Sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013 - 10h41
Assim como nos orgulhamos do sentimento nativista que nos une ao Brasil, nosso berço esplêndido, nem sempre respeitado por uns e outros, assim nos infla o peito –até o fazemos com reverência profunda– quando nos referimos aos pais, responsáveis pela nossa vinda ao mundo e pelos primeiros ensinamentos recolhidos.
Fala-me profundamente, por exemplo, o carinho como a minha confreira Yedda Pinheiro Borzacov se dirige ao pai Ari Tupinambá Pinheiro, nome respeitabilíssimo em todo o Estado; há inúmeras indicações do seu lado humano: numa hora pode sobressair-se a generosidade de um atendimento médico que jamais deixou de ser caloroso, fraterno e profissional; noutro instante, o talento para a escrita e para as análises políticas, bem assim, é citado por sua enorme simpatia e por suas reflexões sempre profundas objeto dos papos tão ricos, que testemunhavam a cultura geral que ele possuía, traduzindo-se em real aprendizado para o felizardo que pudesse merecer a dádiva de manter uma descontraída conversação com o doutor Ary Pinheiro; zoólogo, elevava hinos à ciência que estuda os animais, erguendo um culto à História Natural; ora, como antropólogo e sociólogo, propugnava para melhor tratamento aos índios, primeiros proprietários desta imensidão brasileira.
Comovem-me as inúmeras demonstrações de admiração que a acadêmica Sandra Castiel, filha da saudosa educadora Marise Castiel quando se refere à veneranda Mãe, esculpida na historiografia regional, como a grande dama do ensino, das realizações e das transformações sociais, a partir dos anos 40, aqui na terrinha. “Pioneira na luta feminina em prol da educação e de melhores condições de vida e trabalho”, reconhece um prestigiado sobrinho, membro da sociedade portovelhense, o médico Samuel Castiel. Passaram por Dona Marise, entre dezenas e dezenas de ações, a criação do Carmela Dutra, fundação de escolas e a valorização do Carnaval. Foi vereadora combativa e, por seus atos, uma moderna revolucionária. O historiador Francisco Matias, reconhecendo-lhe o valor, assim se referiu sobre a Professora destemida, adiante do seu tempo: “Poucas mulheres de sua época tiveram participação tão efetiva na condução dos destinos de Rondônia quanto dona Marise Magalhães Costa Castiel, que morreu no dia 7 de fevereiro de 1999, aos 82 anos de idade, sem nunca sentir-se derrotada”. Ontem, 14 anos sem ela!
Chama-me a atenção a quase idolatria que todos os filhos do pioneiríssimo Wilson Fernandes nutrem em relação ao pai e líder de uma família, cujos descendentes sabem se mirar nos edificantes exemplos advindos da excelente formação moral e profissional do homem que ajudou a implantar duas cidades: Guajará-Mirim e Nova Mamoré, além de outras missões recebidas por ele, na alvorada da sua juventude, ou quase no outono da sua vitoriosa ação político-administrativa, sem que tenha o menor registro que o possa desmerecer no campo moral e social.
Cala-me profundamente a maneira edificante como os herdeiros do profissional Romualdo Frazão de Almeida, exemplar funcionário da então Empresa de Navegação do Guaporé, se referem ao genitor que lhes legou dignidade, excelente educação e um DNA honrado que ilumina a trajetória de seus filhos, netos e bisnetos.
Atraem a minha atenção, inclusive comovendo-me, as excelentes lembranças que os descendentes dos Mendes do Guaporé acalentam sobre os pais João Laudelino Mendes da Cunha e Dona Galdina Alves Mendes, duas perenes recordações em cima da firmeza e da doçura com que encaminhavam a educação dos seus filhos, superando as dificuldades, a crueza de uma geografia quase que inóspita, mas que, nem por isso, deixaram aqueles dois chefes da família de favorecer a prole com fartura de lições dignificantes de vida.
Provoca-me alegria observar que todos os filhos do Julião Gomes como Eva Jovita sentem verdadeira paixão daqueles dois, geradores de suas existências aqui no planeta, porque foram tão pródigos nos ensinamentos que os conduziram a cultuar as virtudes da gratidão, tolerância, da devoção ao trabalho e do respeito às demais criaturas.
Quase que silencio, ante a comoção que me invade ao ouvir um descendente do Alkindar Brasil de Arouca referir-se ao grande poeta guajaramirense, com o reconhecimento das virtudes de pai atento e focado no progresso e desenvolvimento dos filhos, pelos estudos, que ele não descuidava, porque sabia valorizar a inteligência dos seus pequenos entes nascidos a partir do amor que sentia por Dona Arthemis Struthos Arouca.
Não me contenho na divulgação do ardor que acompanho nas vozes dos netos e bisnetos do Berto Fernandes Leite, renovando a intensidade do orgulho que sentiam e sentem do parente tão ilustre, até agora não celebrado como exemplo de brasileiro, que não temendo a morte, viajou para a Itália, como soldado, o pracinha indômito, com o objetivo de defender a democracia que acreditava; valeu-se da sua coragem como meio de eliminar a intransigência estúpida dos lunáticos Hitler e Mussolini, na conflagração da Segunda Guerra Mundial.
Enfim, orgulho, quase veneração, que, a exemplo de outros tantos filhos neste espaço não citados, eu também sinto dos meus pais que, um dia, viajaram no rumo da eternidade...
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