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Gente de Opinião

Paulo Saldanha

Homenagem póstuma ao Salomão Jorge Badra Filho



SALOMÃO JORGE BADRA FILHO
 

Um homem virtuoso, tão virtuoso que escolheu um anjo como esposa. Com apenas 30 anos comandou a cidade, como prefeito, entre 1956 e 1957, legando um SEM NÚMERO de conquistas materiais. A política corria nas veias do seu idealismo.

Voluntarioso brigou com Governadores, seus chefes, defendendo, com personalidade e firmeza, os seus pontos de vista. Foi assim que o município ganhou o seu ginásio e conquistou o direito de ter a sua Escola Técnica de Comércio.

Humilde, jamais deixou de dividir com o então Capitão do Exército Luiz Carlos Pires de Araújo e sua idealista mulher, com o Harry Covas, Zuila Guimarães Covas, Jader Soares Marinho e outros abnegados a conquista material e espiritual que redundou na implantação do Ginásio de Guajará-Mirim. 

Quando em 1938, o seu pai veio a falecer, não inventou motivos para a omissão e foi trabalhar como vendedor de doce, auxiliou o mestre Lavor numa sapataria de consertos, com o senhor Rezzalla Bouez fora balconista e com o seu mentor Tanous Melhem tornou-se aprendiz na pequena indústria de malas, até que bradando bem forte o grito dos obstinados, assumiu a idéia de ser dono do seu próprio negócio. E em 1943 implantou a casa de comércio onde vendia suas malas, depois foi acrescentando outras mercadorias, até que em 1957 encerrou essas atividades para somar com os irmãos mais novos Obadias e José, criando uma nova empresa.

Em 01.01.1958, com os irmãos, no local onde funciona até hoje, implantou a Comercial Importadora Mamoré Ltda, um comércio que ficou forte, dinâmico e diversificado. Nas suas instalações até uma farmácia sob o comando do Antônio Luís de Macedo, numa primeira hora, depois com o Macedinho, seu filho, uma sortida drogaria ali fez funcionar.  

A Associação Comercial de Guajará, concebida graças a visão do Almerindo Ribeiro dos Santos, ajudou na sua implantação, dando as mãos a outros tantos, que culminou com a construção do prédio e, depois, mercê da sua liderança tão forte, acabou conduzindo-a na condição de seu Presidente.

Hoje conversar com o Salomão é fazer um exercício às boas lembranças, de vez que tem um papo agradabilíssimo e tão cheio de retumbantes saudades. Por exemplo, aquela reunião na residência do senhor José Melhem (um líder) quando se decidiu pela construção do Clube Helênico Libanês; a sua contrita negação para a transferência de um motor de luz para Porto Velho, em face do equipamento de lá ter sido quebrado; em outras palavras, como Prefeito, enfrentou a autoridade do Governador e impediu a saída do motor de luz, à guisa de que o Guajaramirense jamais seria, enquanto ele Prefeito, um cidadão de segunda classe. Ficar sem luz, só se o chefe maior o destituísse! E o grupo gerador ficou! Quando o governador foi se queixar ao Bispo (literalmente falando), Dom Rey lhe deu uma bronca, valorizando a sábia decisão do seu pupilo Salomão Badra.

E o grupo gerador, repito, ficou! E o Prefeito Salomão Badra também! 

É que o Salomão Badra Filho herdou dos Pais, a têmpera dos guerreiros e a teimosia dos abençoados. E, na dimensão oposta, a ternura do seu tio Nicolau Jorge Badra, o primeiro Badra a aportar nesta cidade, ainda em 1913, depois de uma passagem pelos Estados Unidos da América. 

Além das funções citadas o Salomão Badra presidiu o Lions Clube com sabedoria e acerto, entidade que fora introduzida neste País, através dos “Leões” bolivianos, merecendo o destaque para o fato de que esse de Guajará-Mirim, e não Campinas, no Estado de São Paulo, ter sido o primeiro Clube a ser implantado com a marca dos leões, aqui no Brasil, cujo primeiro presidente fora o Elias Salomão Helou. 

Ao Salomão Badra e Valvinda, bem como a sua linda família externamos a nossa admiração e o nosso mais profundo respeito, em face das inúmeras virtudes que neles existem em profusão e que decorrem da excelente formação cristã de que ambos são possuidores, razão da quantidade de amigos que, assim como nós, os ama, com o afeto sincero de quem cultiva, na sua dimensão, o amor fraternal.

Ocorre que, na madrugada de 05 de abril de 2014 o Salomão partiu deixando-nos carentes da sua alegria, do seu contagiante contentamento em nos contar histórias e “causos”, e, agora, despossuídos de seus conselhos, ficamos desolados, porque ele seria como se fosse um irmão mais velho, bem sábio, um espraiador da luz e da energia mais intensa, por isso, não tenho dúvidas: o sol no céu raiou mais forte e Jesus, quebrando o protocolo, desceu do trono celestial para recebê-lo, inaugurando uma nova liturgia para expressar seus sentimentos de boas vindas, lá no Paraíso, único espaço escolhido para servir de morada ao Salomão Jorge Badra Filho, um homem virtuoso, uma figura que será eternamente lembrada por homens e mulheres que o conheceram e o reverenciaram.
 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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