa falar! Mas prefeito, o Bispo não me deixa falar... E o Governador, bastante constrangido, ora olhava para o Salomão, ora para um enfurecido Bispo, lutando pelo bem estar do seu rebanho, que não admitia deixá-lo às escuras.
E o grupo gerador, repito, ficou! E o Prefeito Salomão Badra também!
É que o Salomão Badra Filho herdou dos Pais, a têmpera dos guerreiros e a teimosia dos abençoados. E, na dimensão oposta, a ternura do seu tio Nicolau Jorge Badra, o primeiro Badra a aportar nesta cidade, ainda em 1913, depois de uma passagem pelos Estados Unidos da América.
Além das funções citadas o Salomão Badra presidiu o Lions Clube com sabedoria e acerto, entidade que fora introduzida neste País, através dos “Leões” bolivianos, merecendo o destaque para o fato de que esse de Guajará-Mirim, e não Campinas, no Estado de São Paulo, ter sido o primeiro Clube a ser implantado com a marca dos leões, aqui no Brasil, cujo primeiro presidente fora o Elias Salomão Helou.
Ao Salomão Badra e a sua Valvinda, bem como a sua linda família externo a minha admiração e o meu mais profundo respeito, derivado pelas virtudes que neles existem em profusão e que decorrem da excelente formação cristã de que ambos são possuidores, razão da quantidade de amigos que, assim como eu, os ama, com o afeto sincero de quem cultiva, na sua dimensão, o amor fraternal.
Crônicas Guajaramirenses - O poder do m da palma da mão
O M que lembra a palavra Mãe é o mesmo M que, conforme o Cantador nos ensina: é onde na palma de nossa mão principia o nome Maria.M que se une a ou
Crônicas Guajaramirenses - Olha pro céu, minha gente!
Azul, o nosso céu é sempre azul... Diz uma estrofe do Hino de Rondônia. Será?Bem antes do nosso “Sob Os Céus de Rondônia”, tentaram nos ensinar que:
Crônicas guajaramirenses - Por quê?
Por quê os prédios públicos são tratados pelos homens e mulheres do meu tempo com tamanha indolência? Preguiça, ou será má vontade?Por quê o edifíc
Crônicas Guajaramirenses - As águas negras e as águas barrentas
Sempre me comovo ao observar o encontro das águas, que, no caso rondoniense, são os beijos gelados entre os rios Guaporé e Mamoré e deste com o rio