Quarta-feira, 6 de agosto de 2014 - 09h47
E eu me lembro muito bem! Ah! se me lembro! Entre o primeiro e o seis de agosto a fronteira se engalanava!
Na véspera da festa da independência da Bolívia, no dia cinco de agosto, nós, meninos ainda em busca de emoções, vestíamos o uniforme de gala de nossas escolas, o sapato era o TANK e uma boina adornava as nossas cabeças.
Uma velada disputa impulsionava a competição entre os alunos do Colégio Nossa Senhora do Calvário e do então Grupo Escolar Simon Bolívar.
Um barco do Serviço de Navegação do Guaporé nos levava, após desviar das duas ilhas, no rio Mamoré, e nos desembarcava nos barrancos das terras bolivianas.
Íamos em fila indiana até o local da solenidade, lugar onde as autoridades dos dois países já estavam instaladas.
Segundo o cerimonial previsto, quando chegava a hora de desfilarmos, com o peito estufado, todos garbosamente envolvidos pela excelsa honra de representar não apenas Guajará-Mirim, mas o nosso país, nas terras irmãs do Oriente boliviano, nós engolíamos o grito que gostaríamos de explodir com a força do nosso orgulho e da nossa vibração em face da vaidade de representarmos as nossas tradições cívicas na nação castelhana.
O sol inclemente nos fazia suar, mas nem ligávamos para a poeira que amarelava a nossa indumentária. Depois, voltávamos felizes como quem retorna de uma batalha.
Na parte vespertina sucediam-se os jogos de futebol, normalmente com as seleções das cidades fronteiriças e de Porto Velho.
À noite um festival a céu aberto, em plena Calle Frederico Roman, em La Banda, a partir da primeira praça da igreja, premiava os amantes do jogo carteado, (totalmente franqueado, aberto, liberado) e da rica culinária, com oferta das comidas típicas, da Paceña “estupidamente” gelada, de pães, doces, dos sucos, da famosa chicha e do mocotinte.
Os crupiês constantemente reembaralhavam as cartas, e as distribuiam e, depois as reorganizavam para as novas partidas. Noutras mesas, as roletas favoreciam as apostas e o Bacará corria solto.
Brasileiros insolentes gritavam bem alto. Os anfitriões, mais contidos, riam dos nossos nacionais irreverentes.
30 dias depois, já no dia 5 de setembro recebíamos a comitiva boliviana que devolvia a visita por nós cumprida no seu seis de agosto com o fraterno gesto de reciprocidade e vinha para ajudar-nos na celebração de nossa data magna.
O ponto culminante, ainda durante a manhã, era o desfile militar, cujos acordes e batida da banda permeava a fantasia juvenil.
Normalmente após os desfiles um ato cultural sempre se promovia nas escadarias do Grupo Escolar Simon Bolívar, com declamações de poemas, canto orfeônico e ligeiros autos teatrais.
Depois, a exemplo do que se acalentava como exaltação ao esporte, o Estádio João Saldanha recebia um torneio de futebol disputado entre as seleções de Riberalta, Guayaramerin e desta cidade.
À noite, as quadras de esporte recebiam os jogos voleibol, basquete e futebol de salão; mais tarde, naquele tempo, a Prefeitura realizava o baile municipal, encerrando a semana da Pátria.
Crônicas Guajaramirenses - O poder do m da palma da mão
O M que lembra a palavra Mãe é o mesmo M que, conforme o Cantador nos ensina: é onde na palma de nossa mão principia o nome Maria.M que se une a ou
Crônicas Guajaramirenses - Olha pro céu, minha gente!
Azul, o nosso céu é sempre azul... Diz uma estrofe do Hino de Rondônia. Será?Bem antes do nosso “Sob Os Céus de Rondônia”, tentaram nos ensinar que:
Crônicas guajaramirenses - Por quê?
Por quê os prédios públicos são tratados pelos homens e mulheres do meu tempo com tamanha indolência? Preguiça, ou será má vontade?Por quê o edifíc
Crônicas Guajaramirenses - As águas negras e as águas barrentas
Sempre me comovo ao observar o encontro das águas, que, no caso rondoniense, são os beijos gelados entre os rios Guaporé e Mamoré e deste com o rio