Sexta-feira, 29 de julho de 2016 - 20h25
O nobre Francisco Ferrer teve o complemento do seu nome devido a uma homenagem, na qual a comadre Adelaide Frutuoso desejou indicar a sua admiração ao astro Mel Ferrer, galã de cinema, um dos maiores nos anos 50, falecido na Califórnia aos noventa de idade. Adelaide valeu-se do nascimento de Chiquinho para elevar o nome do artista americano por quem era apaixonada, mas escondia esse sentimento com medo do maridão Sabino Frutuoso, homem ciumento e perverso.
Se esse nome fosse de um de seus filhos, aí sim, daria na vista. Mas em uma reverência assim, prestada noutra família, nenhuma suspeita seria levantada. Candidamente, a mãe do menino aceitou a proposta, ampliando o nome com o “Ferrer”; quase um dogma, em face do amor nutrido no silêncio da alcova de Adelaide.
Mel Ferrer era bonitão e despertava a cobiça das circunstantes do pedaço. E Adelaide sonhava com o artista de sua predileção... A sós com o Sabino, era com o Melchior Gastón Ferrer que ela se envolvia no momento de uma intimidade maior.
Para quem é mais novo, é preciso esclarecer que Mel Ferrer era americano. Foi ator, diretor e produtor de cinema, tendo estreado como artista na Broadway. Foi casado inúmeras vezes, inclusive com a linda, charmosa e delicada Audrey Hepburn, com quem contracenou no filme “Guerra e Paz”. Além disso, produziu e dirigiu os filmes “A Flor Que Não Morreu” e “Um Clarão nas Trevas”.
E quando Francisco Ferrer nasceu, Adelaide se apegou tanto com o menino que a mãe dele ficou ligeiramente enciumada. E até desejou parar de lavar roupa para a comadre.
Um dia, os pais de Fran Ferrer, desejando mudar de vida, foram para a região do rio Cautário, onde o menino passou a crescer; mais graúdo, ajudava o seu genitor nas lides seringueiras, e assim pouco aprendeu na escola.
Já com 16 anos, quando retornou à cidade, falava um português bem ruim, deformado, mutilado que dava dó!
Porém, era voluntarioso, ativo e esperto - tanto que trabalhou roçando, brocando, capinando para se auto-sustentar. Contudo, já tinha recebido o vício da bebida. O que ganhava durante a semana gastava tudo no sábado, muitas vezes ficando - inclusive ele próprio - empenhado no bar, por não ter mais dinheiro para saldar as dívidas com aquela dependência.
Um dia, porque era inteligente, aprendeu os ofícios de carpinteiro, de pedreiro e de eletricista, e improvisou-se nesse métier. Mas o palavreado do qual que se valia era de difícil compreensão...
–Me passa aí esse “corrupitor”, amaldiçoado! - esse termo tão carinhoso era a representação maior do afeto que devotava ao sobrinho, um adolescente, seu ajudante nas horas vagas e incertas.
–Tio, o nome desse material é interruptor. Fale o certo e será melhor compreendido!
–Falei tão certo que você “truxe” a peça certa. E não me “acorreja”, seu “fio” duma égua! - o auxiliar era tratado com extrema gentileza.
O Ferrer regional era assim: uma montanha de tratamento caridoso, a generosidade em pessoa, a santidade em primeiro lugar...
Um dia ele chegou esbaforido e reverberou para a chefia:
–Dona Maria, Dona Maria! Sizenando teve o tal do pênis estuporado!
–O quê?
E repetiu, ainda resfolegando:
-Sizenando teve o pênis estuporado. E tá quase passando desta para “mió”.
–Creio que ele está é com o “apêndice supurado”, não é? A tal da apendicite... O problema não é na barriga?
– É sim!
–Ah, entendi - e Maria até benzeu-se, por conta da agressão vernacular.
Como se sabe, o apêndice é apenas um resquício da evolução do corpo humano e acaba não tendo função orgânica nenhuma, mas pode trazer sérios problemas se nele houver uma inflamação. Segundo a medicina, uma vez retirado o apêndice, nenhuma falta ele fará no corpo humano. Essa retirada é feita por meio de cirurgia e esta é necessária quando há a inflamação do apêndice, a chamada apendicite. Não pensem que é cultura geral do pobre escriba: ele apenas recorreu ao “doutor” dicionário...
Mas o pênis é outra coisa e jamais estará estuporado... ou será que pode ficar?
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