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Gente de Opinião

Paulo Saldanha

O BURRO INVADIDO E A ÉGUA E A ESTUDANTE SURPREENDIDAS


  

As cenas a seguir poderiam ter acontecido aqui em Guajará-Mirim. Será que ocorreram aqui, mais ou menos entre 1950 e 1953?

Bem, os nomes são fictícios. Não correrei riscos mediante a oportunidade de ser enquadrado no Código de Processo Civil...

Convém dizer que o Pernambuco, aquele de outra história (a do cachorro que morrera envenenado) tinha um burro que pastava indolentemente na lateral da avenida cheia de capim, ali próximo dos benjamins da Praça Mário Correa, a da igrejinha.

Ocorre também –será oportuno mencionar– que Rafael Pires era um rapaz que os antigos chamavam de “guapo”; alto, branco, charmoso e que tinha um cavalo castanho —por sinal, este o nome do corcel— grande e forte como o seu dono. Ele desfilava elegantemente em cima daquele representante de uma refinada linhagem cavalar. Ia e vinha garboso, displicentemente, parecendo nem notar os olhares das mocinhas que, de longe, o admiravam e cobiçavam.

Numa manhã, lá por volta das 10 horas de um dia ensolarado, eis que as narinas do Castanho captaram o cheiro de uma égua no cio que passara numa distância não superior a 10 metros, mas que não foi por ele avistada, perdendo-se dos olhos aguçados da montaria do Rafael Pires. O cavaleiro que montava a égua a fazia trotar alucinadamente, cuja trajetória deixou o animal macho em ponto de bala, ante o cheiro que o cativara.

Para o Castanho a égua emanava um estimulante perfume que virava essência inebriante, um bálsamo assaz motivador. E aquela ação sentida por ele, o animal, se o inebriou num átimo, também o desestabilizou logo em seguida.

Castanho procurou a responsável pelo odor e viu, cabeça abaixada, o muar do pequeno empresário Pernambuco. Ee não contou até três. Rumou em direção ao plácido parente do jumento e, ante a ternura sexual que o invadira, apoderou-se tão sorrateiro das partes traseiras do burrico que nem teve tempo para reagir, sendo possuído com violência e sem preliminar alguma. Foi, repito, invadido, currado, estuprado sem dó nem piedade, ficando, depois no chão a melequeira jorrada como sobra do ato libidinoso, injurioso e difamador, presenciado pelo dono do rala-rala e por outros circunstantes do pedaço.

Consta que o bicho do Pernambuco nunca mais foi o mesmo! Passou a ser motivo de chacota, ficara desmoralizado e mal falado na cidade. E mais: magoou-se em demasia, pois noutra vez quando viu o Castanho do Rafael Pires, aquele um nem se dignou a olhá-lo e nem pediu desculpas pela violência cometida, tampouco agradeceu pelos favores requisitados tão rudemente.

Violência por violência, eu soube que uma mocinha da considerada alta sociedade perolense, desfilava num Sete de Setembro montando uma égua recém debutada no mundo animal, após ser amansada e ficando bem dócil a partir da domesticação pela qual passara. Nesse dia a Avenida Dr. Mendonça Lima, onde os desfiles aconteciam naquele tempo, estava lotada; e aquela jovenzinha linda e cheia de graça sorria e agradecia com a cabeça os aplausos que acolhia!

De repente, um cavalo inteiro, reprodutor esbelto e malhado que se achava ao lado ou quase atrás do cortejo, não contou desgraça e partiu para cima da égua debutante e que entrara no cio momentos antes; e subiu na fêmea sedento de amor, permanecendo com os olhos vidrados, fungando o pescoço da beldade e da égua surpreendida com aquela situação. A garota pressionada na nuca pelo peso da cabeça do reprodutor, entrou em pânico e chorava amedrontada.

Até que, instintos satisfeitos, o animal agressor acalmou-se e deixou a menina e a égua em paz. Mas a gozação dos populares foi elevada e especularam naquele e noutros dias em cima da cena grotesca que uma maioria pôde observar, primeiramente bastante preocupada, depois rindo às escâncaras pelo acontecido.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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