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Gente de Opinião

Paulo Saldanha

MELHOR ESCAPAR FEDENDO DO QUE FICAR À MARGEM CHEIROSO


Escapei da nocividade da II Guerra, do seu legado nefando e das atrocidades cometidas.

Escapei do analfabetismo porque tive pais e o Colégio das freiras –Nossa Senhora do Calvário– a me conduzirem rumo à cidadania;

Escapei do fracasso de ter que parar meus estudos no primário porque novos apóstolos criaram o curso secundário aqui em Guajará-Mirim.

Escapei de ser relegado ao infortúnio de ser atingido pelo complexo de inferioridade porque anjos do bem me acolheram na cidade do Rio de Janeiro, onde continuei meus estudos, enquanto corrigia a arcada dentária, durante um dolorido tratamento ortodôntico.

Escapei da fome, ainda no inicio dos anos 50, quando, num governo do Território, o funcionalismo público passou 11 meses sem receber salários; minha mãe foi para a máquina de costura, fazer vestidos e bordados, além de manejar o forno do fogão preparando bolos e doces vendidos na praça.

Escapei do vicio do cigarro, agente de patologias graves, porque, pura sorte, minha família era esclarecida e me alertou para os danos à saúde que o ato de fumar traz no seu bojo.

Escapei na juventude do malefício das drogas em face dos alertas que sempre levei a serio, pois recolhi as informações dando conta das transformações psíquicas que um usuário adquire com o vicio e, na outra vertente, me dediquei aos esportes como busca do prazer pessoal que através deles se alcança;

Escapei do “baseado”, do “cheio”, enfim da ação perversa dos demais apelidos da maconha, haja vista a certeza de que a felicidade nos chega a partir da nossa convicção na permanência incólume de uma trajetória que se fixa na comunhão com a natureza, com Deus e com os paradigmas, que representam exemplos edificantes porque sempre foram íntegros e firmes. Nenhuma viagem derivada de alucinações químicas nos transporta até o Criador ou sequer nos proporciona paz de espírito.

Escapei de passar pela experiência pessoal, o mais difícil e amargo meio de aprendizado, segundo o magistério de Confúcio, pois à euforia proporcionada pelas drogas, mesmo as legais, como a 51, preferência do Lula, se segue a ressaca, o protesto do fígado pelo trabalho extra de eliminação dos tóxicos, que pode tornar-se vítima da mortal cirrose hepática.

Escapei na juventude dos vínculos indesejáveis de grupelhos políticos que se inspiravam em doutrinas ideológicas fundadas nas contradições de seus líderes, na falsidade e na enganação imoral.

Escapei de me mirar em falsos profetas da seara política regional porque busquei parcerias com almas íntegras e sãs que pudessem contribuir para o aprimoramento espiritual e social que me impulsiona.

Escapei de envolvimentos amorosos limitados e/ou distorcidos, carentes de lealdade, porque a reciprocidade dela sempre me foi imperiosa.

Escapei de me tornar incrédulo e desiludido com a caridade, fraternidade e solidariedade porque até por atavismo muito me comove fazer o bem, não importa a quem.

Escapei de me tornar um ser invejoso, egoísta, porque, ao contrário, a felicidade de outrem se materializa como um símbolo positivo nos meus sentimentos em relação ao irmão, ainda mais porque também jamais fui avarento com o exercício das virtudes, nem guloso na prática da luxúria, que violenta os costumes. Prefiro ficar próximo das mensagens do Cristo.

Escapei de me tornar preguiçoso porque bem cedo me foi revelado que o trabalho enobrece, traduz dignidade e afirmação cidadã, consoante nos ensina o Apóstolo Paulo “quem não quiser trabalhar, também não coma”...

Escapei das tentações de ficar vaidoso e orgulhoso, graças à valorização das lições familiares recebidas e cultivadas, que sempre elevaram templos à humildade como mensagem direta do dever de sempre vencer as paixões e exorcizar essas presunções.

Tentei fugir das fraquezas e, escapando fedendo, não fiquei à beira do caminho, nem à margem do cultivo das virtudes, apesar dos cheirosos equívocos com que me deparei...

E qualquer ranço de arrogância possivelmente perceptível no que poderia parecer louvor em boca própria, que é vitupério, segundo a Bíblia, deve ser interpretado tão somente como profundo agradecimento a meu Criador, que me deu condições de superar e escapar, do mal que vem embutido em propostas sedutoras que todo ser humano encontra ao longo da jornada terrena.

Na tentação, fraterno leitor, busque a Deus e achará conforto, consolo e vigor na luta contra o MAL, que todo agente do bem deve combater por todos os meios possíveis, inclusive com a arma do VOTO, para que ele não triunfe. Portanto, exercite seu voto e ouça esta lição de 2.400 anos do filósofo grego Platão:

“O preço que as pessoas de bem terão que pagar por sua indiferença para com a coisa pública é o de ser governado por gente a serviço do Mal.

Mas, ao nos livrar dos maus, Senhor, nos livre também dos incompetentes...

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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