Domingo, 11 de outubro de 2009 - 07h46
Ele se orgulhava da origem pernambucana, mas amou esta terra como se fora a dele! Antes de aportar por aqui, andou trabalhando no Peru, onde apreendeu o Castelhano, de tal forma que, ao voltar ao Brasil, quase esqueceu o idioma pátrio e misturava as palavras, daí o carinhoso apelido que deram a Pedro Inácio de Morais, o nosso Pedro Misturado.
Negro forte, altivo, trabalhador e honesto estava ali! Seus nove filhos (sete homens e duas mulheres) devem sentir um orgulho muito grande de seus Pais. Com Dona Emilia Ferreira de Morais construiu a família que passou a idolatrar. Lembro-me da casa deles, numa esquina, ali próximo ao “Campo de Aviação”, (em frente do hoje IDARON), onde viviam sem luxo, mas com a harmonia que ninava a prosperidade que a abraçava. Era um clã feliz, por isso tão abençoado.
Como Pai à moda antiga, exercia severa vigilância sobre os filhos, obrigando-os a chegar cedo à noite e a cumprir o horário das refeições.
Com o fruto do trabalho, o Pedro Misturado, mantinha a prole sempre bem alimentada e vestida. Foi seringueiro, depois carroceiro (a primeira carroça era puxada pelo burro Moreno), depois, um carro de boi lhe foi permitindo transportar maior quantidade de mercadorias, desde o Aeroporto, desde a Estação do trem e do porto do SNG.
Chamava à atenção a força descomunal que o “seu” Pedro Misturado conseguia erguer e acomodar, ou na carroça ou num determinado espaço. Eu soube que, quando era moço, chegou, sozinho, diversas vezes, a carregar e colocar na carroça quatro barris com 200 litros de gasolina, cada um. O seu aperto de mão deixava os dedos de quem o recebia devidamente doloridos!
Praticamente o Pedro Misturado chegou quando a cidade engatinhava os primeiros passos. Aqui chegou a entrevistar-se com o então Coronel Rondon e acabou tornando-se amigo sincero do Coronel Saldanha, do Aluízio Ferreira, Abdon Melhem, Capitão Alípio, Rocha Leal, Nicolau Flores, Manoel Boucinhas de Menezes, Almerindo Ribeiro dos Santos, entre outros.
Sua formação retilínea era decantada, mercê do exemplo que transferia para os filhos nesse campo.
Sua mulher, Dona Emilia, foi devotada funcionária do hoje “Instituto Estadual de Educação Paulo Saldanha”, desde quando era Ginásio. Ali se aposentou recolhendo as homenagens que o tempo de Casa lhe foram distribuídas, com tanta justiça e merecimento.
Um detalhe curioso na sua personalidade do Pedro Morais era o fato de gostar de dançar. Dizia-se que era um Pé-de-Valsa! E procurava, ao seu estilo muito próprio, prorrogar os horários das festas onde elas estivessem acontecendo.
Um dia, em função do elevado conceito que mantinha com o Afonso Rodrigues, proprietário do Cine Guarany, tornou-se Porteiro daquele cinema. Ali começaram os seus problemas. É que alguns meninos daquela época, desejando ludibriar a boa fé do nosso Porteiro, visando a distraí-lo, batiam na porta oposta àquela onde o ingresso era permitido, obrigando-o a correr naquela direção, o que favorecia as escapadas sorrateiras da meninada carente do dinheiro com o qual poderia pagar o acesso ao cinema.
Com a barulheira na outra porta, o Pedro Misturado corria para lá, desguarnecendo a porta principal, cuja ausência era utilizada pelos “sabidinhos” de então, para adentrarem sem pagar, na sala de exibição.
Muitos deles escalavam o muro da vizinhança, depois de subirem num barril intencionalmente colocado na sua proximidade. Naquele tempo alguns menos avisados já desejavam “levar vantagem”...
O Nestor e o Nélio, grande jogadores de futebol do passado, assim como os outros filhos e filhas, têm motivos de sobra para sentir tantas saudades! O “seu” Pedro foi exemplar Pai e deixou referências de vida tão marcantes, pois, ao ser transferido para o “andar de cima”, no dia 28 de junho de 1977, só recordações positivas legou como mensagens a serem seguidas em função do que demonstrou ser a sua trajetória, enfim, a sua passagem nesta vida.
Paulo Cordeiro Saldanha
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