Domingo, 29 de janeiro de 2012 - 13h24
Roberto Carlos é o exemplo de ídolo que se eterniza! Caminhada exemplar, jamais nos decepcionou! Como autor musical e Poeta tem uma sensibilidade que canta a vida e o amor de maneira superior, encantando.
Outros nos deixaram bem antes, agindo de maneira, às vezes, equivocadas, controversas, contraditórias... nem por isso perderam o valor artístico que alcançaram. Ouvi-los, mesmo assim, sempre vale à pena.
Afinal, o ídolo é a aspiração que transferimos para o mito que inconscientemente desejaríamos ser. É a identificação que nutrimos em cima do astro que não pudemos fazer nascer em nós mesmos. É a personificação do vencedor, principalmente nas artes e nos esportes, que deixamos de nos auto eleger. É a projeção num outro do que aspiraríamos para nós mesmos, em vão.
Na política meus ídolos morreram e, mercê de tanto triunfo das iniqüidades, nenhum novo apareceu...
Há ídolos que possuem seus próprios ídolos: Pelé elegeu Zizinho como paradigma.
Podem ser a tradução do que desejaríamos nos tornar como paradigmas. É uma espécie de elo entre o que idealizamos como símbolo e o que só podemos alcançar como atores no mundo.
Em 1959, com treze anos, como estudante do Colégio Dom Bosco, em Porto Velho, tendo como companheiros, entre outros, o João de Deus, João Matny, Marineu, Otomar Mariúba, Lucio Guzman, Pedro Struthos, Leonardo, Aldenir Courinos, Lacerdinha, Pelé, Eduardo Lima, o Dudu, ficaram nas minhas lembranças a inconsciente disputa pelas melhores notas entre nós, e, bem nítida, a música Balada Triste, que às 19 horas, o Cine Lacerda fazia tocar no alto falante, diariamente. Passou a ser uma das suas marcas para mim.
É evidente que Dom João Costa, os Padres Ângelo Spadari, Chiquinho, Silvio Bianchi, Miguel, Evaristo Afonso, Romano sempre transitam por minhas recordações. Mas a Balada Triste, interpretação do saudoso Agostinho dos Santos vai permeando essas nostalgias.
Teria sido o Agostinho dos Santos o primeiro cantor a se revelar como ídolo para mim? Não poderia precisar porquanto, por herança familiar, vejo os rostos de Silvio Caldas, Nelson Gonçalves, Alcides Gerardi, Orlando Silva, Dalva de Oliveira, Nora Ney a retratar muito bem as saudades musicais que me abraçam por conta dessas recordações.
Interessante é que esses artistas só se apresentavam de terno, se homens, e de vestido longo, se mulheres, sinalizando um respeito intransferível ao seu público. Agora, alguns comparecem de camisetas e calça jeans, surradas, denunciando descaso, desinteresse para com aqueles que são os responsáveis pela compra de seus CDs e DVDs.
Há as honrosas exceções!
Todavia, com a chegada da Jovem Guarda, eis que Roberto Carlos pontifica, de maneira eloqüente, no topo original da minha geração de ídolos, ao lado de Chico Buarque, Martinha, Maria Bethania, Antônio Marcos, Wando, que vão desfilando no meu palco imaginário.
Acontece que esses ídolos, assim como nós, pobres viventes, foram envelhecendo. E os vejo com os sinais da idade, cabelos brancos, às vezes tingidos, olhos menos brilhantes, caminhar mais lento, mais sábios e compenetrados.
Se meus ídolos me conhecessem teriam a mesma visão, pois o menino que fui e o adolescente que os elegeu, também envelheceu. Será que envelhecer é reprovar a ausência de letras bem feitas, diferentes daquelas que comoviam a minha geração? – A Banda, Roda Viva, Para Não Dizer Que Não falei De Flores, Carolina,O Meu Amor, Namoradinha de um amigo meu, Eu estou apaixonado por você, como é grande o meu amor por você, Cavalgada, Fogo e Paixão, Moça, Eu Daria A Minha Vida, Aqui, Nossa Canção, Eu Te Amo Mesmo Assim, Como Vai Você, Sonhos de Um Palhaço, Bom Dia, Tristeza, etc, etc.
Na verdade, vamos sem nos dar conta, cada um no seu “hemisfério”, em face daqueles desconhecerem a nossa existência, deixando devagar a juventude, ingressando na maturidade, acompanhando-os de longe ou de perto, nos emocionando com novas ou antigas interpretações.
E é tão boa a observação de que alguns deles continuam simples, valorizando-nos como peças importantes na sua trajetória, ainda humildes, apesar do sucesso alcançado.
Como o tempo voa! Mas vale a luta em favor da renúncia a não acomodação. Que a idade transforme a cadência dos nossos passos, em nome da juventude que se esvai, porém, com a maturidade batendo nas nossas portas, invertamos a máxima de “O Contraste” do Padre Antônio Tomaz que nos induz a crer que “Quando partimos, no vigor dos anos, Da vida pela estrada florescente, As esperanças vão conosco à frente, E vão ficando atrás os desenganos”.
Ângelus Silésius, místico cristão, filósofo, médico, poeta e juristanos alerta para o fato de “que temos dois olhos, cada um deles vendo mundos diferentes: 'Temos dois olhos. Com um, vemos as coisas do tempo, efêmeras, que desaparecem. Com o outro, vemos as coisas da alma, eternas, que permanecem”.
Que a juventude perdida dê espaços para olharmos com os dois olhos, no tempo da maturidade, enxergando que o envelhecimento não cansa, muito menos faz a vida parar, porque “tudo vale à pena, se a alma não é pequena”!
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