Domingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Paulo Saldanha

O Disco Voador do Pedro Serrath


O Pedro Serrath é o pai do Abdul Serrath, Eloina, Miúdo, Bernadete etc meus primos, através de Bernardina Paes de Azevedo, filha do meu tio Emilio, irmão da avó Bernarda, mãe de minha mãe Mita.

Não tem confusão, não! Meu lado materno é guaporense, lá de Pedras Negras, no médio rio Guaporé.

De lá, quando eu tinha meus 7 anos, veio a mirabolante história sobre o aparecimento de um objeto não identificado que havia pousado na Baía dos Patos, ante o assustado olhar do Pedro Serrath e do seu acompanhante Chico de Assis.

Conheci e convivi com o Pedro Serrath; com o Chico de Assis não recordo. O Serrath era um homem sério, bem humorado. Fazia pequenas mágicas e, às vezes, se transformava em emérito gozador.

Rezador forte, conseguia afastar de um terreno as víboras que eventualmente fizessem ali o seu habitat.

Numa das vezes em que veio a esta cidade, almoçando com a minha família, acabou pregando em nós, os filhos do casal, pequena peça, dizendo que se nós apostássemos com ele dinheiro ou algum produto, iria tocar no céu, e olhou para cima. Apostamos 2 sabonetes e um tubo de pasta Kolynos. Ele, Cr$ 2,00 (dois cruzeiros, moeda da época), colocados na mesa.

Levou-nos para o quintal, exigindo um banco bem alto, com o que concordamos. Subiu e, como estivesse celebrando um ritual, benzeu-se, fechou os olhos e olhou para a amplidão do azul, quase sem nuvens. Nós, meninos ingênuos e crédulos, com 7, 6 e 4 anos, já fazíamos os cálculos e planosaonde gastar os Cr$ 2,00.

Aí o Serrath nos aplicou uma cilada: foi erguendo mansamente a mão, depois um dedo pontificou no espaço e ele, semblante do vitorioso, sorriso largo, pegou no céu da própria boca. Ganhou a aposta! Nós, derrotados, sorrimos amareladamente! Caímos como patos!

Depois soubemos que ele devolvera o produto apostado, saboreando o chiste.

Mas voltemos ao OVNI regional!

Assim, numa manhã aberta, céu limpo, o dia era o 28 de novembro. O ano respondia como o de 1953. A região já antecipei: Pedras Negras.

Aqueles dois saíram cedo para caçar patos. Estavam em silêncio nas margens da baía. O Pedro Serrath escondia-se em cima de uma árvore. Atentos aos “anseriformes”, olharam displicentemente para cima e, sem querer, viram primeiramente sobrevoar, e depois a uma distância próxima de 30 metros, candidamente aquatizado na baía, o tal Disco Voador, segundo puderam interpretar depois – não lembro se para o David Nasser ou Ubiratan Lemos (jornalistas), e um fotógrafo que seria o Indalécio Wanderley, de “O Cruzeiro”, revista editada pelo Assis Chateaubriand.

Até “O Imparcial”, o maior jornal de Guajará-Mirim (só tinha ele...) reproduziu os depoimentos das duas figuras guaporenses.

Interessante é que o Pedro Serrath jamais tinha lido uma linha sequer sobre o tal UFO, mas o descreveu como dois pratos emborcados, sobrepostos, porém unidos nas extremidades, envidraçados, mas que, no que considerava a parte posterior, sobressaía-se uma espécie de leme (imitação do rabo do boto) lançando ao mesmo tempo para cima um pequeno jato d’água.

Aquela máquina não fazia barulho algum e externamente seria pintado de azul escuro.

Os dois personagens, entre assustados e extasiados, identificaram 2 mulheres e 4 homens; contudo, semelhantes aos terráqueos, seriam louros.

O Serrath, anos depois, me reproduziu a história do mesmo jeito que antes contara para os repórteres de “O Cruzeiro” e de forma idêntica à que expusera para meus pais, num almoço em nossa casa.

E detalhou que, mesmo tenso e amedrontado, numa pequena canoa aproximou-se da máquina, chegando a menos de 4 metros dela, quando observou ter sido descoberto. Num átimo o equipamento alçou vôo sem que qualquer som, barulho, vibração ou equivalente tenha sido ouvido.

O equipamento levantou vôo verticalmente; repito: ruído algum foi percebido e fumaça alguma saiu de qualquer lado da nave, ou acima ou embaixo dela.

Como se pode ver, o Pedro Serrath e o Chico Assis, que passaram depois vários dias inquietos, ansiosos e angustiados, inseriram Pedras Negras e o rio Guaporé nas narrativas universais que tratam sobre a presença dos UFOs ou OVNIs nestas paragens do poente.

 

 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

Gente de OpiniãoDomingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Crônicas Guajaramirenses - O poder do m da palma da mão

Crônicas Guajaramirenses - O poder do m da palma da mão

O M que lembra a palavra Mãe é o mesmo M que, conforme o Cantador nos ensina: é onde na palma de nossa mão principia o nome Maria.M que se une a ou

Crônicas Guajaramirenses - Olha pro céu, minha gente!

Crônicas Guajaramirenses - Olha pro céu, minha gente!

Azul, o nosso céu é sempre azul... Diz uma estrofe do Hino de Rondônia. Será?Bem antes do nosso “Sob Os Céus de Rondônia”, tentaram nos ensinar que:

Crônicas guajaramirenses - Por quê?

Crônicas guajaramirenses - Por quê?

Por quê os prédios públicos são tratados pelos homens e mulheres do meu tempo com tamanha indolência? Preguiça, ou será má vontade?Por quê o edifíc

Crônicas Guajaramirenses - As águas negras e as águas barrentas

Crônicas Guajaramirenses - As águas negras e as águas barrentas

Sempre me comovo ao observar o encontro das águas, que, no caso rondoniense, são os beijos gelados entre os rios Guaporé e Mamoré e deste com o rio

Gente de Opinião Domingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)